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Fonte: Convergência Digital
[11/07/14]
700 Mhz: Governo e Anatel fazem afagos à radiodifusão - por Luís Osvaldo
Grossmann
O Ministério das Comunicações e a Anatel deram passos importantes para a
realização do leilão da faixa de 700 MHz – a ser vendida às operadoras móveis
para oferta de 4G. E aproveitaram para fazer afagos às emissoras de televisão,
que festejaram duas decisões da quinta-feira, 10/7: os critérios de desligamento
e o aceno de que não haverá mordida sobre outro naco do espectro em uso pelas
TVs.
“Mais importante que o próprio cronograma de desligamento da televisão
analógica, foi definir um percentual de 93% dos domicílios com sinal digital. Ou
seja, se não se atingir isso, não há desligamento. Pedimos um pouco mais, mas a
experiência internacional vai na linha entre 90% e 95%”, diz o presidente da
Abert, Daniel Slaviero.
Uma portaria com esse critério, além do cronograma mais detalhado para o
desligamento das transmissões analógicas de televisão aberta, foi publicada pelo
Ministério das Comunicações. Um “piloto” será feito na goiana Rio Verde, em fins
do próximo ano e a partir de 2016, em Brasília, tem início a migração efetiva
para o novo sistema de transmissão.
Mas a Abert também comemorou outro posicionamento, desta vez da Anatel, ao
aprovar o regulamento de mitigação de interferências entre 4G e TV Digital, na
mesma quinta, 10/7. O regulamento em si não traz novidades no que vinha sendo
discutido – as TVs ainda temem problemas, particularmente nas casas que se valem
de antenas internas. Mas houve uma indicação relevante.
“Foi muito importante o posicionamento de que os canais 14 a 51 continuarão com
a radiodifusão. Mantém-se o ‘rodapé’ do Citel, mas agora temos uma decisão do
Conselho Diretor da Anatel”, diz Slaviero. “É importante porque foi dito que
pode ser estudado, mas essa faixa remanescente fica com a radiodifusão”,
insistiu o presidente da Abert.
O mencionado ‘rodapé’ é, na prática, uma espécie de ‘exceção’ brasileira no
documento que identifica a faixa de 700 MHz como utilizável pelo IMT – que é
como a União Internacional das Telecomunicações trata as tecnologias móveis. Ao
apresentar seu relatório sobre a mitigação de interferências, o conselheiro
Marcelo Bechara fez menção direta ao “restante” da faixa, ou seja, entre 470 a
698 MHz.
“Pra se compreender a tendência a médio e longo prazos, deve-se observar o que
vem acontecendo nos fóruns internacionais, como a UIT e a Citel, e como o Brasil
tem se comportado nesses fóruns. Esse comportamento pode sinalizar a visão
brasileira para o futuro, como a posição nacional sobre a utilização da faixa de
470 a 698 MHz, basicamente atribuída à radiodifusão terrestre.”
“Tanto na UIT como na Citel, a posição brasileira foi contrária à atribuição de
tal faixa a serviços de telecomunicações. Os argumentos utilizados nessas
contribuições reforçam o entendimento de que o espectro de 470-698 MHz será
utilizado nos próximos anos pela radiodifusão que, como a telefonia móvel,
também passa por um período de novas aplicações, como multiprogramação e
transmissões com ultradefinição.”