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Fonte: Convergência Digital
[29/04/15]
TV Digital: Escolha do conversor do Bolsa Família é adiada - por Luís
Osvaldo Grossmann
Depois de deixar claro que vai apostar em um conversor que garanta melhores
recursos de interatividade, o governo resolveu adiar uma decisão sobre qual será
o modelo de caixinha a ser distribuído a 14 milhões de beneficiários do Bolsa
Família. A próxima data é 15/5 e, até lá, a ideia é negociar com teles e
emissoras de televisão comerciais a adesão dessas a uma decisão por consenso.
Essa costura começou de véspera – tanto que nesta quarta-feira, 29/4, o tema dos
conversores sequer chegou a ser efetivamente discutido no grupo de implementação
da digitalização. O coordenador do Gired, Rodrigo Zerbone, da Anatel, já propôs
logo o adiamento. No cerne da discussão, o custo desse componente da migração
para a TV Digital e o desligamento dos sinais analógicos – com a consequente
liberação de espectro para o 4G.
“É uma decisão que envolve muitas questões técnicas importantes, de impacto
maior sobre o custo da EAD, do processo inteiro, e que a gente precisa de fato
aprofundar mais a análise dos dados que a gente trouxe para tentar chegar a uma
proposta de consenso”, justificou Zerbone. “Mesmo que a decisão seja pelo ‘Ginga
C’ e canal de retorno embutido, ela exige outras definições com impactos
técnicos e financeiros”, disse.
Tudo indica que o governo vai negociar exatamente nessas “outras definições”. É
que nos diferentes modelos analisados há maior ou menor capacidade de memória,
de qualidade nos recursos de acessibilidade e o tipo de conectividade à Internet
para suportar o canal de retorno, para citar algumas das distinçoes cotadas.
Além disso, há outras considerações no caminho. Parte da resistência das teles
móveis ao canal de retorno é um certo temor de que a distribuição das caixinhas
com, por exemplo, modems 3G, leve na sequência à cobrança de cobertura em áreas
remotas, onde vive parte dos mais pobres. Também há questões tributárias, visto
que as cotações não contemplam os impostos.
Em tese o grupo tem cinco modelos de conversores em debate, com suas respectivas
cotações. Trata-se de um equipamento que permite que mesmo televisores
analógicos consigam reproduzir os sinais digitais da TV aberta. No modelo mais
simples, há 10 fornecedores cotados. No mais elaborado, foram 7 indicações de
preço.
A capacidade de cada uma é bem distinta – e os valores também. Há uma razoável
preocupação com o sigilo dos preços para “não influenciar na hora da compra”,
como sustentou Rodrigo Zerbone. Mas as estimativas indicam que o melhor modelo
de conversor entre os analisados circunda os US$ 70. O mais básico custaria a
metade disso.
Aqui, porém, há um aparente sinal de que o modelo mais básico proposto foi
alinhado para criar esse contraste mais evidente de preços. Afinal, essa
configuração (proposta das teles) sequer possui canal de retorno e prevê aquilo
que o Sistema Brasileiro de TV Digital apelidou de modelo “B” – algo que pode
ser traduzido como uma interatividade restrita.
As emissoras comerciais propuseram algo um pouquinho melhor, com a principal
distinção de que haveria canal de retorno através de uma porta Ethernet – ou
seja, na dependência de que essa parcela de brasileiros mais pobres conte com
acesso fixo à Internet em suas residências. Não por menos, a diferença de preço
entre a proposta das teles e das TVs comerciais é mínima.
As outras três propostas cotadas são das tevês públicas. Elas preveem
interatividade compatível com aquilo que a EBC, que realizou alguns testes em
comunidades carentes, chamou de Projeto 4D. Embora por vezes se indique que ela
seria o ‘Ginga C’, na prática o middleware de interatividade é basicamente o
mesmo. O que muda são componentes que ampliam ou reduzem os recursos.
No caso das três propostas do campo público, as diferenças entre elas envolvem a
colocação de modem 3G embutido, memória que varia de 256 MB a 16 GB, bluetooth e
maior ou menor qualidade nos recursos de acessibilidade – quer dizer, qual a
qualidade da imagem da janela de Libras, por exemplo, sendo a mais baixa com
Mpeg 1, a maior com Mpeg 4.
Um dos argumentos para o adiamento foi o pouco tempo disponível para análise das
cotações Até a semana passada, os preços mostrados pela EAD – a empresa criada
pelas teles para operacionalizar a migração digital – tinham como base apenas a
primeira fase da transição, apenas cerca de 7 mil conversores a serem
distribuídos na cidade goiana de Rio Verde, a primeira do cronograma.
Os preços com base no universo de 14 milhões de conversores só teriam sido
apresentados na última segunda-feira, 27/4. E aqui há uma curiosidade. O modelo
mais simples – que justamente pelo caráter mais espartano teria menos variação,
foi o que apresentou a maior redução de preços entre a compra de 7 mil e 14
milhões de caixinhas. O modelo mais caro – com mais ‘gordura’ para ser queimada,
variou muito pouco