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Fonte: Convergência Digital
[11/08/16]
TV Digital: Conversor único para pobres terá Ginga, mas com saída analógica
- por Luis Osvaldo Grossmann
Terminou mais um ciclo de discussões sobre a configuração do conversor digital
distribuído aos brasileiros mais pobres, como parte do esforço do desligamento
dos sinais analógicos de televisão. Sob pressão das operadoras móveis – e com
apoio das emissoras de TV comerciais – governo e Anatel cederam mais uma vez e a
‘caixinha’ será alvo de novo enxugamento. Em contrapartida, manteve-se a
promessa de interatividade.
Na prática, ficou-se no meio-termo entre o que queriam as teles, ou seja, apenas
um seletor de canais, ou ‘zapper’, e o que está atualmente previsto nas normas
da transição digital, um conversor mais robusto que é em grande medida superior
aos próprios aparelhos de televisão hoje no comércio. Agência e MCTIC, com
suporte de outras áreas do governo, sustentaram o Ginga. Em troca, não haverá
saída HDMI. Ou seja, o conversor recebe sinais digitais, mas a saída (para a TV)
será analógica.
Em termos gerais, haverá uma certa redução na memória RAM (de 512 para 256 MB),
porém evitou-se um corte na memória Flash, mantida em um mínimo de 2 GB (embora
a prática de mercado já seja de entregar pelo menos 4 GB). Pesou aí o apoio dos
ministérios da Cultura e do Desenvolvimento Social, ambos já com aplicações
interativas. Resumidamente, permite armazenar dois filmes do sistema de VOD já
oferecido pelo MinC.
Outra mudança aprovada na reunião desta quinta, 11/8, do Gired – o grupo que
reúne governo, Anatel, teles e tevês – foi tornar facultativo o uso do Ginga J.
Significa que as ‘caixinhas’ terão apenas o Ginga NCL, o que em si já era até
possível e só não foi adiante por uma certa resistência da indústria (e mais
ainda das emissoras) de manter uma espécie de ‘selo de conformidade’ da Sun/Oracle.
Em termos financeiros, significa retirar o ‘custo de certificação’ (leia-se,
royalties) do preço final dos conversores.
Nas contas da EAD (ou Seja Digital), o braço operacional da digitalização, as
mudanças terão impacto mensurável. Sem Ginga J, com menos memória RAM e sem
saída HDMI, o valor não chegará aos US$ 10 do zapper pretendido pelas
operadoras, mas haverá uma redução no custo unitário dos conversores de
aproximadamente US$ 20 para US$ 15,80. O movimento, sustenta a EAD, é para
compensar a alta do dólar.
A distribuição de conversores aos mais pobres foi uma política inserida no
leilão da faixa de 700 MHz, que descontou do preço da radiofrequência os R$ 3,2
bilhões destinados a esses equipamentos – e também à troca de transmissores
pelas emissoras de TV, no processo de desocupação da faixa.
A meta inicial era distribuir conversores aos 14 milhões de inscritos no Bolsa
Família. Mas com a mudança no cronograma e a redução no número de cidades com
desligamento analógico, o número caiu para 5 milhões. Foi quando decidiu-se
distribuir as ‘caixinhas’ aos demais integrantes do Cadastro Único. No total,
serão cerca de 12 milhões de equipamentos. Mesmo com a redução, as teles
reclamaram dos custos.
Como solução temporária, em Brasília o Bolsa Família está recebendo os
conversores completos, enquanto o Cadastro Único ganha zappers. Como a proposta
das teles era igualar todos por baixo, a decisão desta quinta não deixa de ser
uma vitória da interatividade. Ou, como resume o professor Guido Lemos, da UFPB,
um dos criadores do Ginga: “Diante do potencial retrocesso, dá até para ficar
satisfeito. Chegou-se a uma solução de compromisso que mantém a interatividade.”