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Leia na Fonte: Teletime
[11/08/16]  Gired mantém interatividade básica no set-top do bolsa família - por Lúcia Berbert

O Gired (grupo de implementação da interatividade), em reunião realizada nesta quinta-feira, 11, decidiu que os set-tops de TV digital a serem distribuídos aos beneficiários do Bolsa Família e do Cadastro Único dos programas sociais do governo federal será mais simples. Teles e radiodifusores defendiam que a caixa não tivesse o Ginga embarcado e adotasse uma configuração mais simples, mas o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações não ficou confortável com as alternativas jurídicas e defendeu uma proposta intermediária, com uma versão mais simples da caixa mas mantendo algum nível de interatividade e o Ginga embarcado. Teles e TVs aceitaram a nova configuração, mas sob protestos.

O problema é que a interatividade está estabelecida no edital de venda das faixas de 700 MHz, e uma mudança poderia trazer riscos jurídicos à Anatel e às teles, no entendimento do MCTIC.

Com isso, o novo set-top exigido pelo Gired deve ter interatividade, obrigando a inclusão do Ginga na configuração. A proposta que acabou aprovada foi de retirar alguns requisitos existentes hoje na caixa distribuída aos beneficiários do Bolsa Família, como porta de HDMI e de Ethernet, e incluir apenas a versão mais básica do middleware da interatividade, o Ginga NCL. Com isso, o custo do conversor cai de US$ 20 FOB para US$ 15,8 FOB, ou seja, redução muito menor do que os 50% esperados pelas teles. A nova formatação será tema de portaria a ser publicada pelo MCTIC.

Os radiodifusores e as teles entendem a posição do MCTIC, mas consideram o preço do set-top ainda muito alto, o que deve consumir grande parte dos R$ 3,6 bilhões dos recursos destinados para a digitalização. Os dois setores registraram protesto no Gired, defendendo a distribuição do conversor zapper para todos.

O diretor-executivo da Entidade Administradora da Digitalização (EAD), Antonio Carlos Martelleto, pondera que a interatividade tem se mostrado uma ferramenta pouco útil para os integrantes do CadÚnico, conforme mostrou pesquisa feita com esse público no município goiano de Rio Verde, primeira cidade que teve o sinal analógico desligado no Brasil. Ele acredita que, sem o Ginga, a distribuição da caixinha poderia ser ampliada.

Martelleto disse que essa questão da interatividade poderá ser reaberta no futuro. A ideia é fazer uma pesquisa em Brasília, após a digitalização, para confirmar o uso ou não dessa facilidade. Se os resultados forem semelhantes aos de Rio Verde – com menos de 1% de uso pelas famílias que receberam o conversor – o debate sobre a obrigatoriedade da interatividade deverá ser retomado.

A nova configuração da caixinha única prevê 2GB de memória flash e 256 MB de memória RAM. Não terá porta de HDMI e Ethernet, mas trará duas portas de USB. E virá com a incorporação do Ginga NCL, sem acesso aos aplicativos que usam a linguagem Java. O novo conversor será distribuído a partir de São Paulo, que tem o desligamento do sinal analógico previsto para 29 de março de 2017.

Pesquisa

Já a polêmica sobre a pesquisa para aferir o grau de digitalização de Brasília continua. Os radiodifusores reclamam de que o Ibope considerou todas as TVs de tela fina como aptas a receber a transmissão digital das emissoras abertas. Eles alegam que 32% dos televisores de tela fina vendidos no Brasil não dispõem do conversor embutido.

Considerando os aparelhos de tela fina como digitalizados, a pesquisa obteve o percentual de 74% dos lares de Brasília aptos a receberem a transmissão digital. Os radiodifusores dizem que a pesquisa foi inflada em 4 pontos percentuais por televisores que, teoricamente, não têm conversor embutido.

Martelleto, por sua vez, disse que a pesquisa mostra que apenas 7% das TVs de tela fina não têm conversor embutido. O Ibope chegou a fazer uma proposta intermediária, de retirar 2 pontos percentuais, considerando que cerca de 30% das telas finas pesquisadas não estão digitalizadas.

Os radiodifusores se comprometeram a discutir a proposta na próxima semana, durante a reunião do grupo de trabalho de comunicações (GT-COM), antes da decisão final que será aprovada no Gired. Pela norma de switch-off, o desligamento do sinal analógico só é possível quando 93% dos municípios estão digitalizados.