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Fonte: Teletime
[30/08/16]
Para Globo, digitalização complica depois de 2018 - por André Mermelstein
A Globo vem fazendo grandes esforços na digitalização de sua rede, e também na
difusão do sistema digital, seja através de campanhas no ar ou de ações como as
Patrulhas Digitais, grupos de jovens treinados para visitar as residências e
explicar o funcionamento do sistema de TV digital (leia
aqui).
A rede digital da emissora cobre hoje 140 milhões de habitantes, com 547
estações operando, sendo 107 geradoras e 440 repetidoras. A cobertura equivale a
68% da população e 23% dos municipios.
Ainda assim, haverá um grande desafio a partir de 2018, conta Raymundo Barros,
diretor de tecnologia da Globo (foto), que falou nesta terça, 30, durante o
congresso da SET.
Isso porque a cobertura concentra-se nas cidades mais populosas, que serão as
primeiras a terem o sinal analógico desligado. A partir de 2018 começa o
desligamento, até 2023, das cidades menores, onde não há cobertura.
Para os desligamentos previstos para 2016, conta Barros, a Globo tem 100% de
cobertura. Das cidades a serem desligadas em 2017, falta cobrir 3%. Das cidades
a serem desligadas em 2018 falta cobrir 12%. Já para as cidades pós-2018, a
proporção a ser digitalizada é de 74% dos municípios. "Teremos que cobrir 77
milhões de habitantes em 4244 municípios. Destes, cobrimos hoje 20 milhões de
habitantes em 410 municípios. Serão necessárias quase 3 mil repetidoras para
cobrir os 57 milhões de habitantes que faltam", relata Barros. Ele afirma que é
possível atingir a meta, desde que seja feita a consignação das frequências.
Ele abordou a demora no processo de regularização das RTVs. "Em Recife e Belo
Horizonte temos hoje 11 processos de RTV parados no ministério ou na Anatel, não
andam. Em quatro deles está tudo pronto, instalado, falta só o ato de RF. O
ministro Kassab tem demonstrado interesse em acelerar, mas precisa de ações,
falta tempo", conta.
Este noticiário perguntou a Kassab, também presente ao evento, se este processos
seriam passados à administração da Anatel. O ministro disse que por enquanto
eles ficam no ministério, e que será feito um esforço de gestão para
processá-los.
Medidas
Barros também sugeriu um modelo colaborativo entre broadcasters de forma a
reduzir os gastos e acelerar a implantação. "Devemos não apenas compartilhar
torres e infraestrutura, mas até mesmo transmissores", disse.
Embora tenha afirmado várias vezes estar alinhado com as decisões tomadas no
âmbito do Gired, o diretor alfinetou algumas definições que estão sendo usadas
pelo grupo. "O foco deveria ser na digitalização, não no desligamento, devemos
pensar no consumidor. O Gired privilegia a limpeza da faixa, e não a recepção
por parte do usuário. Não podemos correr o risco de usar modelos criativos de
tabulação, como considerar convertido o domicílio apenas se tiver TV de tela
fina. Estas TVs passaram a ter conversor obrigatório apenas a partir de 2012, há
no mercado 10 milhões de TVs finas sem tuner", disse. "Tem que ver se o usuário
está assistindo a TV digital, às vezes ele tem a TV, o set-top, mas não tem
antena. As pesquisas têm que aferir a sintonia", completou.
A radiodifusão está colaborando com o processo, disse Barros. Flexibilizou
muitas métricas, aceitou a contagem dos domicílios com TV a cabo, e estão
satisfeitos com o kit atual distribuído aos inscritos no cadastro Único.
Interferência
Barros prevê um problema futuro em relação às interferências entre a rede
celular e a TV digital, para além da atuação que a EAD (Entidade Administradora
da Digitalização) possa fazer no presente. "Elas não acontecerão com o inicio do
LTE em 700 MHz", diz. "No começo serão implantadas poucas células. Só quando as
ERBs estiverem massivamente ocupadas as interferências aparecerão, e então não
haverá mais EAD. Teremos que enfrentar o problema sozinhos e com a Anatel",
disse.
Finalmente, Barros lembra que no Japão, para concluir o switch-off, agentes
visitaram 20 milhões de domicílios fisicamente, orientando a população. Já no
México, conta, "desligaram de forma atabalhoada e a TV aberta perdeu 15% de
audiência. Não podemos repetir isso aqui de jeito nenhum", concluiu.