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Fonte: Teletime
[14/07/16]
Proposta de caixinha sem o Ginga vira impasse no Gired - por Lúcia Berbert
O Gired (grupo de implementação da TV digital terrestre) adiou para o final
deste mês ou para o início de agosto a decisão sobre a nova configuração do
decodificador da TV digital que será distribuído para os beneficiários do Bolsa
Família. A proposta das teles é de que a nova caixinha traga uma interatividade
limitada, sem o sistema Ginga. A proposta tem o apoio da radiodifusão comercial
e o repúdio dos representantes das emissoras públicas e, principalmente, fica
fora das especificações impostas pela portaria do antigo Ministério das
Comunicações.
O presidente do Gired, Rodrigo Zerbone, afirma que a posição das teles não é a
do grupo, e que vai continuar trabalhando para que se chegue a um mínimo de
consenso. Porém, adianta que, se não houver solução para o impasse, a decisão
partirá dele. O grupo se reuniu nesta quarta-feira, 13. Zerbone disse que a
decisão sobre a caixinha é urgente para garantir a distribuição do equipamento
ainda para Brasília, que tem o desligamento do sinal analógico marcado para
outubro deste ano.
Além do Ginga C, a proposta apresentada pela Entidade Administradora da
Digitalização (EAD) prevê a retirada da porta de rede Ethernet e da porta HDMI,
a adição de driver integrado para o módulo (dongle) Wi-Fi e um cabo para áudio e
vídeo. Mediante solicitação, de acordo com a proposta, seria entregue um cabo de
RF para o beneficiário.
Para os representantes da radiodifusão comercial, a caixinha atual do Bolsa
Família está excessivamente cara por conta da interatividade, que sequer é
usada. Eles argumentam que pesquisas realizadas por entidades diferentes indicam
que as pessoas não estão usando esse recurso. E citam que pesquisa do Ibope
feita em Rio Verde (GO) aponta que menos de 1% das famílias que receberam o
conversor experimentaram a tecnologia. "O Ginga C já foi ultrapassado por novas
tecnologias", ressalta uma fonte do setor.
Outro argumento dos radiodifusores é de que o preço da caixinha estaria próximo
a R$ 300 e, dessa forma, consumiria todos os recursos da digitalização. Para
eles, é melhor um conversor mais barato – o proposto pela EAD ficaria em R$ 150
–, que garantiria a distribuição para um número maior de famílias, permitindo o
avanço da digitalização.
Porém, o maior entrave para que a proposta das teles prospere é a Portaria
481/2014, do antigo Ministério das Comunicações, que estabelece os requisitos
mínimos da caixinha. O documento fala de interatividade, mas não cita o Ginga.
No entanto, obriga a incorporação da norma da ABNT que inclui o middleware
brasileiro. Ou seja, para mudar radicalmente o conversor, seria necessário
alterar a portaria e outros documentos que a citam.
Pesquisa
Outro ponto sem consenso na reunião do Gired desta quarta-feira foi a
metodologia utilizada pelo Ibope na pesquisa para medir o grau de digitalização
em Brasília. Os radiodifusores acusam as teles de considerar todos os aparelhos
de TV de tela fina como já aptos para receber a transmissão digital. Porém, de
acordo com os representantes da radiodifusão, 32% dos televisores de tela fina
vendidos no Brasil não dispõem do conversor embutido.
A EAD nega que esteja considerando a totalidade desses aparelhos como digitais,
mas os números apresentados não convenceram os radiodifusores. Esse impasse –
que representa até 3 pontos percentuais para baixo ou para cima – também será
novamente debatido na próxima reunião do Gired.