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Leia na Fonte: Teletime
[28/10/10]
Anatel inicia processo para cobrar outorga da Unicel; cassação é última etapa
- por Samuel Possebom
Ao que tudo indica, os dias da Unicel (Aeiou) como operadora de celular estão
chegando ao fim. A Anatel já formalizou a cobrança do que a empresa deve. É o
primeiro passo de um longo processo que, no limite, poderá levar à cassação da
autorização da empresa e retomada das frequências. Originalmente, a empresa
teria que pagar pouco mais de R$ 9 milhões pela primaira parte (10%) do valor
devido pela licença, mas pagou apenas R$ 900 mil. Com as correções, a dívida com
o Tesouro é próxima de R$ 20 milhões. Agora, a Unicel tem os prazos
administrativos de recurso e poderá contestar os valores. Caso o pagamento não
seja efetuado, a agência inscreve a empresa do cadastro de inadimplentes (Cadin)
e depois na dívida ativa, podendo, a partir daí, cassar a outorga. Ao longo dos
anos, há vários casos em que a Anatel foi compreensiva e negociou com empresas
antes de chegar ao drástico passo de cassar outorgas. Não se sabe como será o
comportamento nesse caso.
Internamente, fontes da agência lamentam apenas que não tenha como concluir o
processo a tempo de, se fosse o caso, incluir as faixas da Unicel no edital do
leilão da banda H e das sobras de espectro, marcado para dezembro. A Unicel tem
apenas 20 mil assinantes na cidade de São Paulo e está, aparentemente, sem
condições de manter sua operação, já que enfrenta processos com fornecedores por
inadimplência e tem uma grande dívida acumulada.
Segundo relatos internos, a saída da ex-ministra Erenice Guerra da Casa Civil
deixou os técnicos da agência mais tranquilos para iniciarem os procedimentos
que poderão levar à cassação da outorga da Unicel. Antes, havia um evidente
constrangimento pelo fato de um dos diretores da Unicel ser marido de Erenice
Guerra, segundo relatos ouvidos por este noticiário. Nesta quinta, 27, a Folha
de S. Paulo relata episódio em que os advogados da Unicel pressionaram a agência
em 2007 por meio de correspondência à Casa Civil.
Aliás, a saída da ex-ministra Erenice Guerra não mudou a forma de atuar da
Anatel apenas no caso da Unicel. Segundo relatos de mercado, as negociações do
Plano Geral de Metas de Universalização que valerá entre 2011 e 2015 (PGMU III)
também se tornaram "diferentes", segundo esses relatos. A política de
endurecimento das metas, conforme teriam revelado os técnicos da Anatel aos
interlocutores das empresas, era uma demanda política da Casa Civil. A Anatel
ainda está sendo dura com as concessionárias, mas mostra-se mais flexível em
alguns aspectos.
Samuel Possebom