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Leia na Fonte: Veja / Blog de Reinaldo Azevedo
[28/10/10]
Erenice usou carta a Dilma para pressionar Anatel a dar concessão - Reinaldo
Azevedo
A VEJA havia noticiado em setembro que Erenice Guerra havia interferido na
Anatel para facilitar um negócio para a empresa Unicel, de que seu marido era
consultor. Leiam o que informam Elvira Lobato e Mario Cesar Carvalho, na Folha:
Erenice Guerra usou uma carta enviada à então titular da Casa Civil, Dilma
Rousseff, para pressionar a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em
2007 em favor da Unicel Telecomunicações. O marido de Erenice, José Roberto
Campos, era consultor da empresa. Em janeiro de 2007, o presidente da Unicel,
José Roberto Melo e Silva -padrinho de casamento de Erenice e Campos- mandou uma
carta para Dilma com graves acusações à Anatel.
Erenice, que era secretária-executiva da Casa Civil, mandou cópia da carta ao
então presidente da Anatel, Plínio Aguiar Júnior, e cobrou explicação urgente. O
empresário acusava a comissão de licitação e a procuradoria da Anatel de
mentirem à Justiça Federal, de vazarem informações para empresas de fora da
licitação e de coagirem o advogado da Unicel, Gabriel Laender -que depois foi
nomeado assessor na Casa Civil.
A empresa tentava obter concessão para oferecer telefonia celular na Grande São
Paulo, numa licitação iniciada pela Anatel, em 2005. Foi a única a apresentar
proposta, mas depositou garantia aquém da exigida no edital -R$ 930 mil em vez
dos R$ 9,3 milhões, graças a uma liminar obtida na Justiça. A pressão da Casa
Civil na Anatel, agora comprovada por documentos obtidos pela Folha, foi
relatada em setembro pela revista “Veja”.
Começou uma disputa judicial que levou a Anatel a cancelar a licitação. Quando a
acusação do empresário chegou à Casa Civil, no dia 17 de janeiro de 2007, a
licitação havia sido retomada. A empresa ganhara, em segunda instância, o
direito de completar a garantia exigida. A carta foi escrita um dia depois de a
comissão de licitação adiar a abertura da proposta de preço, para averiguar
pontos da garantia oferecida pela Unicel. A Intec, empresa que estava fora da
licitação, alegara que a garantia estava vencida. O presidente da Unicel diz
desconfiar que a Anatel iria beneficiar outra empresa, caso a disputa fosse
anulada.
Na carta a Dilma Rousseff, o presidente da Unicel diz que o Brasil estava “a
ponto de perder US$ 1 bilhão em investimentos”, por culpa da Anatel, e que a
agência tinha uma burocracia “capturada e descomprometida com os interesses do
país”. O empresário acusou a Anatel de abuso de poder e de ter “propósitos
escusos”. A carta deixa claro que ele discutiu a questão previamente com a
assessoria da Casa Civil antes de enviar as denúncias à ex-ministra.
“REPULSA”
A ingerência da Casa Civil criou um clima de revolta na Anatel. “É com total
repulsa que esta CEL [Comissão Especial de Licitação] analisa o texto narrado na
correspondência da Unicel”, diz o relatório remetido à Casa Civil, também obtido
pela Folha. A comissão de licitação era formada por três gerentes e um advogado
da União. Ela alegou, em sua defesa, que a Lei Geral de Telecomunicações exige
depósito de garantia de 10% nas licitações da Anatel, e que a Unicel teria
mentido à Justiça ao dizer que a agência teria de cumprir a Lei das Licitações,
que estabelece garantia de 1%. Aqui
Por Reinaldo Azevedo