WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Unicel: Crônica de um escândalo anunciado --> Índice de artigos e notícias --> 2012
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: Tele.Síntese
[12/11/12]
A delicada situação da Unicel
Tele.Síntese Análise 364
A agência reguladora Anatel não pode deixar de tomar decisões sobre o que
entende ser melhor para o mercado. Mas o caso Unicel é complicado desde o seu
início, e tem envolvimentos políticos de alta combustão, o que acaba fermentando
a desconfiança. Se não bastasse enfrentar pedidos de falência de seus
fornecedores e responder a inúmeros processos trabalhistas, a Unicel é também
inadimplente com Anatel, a única que tem poderes para decretar a caducidade de
sua licença e retomar as frequências.
O mercado não entende porque uma empresa iria comprar uma massa falida como
essa, sem garantia de que vai poder ficar com a frequência, o único bem que
poderia valer alguma coisa.
Em 2005, a Anatel lançou licitação para a faixa de 1,8 GHz ao preço de R$ 93,3
milhões e a Unicel arrematou o espectro destinado à cidade de São Paulo, depois
de muita disputa judicial. Somente em 2007 a agência concedeu a licença à
operadora. E hoje a empresa deve duas parcelas do valor principal da licença,
sem contar os juros e multas.
Não satisfeita, a Unicel ainda disputou, em 2007, o leilão da faixa de 900 MHz e
levou um pedaço de frequência. Neste caso, a empresa sequer pagou a primeira
parcela. Fonte do mercado assinala que a operadora já está no Cadastro de
Inadimplentes (Cadin) da União, e tem um processo da própria AGU de cassação de
licença (neste caso, o problema é outro, referente a uma faixa do trunking). E,
no entanto, a Anatel não age para retomar essas frequências.
Técnicos da agência retrucam, lembrando que foi a própria Anatel quem levou a
Unicel para o cadastro da dívida ativa, mas que a inadimplência não é, perante a
lei, razão para o pedido de caducidade, ou cassação da empresa. Foi aberto
recentemente um Pado (em maio deste ano) para apurar as razões do desligamento
das Erbs, este sim com potencial de gerar a cassação (ou caducidade no termo da
Anatel), mas a agência precisa cumprir todo o ritual de defesa. Outra data
importante, explica este técnico, será dezembro, quando a Unicel terá de pagar a
taxa de fiscalização de instalação (TFI) de seus usuários. Se não pagar, pode
também gerar um processo de caducidade.
A Nextel, que disse não poder falar porque está prestes a divulgar os resultados
operacionais do terceiro trimestre, explicou ontem, em evento em São Paulo, que
estava adquirindo a Unicel para ter mais frequência. Pelas contas do mercado, no
entanto, se a banda em poder da Unicel fosse revendida hoje pela Anatel, não ia
valer mais do que R$ 40 milhões. “No edital de 2007 da faixa de 1,8 GHz a Anatel
vendeu 5+5 MHz por R$ 19 milhões, e o dobro de banda em poder da Unicel não
valeria mais do que o dobro desse valor”, assinala executivo.
Além disso, há mesmo o problema da devolução da frequência. Se a Anatel mantiver
os princípios passados, alerta fonte, a Nextel, ao comprar a Unicel, só poderia
ficar com a faixa de 900 MHz, pois a agência teria que mandar devolver a outra
banda. Assim foi, por exemplo, quando a Oi, dona da faixa de 1,8 GHz, comprou a
Amazônia Celular e teve de devolver toda a faixa de 850 MHz que pertencia à
empresa. “A agência terá que fazer um esforço muito grande para justificar essa
operação”, conclui a fonte.