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Leia na Fonte: ClippingMP - Origem: Valor Econômico
[13/11/12] Por
que uma tele inativa interessa à Nextel - por Ivone Santana
Uma pequena operadora de telefonia celular, endividada, inativa e considerada
falida pelo mercado está na mira da Nextel como uma opção estratégica de
aquisição para ganhar competitividade nos serviços de terceira geração. Envolta
em um cenário político sob acusações de favoritismo que envolvem a ex-chefe da
Casa Civil, Erenice Guerra, a Unicel, antiga aeiou, foi desativada sem nunca ter
decolado. Agora, aguarda a aprovação de anuência prévia da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) para ser vendida para a Nextel.
O que está em jogo não são os ativos da tele, com licença para atuar na área
metropolitana de São Paulo. Com apenas 13 mil clientes, a empresa endividou-se
com a Anatel para comprar a banda E (15 MHz + 15 MHz na faixa de 1,8 GHz) em
2007, e, mais tarde, uma faixa de extensão de 2,5 MHz + 2,5 MHz na faixa dos 900
MHz, por cerca de R$ 15 milhões. A companhia também contraiu dívidas com a
Huawei, fornecedora da infraestrutura de rede. O valor total da dívida não é
conhecido.
A importância da Unicel está justamente nas faixas adquiridas. As operadoras de
serviços móveis disputaram em leilão neste ano as faixas de 2,5 GHz para oferta
de 4G e ainda tiveram de levar como obrigação as de 450 MHz, mais indicadas para
áreas remotas. No caso da Unicel, não existe essa imposição. A Nextel não
adquiriu licença de 2,5 GHz no leilão. "A Nextel não pagou uma fortuna por 2,5
GHz, como as demais teles, e consegue o espectro comprando a aeiou", disse
Arthur Barrionuevo, economista e especialista em telecomunicação pela EAESP/FGV.
O negócio vem sendo analisado pela Nextel há mais de um ano, disse ao Valor o
vice-presidente da empresa, Alfredo Ferrari. Foi a primeira vez que o executivo
falou sobre o assunto. Nesse período, afirmou, foram feitas auditorias,
avaliações jurídicas e negociações com credores.
Ferrari não entrou em detalhes sobre como seriam usados os espectros, caso a
compra seja aprovada. "Cada empresa tem sua estratégia, umas querem ir para 4G,
outras querem ficar em 3G. Mesmo se adquirir a Unicel, a Nextel ficará com menos
faixas de frequência que as demais operadoras, disse o executivo.
Em 2010, a Nextel comprou a banda M, de serviços móveis, para atuar no Rio de
Janeiro e nas regiões Norte e Nordeste. "É natural também buscar a faixa de 1,8
MHz na região metropolitana de São Paulo, disse Ferrari. O executivo não
informou o valor da proposta feita pela Unicel, que corre sob sigilo da Anatel.
A Unicel chegou a anunciar investimento inicial de R$ 250 milhões para colocar
230 sites em operação, em 2008. A meta era atingir 500 mil clientes em um ano,
mas o número não passou de 20 mil.
A Anatel não vai se manifestar oficialmente. Fontes do órgão, contudo,
informaram ao Valor que no prazo de até 60 dias a agência deverá julgar a
caducidade das licenças da Unicel. Caso haja parecer favorável à perda da
licença, ficaria "inócuo" o pedido de anuência para compra pela Nextel. Os dois
processos são analisados de forma autônoma. Quanto à anuência, a Anatel tem
dúvidas jurídicas sobre a transferência de controle, já que as duas empresas
detêm licenças em São Paulo.
Para o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, o processo de devolução
de licenças é longo e o prazo não estaria vencido para a Unicel.
Ferrari não quis comentar as denúncias sobre a Unicel.
Colaborou Rafael Bitencourt, de Brasília)