FERNANDO NETO BOTELHO
TELECOMUNICAÇÕES - QUESTÕES JURÍDICAS
Setembro 2004 Índice (Home)
14/09/04
• Monopólio natural x Monopólio natural (EUA)
----- Original Message -----
From: Fernando Botelho
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br ; Celld-group@yahoogrupos.com.br ; abdimg@yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, September 14, 2004 9:09 AM
Subject: [wireless.br] Monopólio natural x Monopólio natural (EUA)
Prezados,
A notícia abaixo é de hoje, do "Valor".
Reparem o que está ocorrendo neste momento nos EUA: VoIP + SMC (Serviços Móveis
Celulares) = ( - ) STFC.
Noutras palavras, não é mais só o crescimento vertiginoso dos serviços móveis de
voz (mais de 170 milhões de usuários) que ameaça o serviço fixo de voz, mas a
própria convergência tecnológica, que está fazendo com que prestadoras de
Internet/via cabo agreguem, às suas redes, também tráfego de voz (VoIP).
Com essa somatória de competições, a redução de linhas de telefonia fixa já
começa a implicar em redução dos índices de rentabilidade/ações - no mercado de
balcão norte-americano - das principais prestadoras de telefonia fixa.
A ameaça vem do mercado e da inovação, e não da regulação (que, neste momento,
queima pestana para identificar o melhor caminho a seguir).
Será o surgimento de um novo monopólio natural, que derrota o anterior, através
de competição tecnológica ?
Não é o unbundling - que está inclusive reduzido, pela própria atuação
regulatória/EUA, que o criou em passado não muito distante - mas a inovação
tecnológica, como sempre, que passa a mudar o cenário da competição
telecomunicativa.
É uma lição a mais da história (da evolução das tecnologias e dos mercados
telecomunicativos, nos EUA), que parece se repetir....é cíclica, no sentido de
substituição, permanente, de players e de mercados, via inovação.
Não sei se concordam, mas, dentre outros aspectos importantes, parece esse mais
um sinal significativo de que mercados não se definem apenas pela ação
intervencionista/regulatória estatal, mas, fundamentalmente, pela somatória de
vertentes naturais-setoriais que estão neles próprios presentes e são partes
naturais de sua formação e modo de atuação, em relação às quais a regulação
pública melhor faz reagindo, e, não, induzindo.
Abs.,
Fernando Botelho
Voz sobre IP
Em quatro anos, companhias fixas perderam 18% dos clientes, ou 28 milhões de
linhas
Telefonia pela internet ameaça operadoras nos EUA
Tatiana Bautzer De Washington
http://www.valor.com.br/veconomico/?show=index&mat=2583019&news=1
As redes de TV a cabo nos Estados Unidos estão ameaçando o negócio das
telefônicas tradicionais. Nos últimos quatro anos, o número de linhas fixas
diminuiu, pela primeira vez desde a Grande Depressão dos anos 30. A substituição
de linhas fixas por celulares e a oferta de serviços baratos de telefonia por
empresas a cabo (por circuito ou tecnologia voz sobre protocolo internet, ou voz
sobre IP) estão fazendo muitos clientes residenciais simplesmente desconectarem
suas linhas tradicionais para economizar nas contas.
Desde 2000, as empresas fixas americanas perderam 18% do total de linhas, uma
redução de mais de 28 milhões de telefones fixos. A consultoria Yankee Group
acredita que os 112,4 milhões de linhas fixas nos EUA em 2003 sejam reduzidos
para menos de 100 milhões em 2008 (a estimativa é de 99,9 milhões).
O uso de telefonia pelo sistema de cabo ainda é pequeno: 2,8 milhões de
assinantes. Mas a consultoria prevê que esse número mais que quadruplique até
2008, para 11,5 milhões de residências americanas. Os serviços de telefonia
oferecidos pelas empresas a cabo começaram com a oferta de internet em banda
larga e agora incluem também serviços de voz. Empresas como a Cox Communications
e Comcast já reportam bases de clientes de voz maiores que 1 milhão de
assinantes. O custo é muito menor do que em ligações telefônicas tradicionais e
o consumidor paga numa só conta TV, telefone e internet.
Alguns números das empresas de cabo mostram o potencial de crescimento do
mercado. Segundo dados apresentados pela Merrill Lynch, a Comcast, maior
companhia de cabo dos EUA, tem 8,4 milhões de assinantes, dos quais 5,2 milhões
também usam internet provida pela empresa - até o fim do ano, serão 6,7 milhões.
O serviço de voz ainda não é oferecido a toda a base, mas a empresa já tem 1,26
milhão de assinantes. A Cox Communications, que vende TV a cabo para 6,4 milhões
de residências, já tem 1,1 milhão de clientes de voz sobre IP e pode ser
considerada a décima primeira maior companhia telefônica do país.
Foto: Marisa Cauduro/Valor
Greg Caressi, vice-presidente da Frost & Sullivan: "A marca da AT&T continua
tendo valor no mercado de atacado"
A telefonia celular também continua crescendo e, segundo dados do Sindicato
Internacional de Telecomunicações, já representa 43% do total de linhas em
operação nos EUA. A Federal Communications Commission (FCC), órgão regulador de
telecomunicações nos EUA, divulgou semana passada que o número de celulares em
operação no país cresceu 13% no ano passado, chegando a 160,6 milhões de linhas
(54% da população), e possivelmente passará de 170 milhões de linhas neste ano.
As mudanças no ambiente de negócios e o impacto da maior concorrência fizeram a
agência de risco Standard & Poor´s colocar em observação para possível
rebaixamento as notas de três das maiores empresas de telefonia fixa dos EUA:
Verizon, BellSouth e SBC Communications.
A situação é bem pior para as empresas especializadas em longa distância, como
AT&T e MCI. A AT&T perdeu o grau de investimento no último rebaixamento e a MCI
está aos poucos emergindo da concordata. As empresas de longa distância perderam
muitos clientes no mercado residencial com a recente permissão para que as
companhias locais ofereçam serviços de longa distância, adicionada à
concorrência com os serviços baratos das empresas de TV a cabo.
"É a primeira vez que as empresas de telefonia fixa estão realmente enfrentando
competição", afirma o analista do mercado residencial do Yankee Group, Patrick
Mahoney. O analista aponta uma iniciativa das empresas de telefonia fixa para
enfrentar a concorrência da telefonia oferecida por meio de TV a cabo:
associações com empresas de satélite que oferecem programação de TV, internet de
alta velocidade e telefonia. Uma das primeira associações anunciadas foi a da
BellSouth com a DirecTV.
Muitas empresas de telefonia fixa enfrentavam até agora a concorrência da
internet via cabo com o sistema de alta velocidade DSL, mas agora precisaram
associar-se às empresas de satélite para oferecer também vídeo no pacote a seus
clientes. "Está começando a batalha da convergência, e ganhará clientes quem
conseguir oferecer um pacote completo de serviços", diz a analista Kate Griffin,
também do Yankee Group. Algumas discussões estão ocorrendo entre empresas de
satélite e de telefonia fixa, e novas associações devem sair até o ano que vem.
A agência de risco Standard & Poor´s está revisando a classificação de três
empresas de telefonia fixa por causa do "aumento do risco do negócio", segundo o
diretor Richard Siderman. "Há várias ameaças de lados diferentes, a telefonia
celular não muda tanto o quadro porque muitas empresas de telefonia fixa também
tem companhias celulares. No longo prazo, a maior ameaça vem das empresas de
cabo, que por enquanto não oferecem os serviços em todas as áreas", diz.
Embora um rebaixamento seja possível, as empresas devem continuar sendo
classificadas como consideradas "seguras", que podem atrair dinheiro de
investidores mais conservadores como fundos de pensão. As empresas de telefonia
fixas foram recentemente protegidas por uma decisão regulatória que derrubou a
obrigatoriedade de colocar suas redes locais à disposição de competidores de
serviços de longa distância, como AT&T e MCI, a preços determinados.
"Para uma empresa de cabo, oferecer serviços de telefonia não requer grandes
investimentos adicionais e é uma fonte a mais de receita", diz Siderman. Além de
tentar associar-se a empresas de satélite, as companhias de telefonia fixa estão
fazendo programas drásticos de corte de custos, reduzindo o pessoal e aumentando
a produtividade com serviços automatizados. Investir em serviços de telefonia
fora do país para aumentar a receita não é uma alternativa em avaliação. "Na
verdade, a maior parte das empresas que tinha investimentos no exterior, como a
Bell South, preferiu vender a participação", diz Mahoney, do Yankee Group.
Os altos investimentos das empresas de telecomunicações em fibras óticas
resultaram em algumas falências no fim da década de 90, mas criaram uma
infra-estrutura que pode ser usada a custo baixo. O investimento excessivo
ocorreu em linhas de grande capacidade entre centros urbanos e até continentes
para transmissão de dados, que continuam com capacidade ociosa em relação à
demanda.
"O investimento necessário agora é o da ´última milha´ de fibra ótica, para
chegar diretamente à residência do cliente. A competição pode demorar ainda um
pouco para ser intensa por causa dessa necessidade de mais capital", afirma o
executivo da S&P.
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