José Roberto de Souza Pinto

WirelessBrasil

Maio 2020               Índice dos assuntos  deste website    


16/05/20

• Aproveitamento de áreas inservíveis - Uma recomendação

A partir de uma notícia que o Governo Federal estava estudando o reaproveitamento de áreas inservíveis, escrevi um artigo especifico, publicado em fevereiro deste ano de 2020. Neste artigo eu abordo as áreas ou bens que poderiam ser reaproveitadas com o fim da Concessão dos Serviços de Telefonia Fixa, no setor de telecomunicações conhecido como o STFC.

Na realidade ainda nada aconteceu neste sentido e como a quantidade de áreas inservíveis é muito maior na esfera dos Governos e dos Serviços Públicos, além das Estatais vale insistir na questão e ver se alguma autoridade no país, faz um levantamento do que é inservível e adota uma política de reaproveitamento.

Para contextualizar a questão, podemos observar que se hoje já existem muitas áreas inservíveis e algumas abandonadas, a tendência é aumentar na medida que o nível de automação dos processos e atendimento ao público cresce com as novas tecnologias. A força de trabalho já sofre grandes mudanças em vários países, passando a ser mais especializada e se utilizando cada vez de menos espaço para realizar os seus trabalhos.

A concepção de compartilhamento, como o COWORKING (ambiente de trabalho compartilhado por várias Empresas)e a opção de home office, bastante utilizada neste período de pandemia, tem na prática demonstrado o seu sucesso. Acrescesse a este grupo de atividades os novos aplicativos de Tele Saúde ou Telemedicina que podem reduzir filas de atendimento aos necessitados e a Tele-Educação que também já é uma realidade.

Todo esse conjunto, leva a uma necessidade muito menor de áreas de escritórios nos órgãos públicos e nas Empresas.

A situação é que a quantidade de áreas inservíveis, principalmente nos grandes centros tende a crescer e cabe aos proprietários dar um destino, pois muitas delas já possuem toda uma infraestrutura de água e esgotos, energia e telecomunicações, que poderá ser utilizada.

De modo a ampliar o entendimento, vamos considerar que se tenha sucesso na privatização dos Correios, da Eletrobras e da CEDAE no Rio de Janeiro. Sem sombra de dúvida os novos proprietários não vão precisar de toda a estrutura atualmente utilizada, devendo concentrar os seus investimentos nas infraestruturas para a prestação do serviço e certamente como muito mais tecnologia inovadora, o que vai requerer menos espaços para escritórios e outras atividades.

Neste particular, cabe aos responsáveis por esses processos de privatização, atenção especial em relação a forma e as condições a serem adotadas de modo a evitar este tremendo desentendimento desnecessário, que o setor de telecomunicações passa nesse momento em relação a propriedade das infraestruturas utilizadas, no fim das Concessões.

Voltando ao ponto central da minha mensagem, urge uma prática de reaproveitamento de áreas, de modo a se buscar maior eficiência e menor custo de manutenção dessas áreas ou imóveis, inservíveis ou de baixa utilização.

Penso que devo insistir numa melhor ocupação dessas áreas, hoje destinadas a diversos órgãos públicos, na medida em que se discute situações de moradias desumanas e a falta de atendimento aos serviços básicos para a população.

Não é novidade os vários desastres anuais e ambientais que provocam vítimas em moradias em encostas, favelas ou comunidades, que convivem sem nenhuma infraestrutura básica. A pandemia de certa forma fez aflorar melhor esta situação de falta de infraestrutura.

Para não parecer inovador, vamos apresentar alguns exemplos em outros países e mesmo no Brasil, onde esta é uma prática ou mesmo uma política.

No Brasil temos o antigo Porto de Belém e o Porto do Rio de Janeiro, que se transformaram em áreas úteis de laser e negócios e que estavam em grande parte abandonadas.

Em vários outros países, até Igrejas viraram hotéis e inúmeras Fortificações Militares foram transformadas em áreas úteis públicas ou privadas para utilização pela população. Essas iniciativas podem ser fontes significativas de recursos para os governos.

No caso brasileiro a situação econômica já era grave em função do crescimento desgovernado dos gastos públicos em todas as esferas dos Governos. Adicionando o fato da recente pandemia, que derrubou ainda mais a economia do país teremos um quadro econômico e social, muito mais crítico.

Os governos precisam de recursos para cumprir as suas funções sociais e esse pode ser um dos caminhos a serem seguidos, num esforço de recuperação do que foi perdido.

Nada mais adequado e inteligente que se livrar dos bens inservíveis ou mesmo reaproveitá-los para cumprir as suas obrigações perante a sociedade.

De certa forma, a adoção dessa prática trata-se de um compromisso a ser assumido pelos 3 poderes e pelos 3 níveis de governo, pois todos tem sem sombra de dúvida um pouco a contribuir. Sobre este acervo de bens, certamente hoje em grande parte, estas informações já estão disponíveis em arquivos eletrônicos.

A avaliação do que é extremamente necessário para cumprir a sua função social, me parece uma simples questão de bom senso.

A falta de recursos nos órgãos públicos deve funcionar como um fator motivador para que estas óbvias iniciativas sejam imediatamente tomadas. Esse entendimento das autoridades do que é essencial, aliado ao desprendimento, pode levar a tomada de efetivas decisões de venda ou reaproveitamento desses bens ou áreas, se essa for a melhor solução.

Jose Roberto de Souza Pinto, engenheiro e mestre em economia empresarial.