Michael Stanton
WirelessBrasil
Ano 2000 Página Inicial (Índice)
12/06/2000
•
MP3,
Napster
e Gnutella
O MP3 é uma formato para representar música digital com
qualidade CD, usando técnicas de compressão, para reduzir o tamanho dos
arquivos, ou da banda de rede necessária para sua transmissão em tempo real.
Popularizou-se o MP3 principalmente devido ao seu uso para trocar músicas entre
entusiastas.
Embora o MP3 pudesse ser usado para músicas promocionais ou não publicadas
convencionalmente, a tentação de converter para MP3 músicas publicadas em CD era
muito forte e começou-se um intercâmbio grande e gratuito em músicas gravadas
comercialmente.
O site mp3.com foi criado, e logo tornou disponíveis versões MP3 de músicas de
80.000 CDs.
A princípio, o usuário deve mostrar que possui o direito de ouvir estas músicas,
apresentando o CD original para o cliente do serviço.
Este procedimento faz parte do serviço MyMP3.com, criado em janeiro deste ano.
Antes disto, em 1999, Shawn Fanning, estudante de 19 anos, havia criado o
software Napster, que possibilita o compartilhamento de arquivos MP3 com outras
pessoas através da Internet.
O Napster é uma aplicação cliente-servidor que mantém um serviço de diretório, e
outro de busca, que realiza pesquisas neste diretório.
Através do serviço de busca, seria possível descobrir a localização de arquivos
MP3.
Há diversos clientes disponíveis, alguns através da própria empresa
Napster, que também opera
vários servidores. Deve-se notar que os arquivos de música não são guardados nos
servidores Napster, e nem por eles processados.
A popularidade deste serviço foi imensa.
Estimou-se que tráfego Napster tenha chegado a 15% do total gerado pelo campus
da Universidade de Califórnia em Berkeley, principalmente por estudantes nas
moradias da universidade.
Esta situação até levou a diversas tentativas da própria universidade para
tentar limitar o consumo de banda por esta aplicação, até aqui sem muito
sucesso.
Os problemas internos de Berkeley logo passaram para segundo plano, em função
de processos instituídos contra a empresas Napster e MP3.com pela Recording
Institute of America Association (RIAA), que representa a indústria das
gravadoras de música dos EUA.
Em dezembro de 1999, a RIAA abriu processo contra a Napster por auxiliar a
quebra de direito autoral pelos usuários do seu serviço.
Em abril passado, o RIAA teve decisão favorável contra o serviço MyMP3.com, e a
MP3.com passou a negociar uma saída com a RIAA.
O caso mais recente envolve a banda Metallica e a Napster.
Os advogados da banda forneceram à Napster os nomes de mais de 355.000 pessoas
que supostamente teriam trocado ilegalmente músicas de Metallica, e exigiram que
a Napster as excluíssem do seu serviço.
Esta exclusão, para usuários de Windows, foi realizada pelos servidores Napster
efetuando modificações não solicitadas no Registry de Windows nas máquinas dos
usuários identificados, provocando muita celeuma e a rápida criação e publicação
de antídotos a essa medida,
http://news.mp3.com/news/liststory?topic_id=478&category_id=1001&month=200005".
Como pode-se entender este processo e prever sua evolução?
Para alguns observadores, o que existe é um confronto entre a indústria de
gravadoras de música e a revolução de música digital em rede.
Nos primeiros embates, parece que estão ganhando as gravadoras.
Porém, a guerra não terminou ainda.
Talvez a novidade mais significativa seja o
Gnutella, um software
implementando um serviço parecida com o da Napster, que estava sendo
desenvolvido por uma subsidiária da America Online.
A AOL resolveu abortar o projeto em março passado, mas o código fonte foi
tornado público por engenheiros envolvidos no projeto, e o Gnutella escapou para
o domínio público.
Gnutella poderá oferecer as mesmas facilidades de compartilhamento de arquivos
de música que Napster, com uma diferença significativa - sua implementação é
totalmente distribuída, dispensando a necessidade de um site central que poderá
ser processado pela RIAA.
Impedir o uso de Gnutella seria tão difícil como censurar a Internet.
O gênio parece ter escapado da garrafa. (Veja, por exemplo,
http://www.oreillynet.com/pub/a/network/2000/05/12/magazine/riaa.html.)
O que será o futuro da comercialização de música?
É claro que a revolução MP3 foi auxiliada em grande parte pelos altos preços de
venda dos CDs.
Alguns comentaristas consideram que somente uma redução substancial do preço de
CDs iria tornar menos interessante a procura de música pela Rede.
Espera-se que a redução de preços até aumente o volume de vendas, talvez mais do
que compensando a redução do lucro unitário.
A indústria poderia também abraçar a nova tecnologia, e começar a promover seus
produtos pela Rede, talvez através de serviços de áudio a demanda, onde seria
fornecido o serviço de tocar uma música, mas não copiá-la, por um preço quase
simbólico.
Uma coisa está certa: a indústria vai mudar substancialmente nos próximos dez
anos, em função do impacto da Internet.