Começa com o orçamento generoso de dez milhões de reais para o seu primeiro ano, dos quais deverão ser aplicados sete milhões em projetos colaborativos nas três áreas de ênfase principais: o projeto KyaTera, que pretende montar uma grande rede óptica experimental para o desenvolvimento e demonstração de tecnologia de redes avançadas (R$ 4 milhões); um projeto para criar um ambiente para o desenvolvimento, implementação e implantação de cursos de ensino ou aprendizagem à distância (R$2,5 milhões); e uma incubadora virtual de conteúdos digitais, para incentivar o desenvolvimento e oferecimento de serviços úteis e interessantes aos usuários da Internet (R$500 mil). Os R$3 milhões restantes estão sendo mantidos em reserva (www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?data[id_materia_boletim]=67).

Lançados no próprio dia 27 de junho, os editais de chamada de participação nestas três linhas do programa TIDIA têm prazo de 30 dias para a inscrição de grupos de pesquisa e empresas interessados em desenvolver ou patrocinar desenvolvimento da Internet. Para tentar capitalizar bem nos relativamente parcos recursos humanos disponíveis para trabalhar neste programa TIDIA, foi adotado um esquema interessante de organizar e coordenar os trabalhos a serem desenvolvidos por equipes em diferentes instituições. Ao invés da forma tradicional de solicitar que os interessados proponham projetos específicos, os editais solicitam que os interessados apenas se apresentem, para compor consórcios, que depois, juntos, desenharão os trabalhos a serem desenvolvidos em conjunto. É evidente que este estilo de organizar o trabalho de diferentes grupos normalmente autônomos na escolha e execução dos seus projetos vai requerer bastante habilidade gerencial para contrapor-se às tendências divergentes. Se der certo, vai ser uma marca importante na realização de pesquisa aplicada na universidade.

Os objetivos do programa TIDIA são bem escolhidos e a comunidade de P&D bastante animada para a empreitada. É oportuno que a FAPESP tenha se colocado à disposição para apoiar esta iniciativa. É natural e esperado que a FAPESP se concentre em promover P&D apenas no estado de São Paulo, objetivando o fortalecimento da indústria, da universidade e da economia deste estado, pois como agência do governo do estado é esta sua vocação.

Entretanto, a comunidade de P&D que pudesse contribuir ao desenvolvimento da Internet avançada e a população que deverá se beneficiar com seus resultados extrapolam os limites do estado de São Paulo, que contém apenas 20% da população nacional, e aproximadamente esta mesma proporção dos grupos de pesquisa na área especializada de redes de computadores. Para beneficiar o estado de São Paulo, e por extensão o restante do país, é importante aproveitar também as contribuições destes 80% da inteligência nacional que não têm residência fixa no estado dos bandeirantes.

O Projeto GIGA, também descrita na mesma coluna de 5 de agosto de 2002, mantém certas semelhanças com o programa TIDIA. Financiado com recursos do FUNTTEL - Fundo do Desenvolvimento de Tecnologia de Telecomunicações, do Ministério de Comunicações, este projeto está sendo realizado pela Fundação CPqD de Campinas (www.cpqd.com.br) e pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa - RNP (www.rnp.br). Semelhante à rede ótica experimental do programa TIDIA, está sendo montada por este projeto a Rede GIGA, estendendo-se desde Campinas até a região metropolitana do Rio de Janeiro. Esta rede conta com a participação substancial das operadoras Telemar, Telefonica e Intelig, que estão cedendo o uso das suas fibras ópticas para o projeto. O projeto também prevê a aplicação de recursos substanciais para fomentar atividades de P&D em comunicação óptica e no desenvolvimento e utilização de aplicações de redes avançadas, que deverão ser demonstradas em funcionamento na Rede GIGA. Estes recursos, pelo menos em parte, serão objeto de edital de chamada de participação em projetos, a ser publicada pela RNP no mês de julho.

Embora a Rede GIGA seja limitada geograficamente, pelo menos inicialmente, aos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, não deverão ser limitados a residentes destes estados os grupos de pesquisa que serão financiados com os recursos do Projeto GIGA. Entretanto, a demonstração em funcionamento na Rede GIGA dos resultados obtidos vai requerer pelo menos acesso a esta rede, normalmente através de parceria com outra instituição a ela ligada.

O Projeto GIGA tem, portanto, a ambição de envolver mais amplamente a inteligência nacional na área de redes, espalhando os benefícios destes investimentos importantes para as demais regiões do país, e somando sua contribuição àquela da região imediatamente beneficiada pela presença da Rede GIGA. Boa parte dos benefícios que devem advir deste projeto será na formação de recursos humanos especializados, já atuantes em outras partes do país, que poderão vir a liderar os futuros esforços de estender para essas partes a implantação das tecnologias sendo desenvolvidas e experimentadas no sudeste.