|
Márcia Furukawa Couto |
[Página 05]
[Esta página contém duas figuras grandes: aguarde a carga se a conexão estiver lenta]
3 - Campos visuais:
O campo visual humano consiste de área com formato ovalado podendo ser
definido como uma ilha de visão circundada por um mar de escuridão (Kanski,
1989). A delimitação da ilha é de aproximadamente 60° nasais, 90° temporais,
50° superiores e 70° inferiores para cada olho. Em condições binoculares
existe uma área central de sobreposição com aproximadamente 120° de largura
horizontal e a soma dos dois olhos totaliza 180° (figuras 3a e 3b). A metade
superior da retina recebe estímulos do campo visual inferior, a metade
inferior da retina recebe estímulos do campo superior. A metade nasal da
retina recebe estímulos do campo visual temporal e a metade temporal recebe
estímulos do campo nasal. Essa ilha de visão tem ainda o formato de uma
montanha com um pico central bastante agudo. Isso porque a área central da
retina, a fóvea, possui alta densidade de fotorreceptores, e organização das
camadas retínicas de tal modo a conferir alta resolução espacial. A partir da
área central, à medida que aumenta a excentricidade, ocorrem mudanças
anatômicas e fisiológicas que resultam em declínio a acuidade visual. Esse
mapa retínico é mantido nas vias ópticas, estabelecendo assim uma
correspondência espacial desde a retina até o córtex visual. Esta
correspondência é denominada retinotopia e é evidente até as áreas corticais
visuais V1, V2 e V3. Outras áreas visuais perdem progressivamente a
retinotopia.
Figura 3a: Representação gráfica dos limites campimétricos em condição
monocular e binocular.
(modificado de http://www.e-advisor.us/images/normal_field2.gif).
Figura 3b:
Representação gráfica dos limites campimétricos em condição
monocular e binocular
(fonte: autor).
O efeito da excentricidade campimétrica no preenchimento perceptual foi
demonstrado em estudo paramétrico (De Weerd et al., 1998). Para
excentricidades na faixa de 2°, foi observado preenchimento perceptual de
pequenos quadrados de até 0,6°. Acima deste tamanho, aumenta drasticamente o
tempo de preenchimento. Em contrapartida, acima de 20° de excentricidade,
quadrados de até 7° são preenchidos em 100% das tentativas. Alguns outros
fatores parecem estar relacionados com estes resultados, tais como a área de
projeção cortical, extensão das bordas e a utilização de cores no escotoma. O
tempo de preenchimento de um escotoma artificial cinza é menor do que o
preenchimento de um escotoma vermelho de mesmo tamanho, forma e
excentricidade. Talvez isso ocorra porque o vermelho seja mais forte para
competir com o padrão de fundo do que o cinza. Além disso, o processo neural
no qual se forma a base para o preenchimento perceptual pode ser retardado por
um antagonismo que tenta manter uma região uniforme segregada do padrão
adjacente. Contudo, em condições de fixação mantida as bordas começam sofrer
adaptação e o preenchimento se difunde além destes contornos (De Weerd et al.,
1998).