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Márcia Furukawa Couto |
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Discussão parcial:
A latência de preenchimento aumenta à medida que aumenta o contraste entre o
escotoma artificial e a área que o circunda (Sakaguchi, 2001). Entretanto,
utilizou-se o mesmo nível de contraste em todas as posições testadas, e foi
observada variação significativa de latência de preenchimento entre elas. Esse
resultado sugere a influência de variações anatômicas e/ou fisiológicas das
diferentes áreas do campo visual na latência de preenchimento perceptual. A
contagem de cones e de células ganglionares na retina humana evidencia maior
concentração das mesmas nas áreas nasal e temporal (horizontais) do que nas
áreas superior e inferior (verticais) (Curcio et al., 1990; Curcio e Allen,
1990). Essa diferença na densidade de cones pode estar relacionada à maior
latência de preenchimento nas posições horizontais do que nas verticais. A
assimetria entre os campos tem sido demonstrada para funções visuais tais como
menor tempo de reação e maior sensibilidade ao contraste no campo visual
inferior quando comparado ao campo superior (Previc, 1990; Rubin et al.,
1996), o que poderia explicar a maior latência de preenchimento em campo
visual inferior quando comparada ao campo visual superior.
Observou-se também a diferença de preenchimento entre hemisférios (hemicampos)
direito e esquerdo. Tem sido demonstrado que o hemisfério direito é ativado
preferencialmente durante o processamento de estímulos globais enquanto que o
esquerdo é ativado para estímulos locais (Martinez et al., 1997).
Adicionalmente, existem evidências de que o hemisfério esquerdo favorece o
processamento de estímulos com alta freqüência espacial, enquanto que o
hemisfério direito o faz com estímulos de baixa freqüência espacial (Kitterle
et al., 1990). Considerando as características predominantemente locais do
estímulo aqui utilizado, supõe-se que haja influência dessa assimetria
cerebral no resultado do preenchimento perceptual.
(A)
(B)
Figura 7:
Média ( erro médio padrão) das latências de preenchimento para
posições horizontais (A) e verticais (B).
Comparação de resultados para tricromatas e dicromatas, que apresentaram
diferença significativa entre grupos somente a 90° (*) .
Ambos grupos apresentaram latências significativamente mais longas nas
posições horizontais, principalmente no campo direito (p<0,05).
Na próxima página está a Figura
8 com esta observação:
Figura 8 : Latência de preenchimento do escotoma artificial no campo visual
inferior (a 270°) menos a do campo visual superior (a 90°). Dados individuais
(média erro médio padrão) para tricromatas (A) e dicromatas (B). Resultados
positivos para aqueles que apresentaram maior tempo de preenchimento a 270°.
Ambos grupos com maioria significativa de resultados positivos.