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Márcia Furukawa Couto |
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EXPERIMENTO 1:
Materiais e métodos:
1 - Voluntários:
Foram selecionados doze tricromatas: seis femininos e seis masculinos. Foram
selecionados nove dicromatas: todos masculinos, quatro protanômalos, três
protanopos, um deuteranômalo e um deuteranopo, todos foram testados e
classificados com o teste pseudoisocromático H.R.R. Todos os voluntários
apresentavam acuidade visual para perto normal. Todos assinaram termo de
consentimento livre e esclarecido. Esse projeto foi aprovado pelo Comitê de
Ética de Pesquisa em Humanos da Universidade de Brasília. Todos os
voluntários, exceto a autora, desconheciam o objetivo do experimento.
2 - Aparato e Estímulo visual:
O estímulo foi gerado por computador equipado com software Matlab, e
apresentado em monitor colorido de 17 polegadas (Samsung Sync Master 753 DFX)
em todos os experimentos descritos neste trabalho. O software foi programado
para apresentar telas cinza, um ponto de fixação central em forma de cruz e um
disco também cinza a ser preenchido (figura 6). A luminância do disco era de
22 candelas/m2 e da área circundante 20 candelas/m2. O disco possuía 0,8° de
diâmetro, 9° de excentricidade a partir do ponto de fixação e apareceu nas
posições horizontais (0° e 180°) e verticais (90° e 270°). Cada posição foi
testada 30 vezes, de modo aleatório.
Figura 6: Representação esquemática das telas utilizadas no experimento 1
sendo que cada posição do estímulo foi apresentada de forma isolada,
intercalada
com tela sem estímulo durante 2 segundos para eliminar pós imagem (fonte:
autor).
3 - Procedimento:
Os voluntários foram mantidos em condições escotópicas durante cinco minutos
antes do teste com o intuito de induzir adaptação uniforme no início do
experimento. Foram posicionados a 57 cm da tela com apoio de queixo.
Experimento realizado em ambiente escuro.
Os voluntários foram instruídos para manter fixação estável na cruz central, e
para apertar a tecla “enter” assim que sentissem que o disco havia
desaparecido. Foram instruídos para piscar normalmente. O tempo entre a
apresentação do estímulo e a resposta do indivíduo foi gravado como a latência
de preenchimento.
Entre cada tela de teste foi introduzida uma tela sem o disco durante dois
segundos para eliminar a pós imagem do estímulo prévio. Testes realizados em
condição binocular.
Cada sessão demorou aproximadamente uma hora, incluindo curtos períodos de
descanso entre os blocos.
A luminância da tela, do fundo e do escotoma, foi verificada com um fotômetro
digital Tektronix modelo J6503.
4 - Análise estatística:
Dados são mostrados na forma de média das latências de preenchimento erro
médio padrão. Dados foram submetidos a análise pelo método ANOVA One Way, post
hoc Bonferroni. O nível de significância adotado foi o de 5%; a hipótese nula
é de que não há efeito da posição do estímulo no tempo de preenchimento. A
comparação de médias entre dicromatas e tricromatas foi feita com o teste-t de
Student, com o nível de significância 5%.
Resultados:
Ambos os grupos apresentaram o preenchimento mais rápido a 90° (campo visual
superior), comparado com as outras posições. A latência mais longa para ambos
os grupos foi a 0° (campo visual direito).
Houve diferença significativa (p<0,05) entre: (i) posições verticais e
horizontais; (ii) direita e esquerda; (iii) superior e inferior (figura 7). As
latências mais longas foram nas posições horizontais, em campo direito e campo
inferior. Não houve diferença significativa entre dicromatas (média 9,87 seg.)
tricromatas (média 9,20 seg.) (p>0,05), que apresentaram resultados similares
em todas as posições testadas.
Figuras 8 e 9 mostram resultados individuais de preenchimento. Foram
computadas as diferenças de latência entre as posições inferior e superior e
entre as posições direita e esquerda.
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