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SISTEMAS MÓVEIS DE TERCEIRA GERAÇÃO (4) |
6. Espectro de RF para Sistemas 3G
A questão do espectro alocado
para os futuros sistemas IMT-2000, pode ser analisada de duas formas
distintas, onde uma primeira análise se faz levando em conta as razões históricas
que conduziram à idealização e criação dos sistemas IMT-2000, e uma outra
análise, que já leva em conta as razões de cunho prático, decorrentes do
cenário hoje vivido pelas telecomunicações no mundo, principalmente Europa
e Estados Unidos.
6.1. Definições Históricas
Em meados de 1992, a ITU promoveu uma reunião com todos os seus membros
associados, que foi chamada WRC-92 (World Radio Conference - 1992), e que teve
como maior objetivo, a criação de um grande comitê de trabalho, e grupos de
estudo, cuja finalidade principal era a elaboração e padronização de uma
nova tecnologia (nova interface-aérea, nova filosofia de rede, etc.), e que
seria a base para o tão desejado sistema de "padrão-mundial",
comumente referenciado como IMT-2000 (International Mobile Telecommunications
- 2000), originalmente conhecido como FPLMTS (Future Public Land Mobile
Telecommunications Systems), que era
o nome formal dos standards de terceira-geração.
Durante esta reunião, definiram-se algumas faixas de frequência que seriam
comuns a todos os países, facilitando o trânsito de assinantes de diferentes
partes do globo através destas "redes mundiais". Esta padronização
de frequência, também permitiria uma padronização dos terminais móveis (handsets).
Foram definidas as seguintes faixas para os sistemas IMT-2000, as quais
acabaram sendo conhecidas como core-band:
- 1885-2025 MHz e 2110-2200 MHz. Ambas as faixas deveriam acomodar as
componentes terrestre e satelital; bem como o downlink e uplink, no caso dos
sistemas FDD (3),
e também os sistemas TDD (4).
- para a componente terrestre, definiu-se as sub-faixas de 1885-1980 MHz e
2110-2170 MHz.
Alternativas tais como: sistemas TDD (5),
e duplex-variável, também são alvo de estudos da ITU e dos fabricantes de
infra-estrutura e de terminais, visando o máximo aproveitamento do espectro
disponível.
6.2. Razões Mercadológicas
Para entendermos a atual alocação de espectro para os sistemas IMT-2000 (que
em última análise, serão aqueles que utilizarão as tecnologias W-CDMA e
CDMA2000, dentre as definidas pela ITU), basta extrapolarmos a situação hoje
vivida pelo Brasil em relação à identificação e definição de bandas
para os sistemas 3G, para os demais países membros da ITU.
Por exemplo, nos Estados Unidos, o espectro de 1900 MHz que faz parte da porção
alocada pela WRC-92 para o IMT-2000, acabou sendo leiloado pela FCC para a
implantação dos sistemas PCS nesta faixa. Seis faixas acabaram sendo
leiloadas: A, B e C (com 15 MHzpareados cada uma - FDD), e D, E e F (com 5 MHz
pareados cada uma - FDD).
Com essas frequências sendo leiloadas, praticamente acabou-se inviabilizando
a adoção e reserva da faixa para os sistemas IMT-2000 de terceira-geração
nos EUA, uma vez que haveria o conflito de serviços dentro da faixa. Vale
lembrar que o PCS norte-americano ocupa a faixa compreendida entre 1850-1990
MHz (uplink e downlink).
Com este novo cenário sendo desenhado, então, já no ano de 2000,
realizou-se em Istambul, na Turquia, a WRC-2000, onde novas faixas acabaram
sendo também reservadas e destinadas como alternativas para a implantação
do IMT-2000.
São elas:
- 806-960 MHz (a ser implantada na forma Regional Basis)
- 1710-1885 MHz
- 2500-2690 MHz
Os fabricantes de equipamentos de infra-estrutura, e as Administrações
Regionais e Nacionais (CITEL e ANATEL, por exemplo) também acabaram por
desempenhar um importante papel nesta flexibilização das faixas de espectro,
visando um melhor aproveitamento das faixas disponíveis em cada país, bem
como uma harmonização dentro das administrações (por exemplo, toda a Região-II,
da qual o Brasil faz parte), permitindo um melhor aproveitamento e integração
das plantas já existentes (por exemplo: 800 e 1800 MHz na Europa, e 850 e
1900 MHz nas Américas).
Uma das possíveis justificativas para a criação destas novas faixas,
poderia ser a necessidade de bandas-de-guarda entre serviços ocupando faixas
adjacentes de espectro. A utilização de sistemas TDD, e duplex-variável,
também acabaram se constituindo emalternativas importantes, para o máximo
aproveitamento do espectro disponível.
Dessa forma, novas possibilidades acabaram se desenhando para as operadoras
wireless, no tocante à migração para os sistemas 3G.
Em 2001, durante a 5a. reunião do grupo WP-8F, da ITU, foi apresentada uma
proposta de que o espectro hoje destinado aos sistemas analógicos de
primeira-geração, alocados nafaixa de 450 MHz (por exemplo: NMT-450), também
seja considerado como uma opção para a implantação do IMT-2000. Este
assunto continua em discussão, inclusive em outros fora, como por exemplo, a
CITEL.
Devemos ainda, lembrar que, já existem opções tecnológicas para esta
faixa, seja com cdma450 baseado em IS.2000 (Band-class 5 - padrão cdma2000
definido pelo 3GPP2), ou o EDGE-400 definido pelo 3GPP. Esta proposta tem o
aval de operadoras da Europa, que já implantaram redes baseadas em CDMA2000
nesta faixa, e oferecem aos seus assinantes, taxas de até 144 kbps, para a
transmissão de dados no modo pacote.
6.3. Eficiência Espectral
Nesta seção, vamos apresentar
um breve comparativo, da eficiência espectral oferecida pelas tecnologias 3G,
bem como a eficiência de algumas tecnologias já utilizadas atualmente, de
maneira a facilitar a compreensão deste tópico.
Eficiência espectral e velocidade de transmissão de dados
Pela figura acima, podemos perceber que as tecnologias com maiores taxas de
dados, são realmente aquelas definidas como padrão para IMT-2000. Já em
relação à eficiência, pode-se observar que a tecnologia CDMA2000, leva uma
grande vantagem em relação às demais, superando em muito todas as outras
tecnologias.
Tipicamente, um sistema CDMA2000, devido às suas características intrínsecas,
tal como fator de reuso unitário (k=1), e codificação por espalhamento
espectral, apresenta uma eficiência espectral que pode chegar até cerca de
1000 assinantes/MHz/ERB, numa faixa de 1,25 MHz. Esta eficiência poderia ser
expressa também, mais adequadamente, em função da capacidade em Erl/MHz:
teríamos então um valor típico de 26,4 erlangs (6)
numa faixa de 1,25 MHz, o que nos dá cerca de 105,6 erlangs, normalizados
para uma faixa de 5 MHz.
Para os sistemas UMTS/W-CDMA, estima-se uma eficiência de cerca 82 erlangs
numa faixa de 5 MHz.
[Continua]
(3)
O modo usual de operação de um sistema wireless, onde os canais de uplink e
de downlink, utilizam diferentes
frequências. A técnica FDD é utilizada em bandas pareadas, onde,
usualmente, haja um espectro disponível de 2 x nn MHz.
(4) Já na técnica TDD, os canais de uplink e
downlink são separados pela sua divisão no tempo, isto é, eles ocupam
diferentes time-slots, numa mesma banda de frequência. Como resultado, o modo
TDD requer uma única banda
disponível, e se aplica aos casos onde não haja banda pareada. Tipicamente,
o TDD é usado para serviços
assimétricos, por exemplo, web-browsing, onde a maior demanda de tráfego do
downlink (download), pode ser
conseguida através da alocação a maioria dos time-slots para os canais de
downlink.
(5) Os sistemas baseados em tecnologia TDD, não
devem vir a se consolidar como uma alternativa viável para
sistemas 3G, sendo que atualmente se pensa em utilizar tecnologias baseadas em
TD-SCDMA, para as faixas
originalmente reservadas para TDD.
(6)
Medidos para o caso de vocoders EVRC de 9,6 kbps.