WirelessBR |
WirelessBr é um site brasileiro, independente, sem vínculos com empresas ou organizações, sem finalidade comercial, feito por voluntários, para divulgação de tecnologia em telecomunicações |
|
GSM - CONCEITOS BÁSICOS (9) |
||
Cortesia especial da Agilent Technologies Brasil (*) |
Esta página contém 2 figuras grandes. Aguarde a carga se a conexão estiver lenta.
BCH - Canal de Broadcast
O conceito de BCH é bastante simples, mas os detalhes podem se tornar um
pouco complicados.
Em termos simples, o BCH atua como um sinal luminoso ou
farol.
Está ativo por todo o tempo e é a primeira coisa que a unidade
móvel
procura quando está tentando encontrar o serviço.
O ARFCN do BCH deve estar
ativo em todos os timeslots para permitir que as unidades móveis
sincronizadas
em outras células meçam a sua potência.
As informações úteis do BCH
são
sempre transportadas no timeslot 0.
Os outros timeslots são preenchidos com
bursts "simulados", ou estão disponíveis para o TCH.
Há diversas
partes
interessantes para o BCH.
- O FCH (Canal de Correção de Freqüência) usa um burst especial que é
repetido no BCH e tem uma seqüência de bits fixa especial, para permitir
que a unidade móvel sintonize a sua referência de freqüência interna
quando for ligada pela primeira vez.
- O SCH (Canal de Sincronização) tem um burst com um bloco
intermediário estendido.
Este canal é usado pela unidade móvel após o FCH, para ajustar o seu timing interno e ficar sincronizada com a
seqüência de multiquadro.
- O BCCH (Canal de Controle de Broadcast) contém informações
codificadas, que identificam a rede.
Este canal também transporta listas
dos canais em uso na célula (tabelas BA e CA)
- O CCCH (Canal de Controle Comum) é como um quadro de avisos.
Assim
como o FCH, SCH e BCCH, este canal pode ser recebido por qualquer
unidade móvel.
Subcanais como o PCH (Canal de Paging) são colocados
no CCCH.
Quando a unidade móvel vê o seu número no PCH, ela
reconhece que deve responder com uma solicitação de serviço, enviando
um RACH.
- Outro subcanal do CCCH é o AGCH (Canal de Concessão de Acesso).
Assim que a unidade móvel tiver enviado um RACH, a estação base
responderá colocando um AGCH no CCCH, transportando o número
aleatório de unidades móveis (lido do RACH). O AGCH instrui a unidade
móvel a ir a um SDCCH ou TCH.
Há diversas configurações diferentes para todos estes canais no BCH.
A
seleção
depende do número de usuários esperado na célula.
Se for esperado um
grande
número de usuários, será necessário ter uma grande capacidade de CCCH,
que
quando somada ao SCH, FCH e BCCH, preencherá completamente o BCH.
Em
outras situações, a capacidade livre no BCH poderá ser usada para um SDCCH
(Canal de Controle Dedicado Independente).
RACH - Canal de Acesso Aleatório
Quando a unidade móvel estiver sincronizada com a freqüência e timing do
quadro da célula e tiver lido as outras informações no BCH, ela estará
pronta para
fazer e receber chamadas.
Uma vez que a unidade móvel estiver neste estado,
ela
estará "acampada" na estação base.
Se a unidade móvel estiver
próxima à estação
base, o sincronismo delas estará alinhado com uma diferença muito pequena.
Se a
unidade móvel estiver na fronteira da célula, talvez a 30 km da estação
base, o SCH terá um retardo de 100 ms
na propagação.
O timing da unidade móvel terá um erro de 100 ms.
Quando a unidade móvel enviar um RACH, para iniciar a chamada, o RACH será transmitido com um atraso de 100 ms,
com mais 100 ms
de tempo de trânsito até a estação base, chegando com um atraso de 200
ms.
Para evitar colisões com os bursts de um TS adjacente, os bursts de RACH são mais
curtos do que o normal.
O RACH não é o único tipo de burst curto de acesso.
Quando a unidade
móvel for transferida a outra célula, haverá um breve intervalo de tempo antes que
ela receba da célula nova a informação de avanço de sincronismo no SACCH do
downlink.
Durante este intervalo, haverá o risco de que os bursts da unidade móvel colidam com os bursts existentes na célula nova.
Até receber a
informação de avanço de timing da célula nova, a unidade envia bursts curtos de
acesso.
SDCCH - Canal de Controle Dedicado Independente
O SDCCH pode ser configurado como um canal lógico no BCH ou, outras vezes,
em seu próprio canal físico.
O SDCCH tem uma estrutura de multiquadro
diferente do TCH.
Os bursts do SDCCH são repetidos com uma freqüência
menor
que uma vez por quadro.
Por este motivo, mais de 8 SDCCH podem compartilhar
um mesmo canal físico.
Conseqüentemente, a taxa de dados no SDCCH é menor
do que no TCH.
O SDCCH é usado como uma ponte.
Durante o processo de estabelecimento de
chamada, pode haver um intervalo muito grande de tempo entre o envio do RACH
pela unidade móvel e a obtenção do serviço até o início da
conversação.
Há um
intervalo de tempo enquanto o telefone está tocando e aguardando ser
atendido.
Durante este intervalo, é preciso trocar informações de controle entre a
unidade
móvel e a estação base.
São enviadas mensagens de alerta e a
autenticação é
executada, mas não há necessidade de se enviar informações de
conversação.
O SDCCH, usando uma menor quantidade de recursos dos canais físicos da
célula,
aumenta a eficiência e oferece um útil canal de espera até que haja a
necessidade
da troca de dados de conversação.
Assim como o TCH, o SDCCH possui um
SACCH associado.
FACCH - Canal Rápido de Controle Associado
Quando as informações do SACCH enviadas à estação base indicarem que
outra
célula ofereceria uma melhor qualidade de sinal à unidade móvel, será
necessário
executar um handover.
O SACCH simplesmente não tem a largura de banda
necessária para transferir todas as informações associadas a um handover
(como
o novo ARFCN e timeslot ou a tabela MA).
Por um curto período de tempo, o
TCH
será substituído por um FACCH.
O FACCH usa bursts consecutivos e, portanto,
tem uma taxa de dados muito maior que o SACCH, que usa somente um burst em
26.
O flag stealing do quadro (os bits de controle em cada um dos lados do
bloco
intermediário) são ativados para indicar que os dados enviados são de um
FACCH
e não de um TCH.
Em outros aspectos, o FACCH tem a mesma aparência do TCH.
Eles usam o mesmo canal físico
(ARFCN e timeslot).
Quando o FACCH toma os bursts do TCH, há uma perda de dados de
conversação.
Muitas vezes, é possível ouvir uma pequena interrupção na conversação
quando ocorre um handover.
SACCH - Canal Lento de Controle Associado
Um dos dois quadros vagos a cada 12 quadros do TCH é usado para o SACCH
(Canal Lento de Controle Associado).
No downlink,, o SACCH é usado para
enviar
lenta, mas regularmente, informações de controle à unidade móvel. Por
exemplo,
a unidade móvel pode ser instruída a alterar a potência de seu transmissor
(MS
TX Lev) e avanço de timing (para compensar o tempo no percurso de RF)
conforme se desloca pela célula.
Este canal também transporta as tabelas BA
e CA.
O SACCH do uplink transporta informações sobre a intensidade (RXLev) e
qualidade (RXQual) do sinal recebido do TCH e os resultados da medição do
BCH
da célula adjacente (também RXLev).
A estação base gera o BCH, sempre no timeslot zero.
O canal de broadcast
pode
assumir diferentes formatos; a figura acima mostra os primeiros 51 quadros do
downlink de BCCH + CCCH + 4 SDCCH/4
Canais lógicos e canais físicos
Qual é a diferença entre canais lógicos e físicos?
Os canais
físicos podem ser
descritos em termos de domínio de freqüência e domínio do tempo.
Estas
informações são as freqüências e/ou o timeslot no qual a MS ou BS está
transmitindo ou recebendo.
Os canais lógicos são mapeados nestes canais
físicos.
Em qualquer instante em particular, uma freqüência/timeslot pode ser um
canal
de tráfego, algum canal de controle ou sinalização.
Um canal lógico
mostra a
função que um canal físico está assumindo em um determinado momento.
Resumo:
Canais físicos podem ser descritos nos domínios
de freqüência e do tempo
- Freqüência
- Time Slot
Canais lógicos são mapeados nos canais físicos
- Canais de tráfego
- Controle e sinalização
SIM - Módulo de Identificação de Assinante
O cartão SIM pode ser fornecido em dois tamanhos: padrão (tamanho de
cartão
de crédito) e micro (tamanho de selo postal). Os SIMs (Módulos de
Identificação
do Assinante) são encaixados na unidade móvel GSM.
O SIM contém todas as
informações relacionadas a um assinante. Por exemplo:
- Seu número exclusivo de assinante ou IMSI (Identificação Internacional
de Assinante Móvel)
- As redes e países em que o assinante pode receber o serviço
(MCC e
MNC)
- Quaisquer outras informações específicas do usuário, como números de
discagem rápida e memórias.
Sem ter um SIM instalado, todas as unidades móveis GSM são idênticas.
É o
cartão SIM que dá à unidade móvel a sua identidade.
Se um usuário (Fred)
levar a
sua SIM em uma viagem de negócios e encaixá-la em uma unidade móvel
instalada em seu automóvel alugado, o telefone do automóvel usará a
identidade
presente no SIM.
Os direitos de acesso à rede de Fred, suas memórias de
discagem rápida e quaisquer outras características armazenadas, serão
transferidas ao telefone do automóvel alugado.
A característica realmente
interessante dos SIMs é que eles também transportam o seu número
telefônico.
Se
o escritório de Fred quiser lhe telefonar, eles simplesmente discarão o seu
número móvel normal.
A rede sabe a localização do telefone que está com
a SIM
de Fred e desta forma, roteia a chamada diretamente ao automóvel alugado.
Há Test-SIMs especiais para testes.
As SIMs de teste permitem que as
unidades
móveis entrem em um modo especial de loopback para o teste de BER do
receptor.
Fazendo uma chamada telefônica
Ativação da Unidade Móvel
Quando uma unidade móvel for ligada pela primeira vez, ela procura por
sinais em
todos os 124 canais do downlink.
Em seguida, a unidade ordena os canais por
intensidade do sinal recebido e verifica se o canal é um BCH (Canal de
Broadcast).
Quando a MS encontrar um BCH, ela ajustará a sua freqüência e
timing internos a partir do FCH e SCH e então verificará se o BCH é de sua
PLMN
(Rede Pública Fixa de Telefonia Móvel).
Isto envolve uma comparação da
rede
permitida e dos códigos nacionais armazenados no cartão SIM com as
informações codificadas no BCCH.
A unidade móvel repete este ciclo até
encontrar um canal de broadcast apropriado.
Se a unidade móvel perceber que
está em uma célula diferente da que estava na última vez em que foi usada,
ela
precisará dizer à rede onde está.
A rede deve saber onde está cada
unidade móvel,
para poder rotear as chamadas à célula correta para qualquer unidade móvel
individual.
Este processo de dizer à rede "onde estou" é
denominado atualização
de localização.
A unidade envia um RACH, é designada a um SDCCH, troca
informações de controle e então finaliza a chamada. Geralmente, o usuário
não
percebe que este processo está acontecendo.
Algumas redes têm a inclusão do IMSI habilitada.
Isto força a unidade
móvel a
fazer uma atualização de localização cada vez que for ativada, mesmo se
não
estiver em um local diferente.
"Originação" de uma chamada móvel
Uma vez que a unidade móvel estiver sincronizada com o BCH, tiver
determinado
que pode usar a rede (PLMN) e, se necessário, tiver feito uma atualização
de
localização, ela estará "acampada".
Uma vez
"acampada", a unidade móvel estará
pronta para enviar ou receber chamadas.
Quando um usuário disca um número e pressiona o botão "send" na
unidade
móvel, é feita uma originação de chamada.
A unidade móvel transmite um
burst
curto de RACH no uplink, usando o mesmo ARFCN usado pelo BCH no downlink.
A estação base responde ao RACH colocando um AGCH (Canal de Concessão de
Acesso) no CCCH.
Estes são canais lógicos transportados pelo canal físico BCH.
A unidade móvel recebe o AGCH no BCH, quando receberá e decodificará as
instruções, fará uma nova sintonia a outro ARFCN e/ou timeslot e
começará um
diálogo bidirecional com a estação base em um SDCCH.
Uma das primeiras
coisas
que a unidade móvel receberá é o SACCH associado ao SDCCH.
Assim que
receber o SACCH, a unidade receberá da estação base as informações de
avanço
de timing e potência transmitida.
A estação base terá calculado o avanço
de
timing apropriado a partir do tempo de chegada do RACH.
Uma vez que a unidade
móvel obtiver as informações de avanço de timing, ela poderá enviar
bursts de
comprimento normal.
O SDCCH é usado para enviar mensagens nos dois sentidos,
cuidando dos alertas (fazendo a unidade móvel tocar) e a autenticação
(verificando se esta unidade móvel tem a permissão de usar a rede).
Após
um
intervalo curto de tempo (1 a 2 segundos), a unidade móvel receberá um
comando
pelo SDCCH para se sintonizar novamente no TCH.
Uma vez no TCH, os dados de
conversação são transportados pelo uplink e downlink.
O processo para as chamadas originadas pela estação base é bastante
similar.
A
estação base coloca um PCH (Canal de Paging) na parte CCCH do BCH.
Quando a
unidade móvel receber o PCH, responderá enviando um RACH.
O restante do
processo será idêntico ao caso de originação pela unidade móvel.
Se você conseguir traduzir os bursts do GSM em tons de áudio (demodulação
AM), será interessante ouvir a diferença entre os tipos de canais usados
conforme
a chamada é estabelecida.
Uma boa maneira de se fazer isto é usar um
telefone
GSM próximo a um televisor antigo ou telefone com fio convencional.
A
interferência gerada nestes dispositivos eqüivale à demodulação AM.
O burst RACH pode ser ouvido como um único som de "Tic".
Este é
rapidamente
seguido pelo SDCCH "'Tat, Tat-tat-tat, tat-tat-tat ...".
Após
alguns poucos
segundos, o TCH é conectado: "Buzzzzzzzzz"
Como qualquer assunto técnico, o GSM pode parecer complicado na primeira
vez.
Você pode precisar ler completamente este texto por várias vezes para
compreender o sistema.
(*) Agradecimento
Esta matéria é
uma cortesia especial da Agilent
Technologies Brasil, que
autorizou sua publicação com pequenas adaptações em relação ao documento
original.
Apresentamos nossos sinceros agradecimentos.
Helio Rosa - Coordenador do WirelessBR
(29/09/2002)