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SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO MÓVEL DE TERCEIRA GERAÇÃO (2) |
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Autor: Dayani Adionel Guimarães |
A
FCC (Federal Communications Commission)
assim definiu PCS: uma ampla gama de serviços de rádio-comunicação que
engloba comunicação móvel e comunicação fixa auxiliar, que fornece serviços
para pessoas fora e dentro dos ambientes de trabalho e que pode ser integrada
com uma variedade de redes concorrentes [Pan00]. Dessa forma os serviços PCS
seriam oferecidos tanto por sistemas macro-celulares (high
tier), similares ao TDMA IS-136, ao CDMA IS-95 e ao TDMA GSM, quanto por
sistemas micro-celulares (low tier)
similares ao CT2, ao DECT, ao PACS e ao PHS [Gui98], em faixas de freqüência
diferentes daquelas já alocadas aos sistemas celulares e cordless
convencionais. A partir daí se intensificaram os esforços de forma que
fossem padronizados, desenvolvidos e implementados em todo o mundo sistemas de
comunicação móvel para operação nas bandas PCS. Entretanto, o que de fato
ocorreu foi a adaptação de sistemas celulares e cordless
para operação nessas bandas e com serviços adicionais àqueles previstos
para os sistemas originais. Houve então a primeira grande antecipação de um
sistema e seus serviços através da evolução e adaptação de outros
sistemas e serviços. Não é exatamente isso que está acontecendo em relação
à 3G?
III.
Visão sobre a Terceira Geração
A comunicação
sem fio permitindo a troca de informações a altas taxas e com alta qualidade
entre terminais pequenos e portáteis que podem estar localizados em qualquer
parte do mundo representa a fronteira a ser alcançada pelos sistemas de
terceira geração [Sin00]
– “a global system to connect
anywhere and anytime” [ITU00].
O início dos
estudos sobre os sistemas de terceira geração foi marcado por uma indecisão
mantida por duas correntes: uma defendia a criação de um único padrão
mundial; a outra defendia a evolução das redes e sistemas atuais de forma a
atender aos requisitos definidos a partir da visão 3G. Apesar de ambas as
alternativas possibilitarem economia de escala de fabricação para os
componentes do sistema, a segunda teve maior força, pois também permite que
os maciços investimentos já realizados pelas operadoras na implantação das
redes e pelos fabricantes em processos de fabricação e etapas de
desenvolvimento de produtos em todo o mundo fossem de certa forma protegidos.
quanto móveis,
em redes públicas e privadas. Posteriormente o nome FPLMTS foi modificado
para IMT-2000 [1]
(International Mobile
Telecommunications – 2000) [R6872],
nome este que é mantido e reconhecido até hoje.
O real início de
operação do IMT-2000 está predominantemente sujeito a considerações de
mercado, mas também a considerações técnicas. Esse sistema irá prover
acesso, através de um ou mais links de rádio, a uma ampla gama de serviços
de telecomunicações suportados por redes fixas como a RTPC a RDSI e a IP
e/ou X.25 e serviços específicos a usuários móveis. Deverão existir vários
tipos de terminais móveis com capacidade de acesso fixo ou móvel a redes
baseadas em satélites e/ou redes terrestres. Os principais atributos do IMT-2000
são [Rrkey]:
- Alto grau de aspectos comuns (high commonality) de projeto em todo o mundo;
- Compatibilidade de serviços dentro do sistema e com as redes fixas;
- Alta qualidade;
- Terminais de pequeno porte com possibilidade de roaming global;
-
Capacidade de aplicações multimídia com uma vasta gama de serviços
e terminais;
O alto grau de
aspectos comuns de um padrão mundial não só possibilitará grande economia
de escala, mas facilitará a implementação do roaming
global e impulsionará o investimento da industria de Tecnologia da Informação
(IT, Information Technology) em
aplicações tais como serviços de multimídia que farão com que as redes de
comunicação móvel possam ser vistas como uma extensão sem fio da Internet [Sin00].
Para permitir cobertura e roaming global o IMT-2000 contará com a componente terrestre e a componente via satélite, atendendo aos usuários pico-celulares em interiores (indoor ou in-building), micro e macro-celulares em exteriores (outdoor) e em regiões remotas com cobertura global via satélite. As velocidades de movimentação dos terminais irão de velocidades de pedestres (cerca de 10 km/h) a mais de 250 km/h, com taxas de transmissão de dados dependentes dessas velocidades e que variam de cerca de 144 kbit/s para terminais em alta velocidade em ambientes externos a 2 Mbit/s para terminais em velocidades de pedestres ou fixos em ambientes internos. A Tabela 1 sintetiza alguns dados sobre os ambientes de operação, taxas atingíveis e qualidade de serviço esperada para o IMT-2000.
É esperado que
os usuários possam receber os serviços oferecidos pelo IMT-2000 independente
de sua localização geográfica, com qualidade comparável àquela fornecida
pelas redes com fio, sendo essa qualidade influenciada apenas pelos limites
impostos por cada ambiente de operação. A esse conceito dá-se o nome de VHE
(Virtual Home Environment). O VHE
está associado ao conceito de serviços UPT (Universal
Personal Telecommunication) [ITU93]
que utilizam as facilidades oferecidas pelas Redes Inteligentes (IN, Intelligent
Network) [Pan00,
p. 4, 235] para oferecer mobilidade pessoal (Personal
Mobility) aos usuários finais. Por mobilidade pessoal entende-se a
entrega de serviços e tarifação baseada em um número pessoal associado a
cada usuário, de tal forma que o mesmo perfil de serviços seja oferecido ao
usuário independente de sua localização [Pan00,
p. 3].
Ambiente |
Máxima
velocidade do terminal |
Taxa
de pico |
BER
alvo (tempo real / não tempo real) |
Rural
outdoor |
250
km/h |
144
kbit/s, preferencial 384 kbit/s |
10-3
– 10-7 / 10-5
– 10-8 |
Urbano
/ suburbano outdoor |
150
km/h |
384
kbit/s, preferencial 512 kbit/s |
10-3
– 10-7 / 10-5
– 10-8 |
Indoor
/ outdoor de curto
alcance |
10
km/h |
2
Mbit/s |
10-3
– 10-7 / 10-5
– 10-8 |
Tabela
1 –
Ambientes de operação para o IMT-2000 (adaptado de [Sin00])
Espera-se ainda
que a natureza predominante do tráfego multimídia que circulará nas futuras
redes do sistema IMT-2000 seja assimétrica (como tipicamente ocorre no acesso
à Internet) e que o sistema tenha que ser capaz de alocar os recursos de
banda aos usuários por demanda (bandwidth-on-demand).
Com o IMT-2000
será percebida grande integração das redes com e sem fio, procurando
interoperabilidade suficiente para dar ao sistema a flexibilidade exigida pelo
mercado em termos da evolução e adequação dos serviços.
O IMT-2000 na verdade será composto por uma família de especificações [Pan00], [Rrspc], conforme abordado no item VI desse texto, especificações estas que atenderão aos requisitos da 3G. Os usuários dessa família de sistemas 3G deverão conviver com terminais multi-modo e multi-banda, capazes de permitir o roaming global de forma transparente. Tais terminais, desenvolvidos com modernas técnicas de processamento digital, futuramente deverão ter suas interfaces de rádio configuradas automaticamente (software radio), dependendo das características da rede utilizada e das condições do ambiente de propagação a cada momento.
No que diz
respeito às faixas de freqüência de operação, em fevereiro de 1992 a WARC
(World Administrative Radio Conference)
identificou 230 MHz nas bandas de 1.885 – 2.025 MHz e 2.110 – 2.200 MHz em
caráter mundial para uso pelo IMT-2000, incluindo as bandas de 1.980 –
2.010 MHz e 2.170 – 2.200 MHz para a componente satélite.
Japão e Europa
basicamente seguiram essa atribuição de freqüências para sistemas FDD. Lá,
na parte mais baixa do espectro, sistemas como o DECT e o PHS estão em operação.
A FCC (Federal Communication Commission)
dos Estados Unidos alocou uma grande parte do espectro definido pela WARC 1992
para sistemas PCS e muitos dos países das Américas seguiram as recomendações
da FCC. Na China grande parte do espectro destinado ao IMT-2000 já está
sendo utilizada por sistemas WLL.
Devido à grande
penetração projetada para os serviços PCS e a crescente demanda esperada
pelos serviços móveis em todo o mundo, o TG 8/1 (substituído pela WP
8F [2]
) da
ITU concluiu que seria necessária a atribuição de faixas adicionais para
expansão do IMT-2000 para atender a regiões de alta demanda por tráfego.
Essa expansão corresponderia a 2 x 31.5
MHz para o ano 2005 e 2 x 67 MHz para 2010. A WARC 2000 definiu essa
expansão através das faixas de 806 – 890 MHz, 1.710 – 1.885 MHz e 2.500
– 2.690 MHz para a componente terrestre [Wrc00a], [Wrc00b] e 1.525
– 1.544 MHz, 1.545 – 1.559 MHz, 1.610 – 1.626,5 MHz, 1.626,5 – 1.645,5
MHz, 1.646,5 – 1.660,5 MHz e 2.483,5 – 2.500 MHz para a componente satélite
[Wrc00c]. Embora essas faixas adicionais possibilitem a expansão do
IMT-2000 no futuro, o problema de coexistência com faixas de operação de
outros sistemas de comunicação em várias partes do mundo ainda permanecerá.
Torna-se
importante citar que a ANATEL atribuiu as faixas de 1.885 – 1.900 MHz, 1.950
– 1.980 MHz e 2.140 – 2.170 MHz para uso pelo IMT-2000. Essas faixas
coincidem com grande parte daquelas atribuídas na WARC de 1992.
Um outro ponto
importante a considerar se refere à natureza assimétrica dos dados que
predominantemente trafegarão pelas redes 3G, necessitando de maior capacidade
no link direto que no link reverso e, por conseqüência, atribuições assimétricas
de banda [3].
[1] A citada alteração se deve ao fato da sigla IMT-2000 ser mais facilmente pronunciável que FPLMTS. O número 2000 foi adicionado à sigla para indicar que os serviços oferecidos pelo IMT-2000 se iniciariam por volta do ano 2000, em torno da faixa principal de 2000 MHz.
[2]
A WP 8F foi criada recentemente,
tendo sido anunciada pela ITU por meio da Carta-Circular 8/LCCE/74, de 3
de dezembro de 1999, substituindo o antigo TG 8/1, que foi extinto. Sua
missão é conduzir os trabalhos relacionados com o IMT-2000 e sistemas
mais avançados.
[3]
Vale ressaltar que as técnicas de múltiplo acesso TDMA e CDMA permitem
que seja implementada assimetria nas taxas dos links direto e reverso sem
a necessidade de destinar faixas assimétricas de freqüências. Essa
tarefa é um tanto mais complexa no TDMA que no CDMA.
[4] Para que estruturas como construções e vegetação possam ser levadas em conta na predição de cobertura e análise de interferências para o planejamento de um sistema celular, torna-se necessário que as informações topográficas na forma digital tenham grids mais estreitos.
[5] Em [Jac94] pode-se encontrar relevantes e clássicas colaborações ao estudo da propagação em canais de rádio móvel. A ITU também possui importantes recomendações relacionadas à propagação em sistemas de comunicação ponto-a-ponto e ponto-área. Veja também o Apêndice 1 de [R1225]. Lá podem ser encontrados modelos de propagação incluindo modelos para perdas e desvanecimento em vários ambientes.