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SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO MÓVEL DE TERCEIRA GERAÇÃO (4) |
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Autor: Dayani Adionel Guimarães |
V. RTTs Propostas para o IMT-2000
Uma RTT em um
sistema de telecomunicações reflete a combinação de tecnologias e
conceitos associados a um sub-sistema de transmissão via rádio. Um sistema
de telecomunicações é governado por condições ambientais/de mercado e
regulatórias; causando impactos nesse ambiente/mercado e permitindo medidas
de desempenho e de satisfação dos clientes. Esse sistema é composto
basicamente pelas entidades [R1225]: gerenciamento da qualidade, satisfação
de clientes, rede de gerenciamento das telecomunicações (TMN),
infra-estrutura de rede e tecnologia de transmissão via rádio (RTT). A RTT
combina os seguintes elementos:
- Técnicas de acesso, duplexação e modulação;
- Codificação de canal e interleaving;
- Parâmetros do canal de RF tais como largura de faixa, alocação e espaçamento de freqüências;
- Estrutura de canal físico e de multiplexação e
-
Estrutura de quadro.
Outros detalhes
sobre essas definições podem ser obtidos na Rec. ITU-R M.1225 [R1225].
Muitas diferentes
propostas de RTTs foram submetidas à ITU. O UWCC (Universal
Wireless Communication Consortium) e outras organizações ligadas à
evolução do padrão DECT, e da tecnologia TDMA de um modo geral, submeteram
planos de tal forma que as RTTs fossem baseadas em múltiplo acesso TDMA.
Todas as outras propostas para a componente terrestre do IMT-2000 foram
baseadas em CDMA faixa larga, sendo as principais o cdma2000 e o W-CDMA.
Membros do ETSI e aqueles ligados à evolução do padrão GSM, incluindo
fornecedores de infra-estrutura como Nokia e Ericsson, optaram pelo W-CDMA. A
comunidade Americana defensora do CDMA, encabeçada pelo CDG (CDMA
Development Group) e incluindo fornecedores de infra-estrutura como a
Qualcomm e Lucent Technologies, optaram pelo cdma2000.
Como já
mencionado, para cobertura global o IMT-2000 contará com as componentes
terrestre e satélite. As componentes terrestre e satélite são
complementares, com a componente terrestre oferecendo cobertura em áreas com
densidade populacional considerada adequada em termos econômicos (tipicamente
áreas de grande densidade populacional) e a componente satélite oferecendo
cobertura nas outras áreas do globo (áreas com baixa densidade populacional
e/ou pontos de difícil acesso).RTTs
da Componente Terrestre
A componente
terrestre do IMT-2000 deverá possuir, basicamente, a configuração típica
dos sistemas celulares atuais em uma arquitetura também típica contendo os
principais elementos:
- Estação de rádio base (BS, Base Station) (em certos casos com funções distribuídas entre um controlador de estações base (BSC, Base Station Controller) e uma estação transceptora (BTS, Base Transceiver Station), como nos sistemas GSM);
- Central de comutação e controle (MSC, Mobile Switching Center);
- Registro de localização de visitantes (VLR, Visitor Location Register);
- Registro de localização de residentes (HLR, Home Location Register);
-
Centro de autenticação (AuC, Authentication
Center); etc..
As MSCs deverão
possuir interfaces para conexão com a PSTN, com a RDSI e outras redes de
dados e com uma rede de sinalização (exemplo ANSI-41 e/ou GSM MAP evoluídas).
Pontos dessa rede de comunicação móvel terrestre deverão servir como
pontes (gateways) com a rede satélite
do IMT-2000, possibilitando cobertura e roaming
global.
Os
parágrafos a seguir descrevem sucintamente as principais características das
RTTs propostas
à ITU para componente terrestre do IMT-2000. Detalhes sobre cada uma delas
podem ser obtidos em [ITU99a].
RTT
DECT – O padrão DECT (Digital
Enhanced Cordless Telephony) é um dos mais bem aceitos no mercado
mundial. Trata-se não simplesmente de um sistema cordless
convencional, mas de uma técnica de acesso com suporte para conexão do usuário
a vários tipos de redes (GSM, RTPC, RDSI, X.25, AMPS, NMT, TACS, LAN e MAN
conforme IEEE 802). Dessa forma o DECT difere de um sistema de comunicação móvel
típico, para o qual as especificações abrangem toda a rede. No DECT as
redes pública e local não fazem parte do escopo dessas especificações.
Somente a interface de rádio, aplicações e os protocolos de interconexão são
objetos de especificação do padrão. A RTT DECT foi proposta pelo ETSI para
operação em ambientes interiores, exteriores pedestres até 500 m e
exteriores WLL até 10 km.
RTT
UWC-136 – Trata-se de uma interface de rádio
para a componente terrestre do IMT-2000 proposta pelo sub-comitê técnico
TR45.3 da TIA (USA) e baseada em múltiplo acesso TDMA. Essa RTT corresponde a
uma evolução do padrão EIA/TIA/136 de segunda geração. Dentre as
implementações tecnológicas dessa proposta destacam-se: alocação de banda
por demanda, códigos Turbo, diversidade na transmissão, antenas adaptativas
na estação base e na estação móvel, saltos em freqüência e temporais (frequency
and time hopping), codificação de canal no domínio do tempo e do espaço
(space-time coding) e supressão de
interferências. Além de canais de 30 kHz, o UWC-136 suportará canais de 200
kHz (outdoor, veicular) e 1,6 MHz (indoor).
RTT
WIMS W-CDMA – A RTT para a componente
terrestre do IMT-2000 WIMS W-CDMA (Wireless
Multimedia & Messaging Service W-CDMA)
foi proposta pelo comitê TR46.1 da TIA com o propósito de harmonização com
as propostas do ETSI e ARIB, com bandas de 5, 10 e 20 MHz. A técnica de múltiplo
acesso utilizada é o WCDMA [Mil00] com
espalhamento por seqüência direta (DS-CDMA) no link direto e reverso para o
WIMS FDD e WCDMA no link direto e S-TDMA
(Statistical Time-Division Multiplexing)
no link reverso para o WIMS TDD. O WIMS não prevê a utilização de grande
parte das tecnologias previstas para as outras RTTs, apenas podendo ser
destacadas: antenas adaptativas e alocação dinâmica de slots.
RTT
TD-SCDMA – Proposta pela CATT
(China
Academy of Telecommunication Technology), essa RTT para a
componente terrestre do IMT-2000 corresponde a uma combinação de múltiplo
acesso TDMA e CDMA Síncrono (SCDMA). A banda mínima para operação do
sistema é de 1,4 MHz, sendo que a banda total necessária depende do
planejamento e desdobramento do sistema e das exigências dos usuários. Técnicas
como antenas inteligentes, códigos Turbo, diversidade temporal e em freqüência,
software radio e o próprio CDMA Síncrono
são destaques dessa proposta.
RTT
W-CDMA – Proposta pela ARIB (Japão) para
compor a parte terrestre do IMT-2000, essa RTT é baseada em múltiplo acesso
WCDMA síncrono ou assíncrono, com bandas suportadas de 1,25; 5; 10 e 20 MHz
e operação TDD ou FDD. Dentre as implementações tecnológicas de destaque
na RTT W-CDMA podem ser citadas: diversidade no link direto, técnicas de
localização de terminais (positioning
function) [1],
cancelamento de interferências, antenas adaptativas, VSF e multi-códigos de
espalhamento (multi-code) [2]
e codificação de canal Turbo.
RTT
W-CDMA II – Essa proposta de interface de rádio
para a componente terrestre do IMT-2000, baseada na técnica WCDMA assíncrona,
foi feita pela TTA da Korea do Sul e denominada por essa proponente de Global
CDMA II. Segundo a TTA a operação assíncrona aliviaria as dificuldades de
operação e desdobramento do sistema. Dentre as principais implementações
tecnológicas da proposta destacam-se: fatores de espalhamento variáveis (VSF)
em bandas de 1,25; 5; 10 e 20 MHz,
transmissão de dados por comutação de circuitos e de pacotes nas taxas
exigidas pela ITU, cancelamento de interferências, codificação de canal múltipla.
RTT UTRA – A RTT UTRA (UMTS Terrestrial Radio Access), bastante similar à RTT W-CDMA da ARIB Japonesa, foi proposta pelo SMG/SMG2 do ETSI para a componente terrestre do IMT-2000 e corresponde à iniciativa Européia para a formulação da interface aérea do sistema de terceira geração UMTS. Essa RTT é baseada em múltiplo acesso WCDMA e W-C/TDMA (ambos com espalhamento por seqüência direta, DS-CDMA) e possui uma subdivisão de acordo com o modo de duplexação proposto: UTRA TDD (múltiplo acesso W-C/TDMA) e UTRA FDD (múltiplo acesso WCDMA). A banda mínima para operação TDD é de 1 x 5 MHz e para operação FDD é de 2 x 5 MHz. As bandas de canal podem ser de 5, 10 ou 20 MHz, dependendo da taxa de dados requerida. As implementações tecnológicas de destaque são: codificação de canal Turbo, antenas adaptativas, diversidade na transmissão, detecção multi-usuários (multi-user detection), códigos de espalhamento múltiplos (multi-code) e espalhamento fixo ou código de espalhamento único e VSF, técnicas de localização de terminais (position location). Outras informações detalhadas sobre as RTTs UTRA FDD e UTRA TDD podem ser encontradas em [Pra00].
[1] O Capítulo 9 de [Pra00] apresenta alguns detalhes sobre as técnicas de determinação das coordenadas de uma estação móvel (mobile station positioning).
[2] Na transmissão multi-códigos um link consiste de múltiplos canais físicos dedicados e representados, cada um, por um código de espalhamento distinto dos demais.