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SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO MÓVEL DE TERCEIRA GERAÇÃO (09) |
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Autor: Dayani Adionel Guimarães |
Evolução
do Padrão IS-95
Na sua versão 2G/2,5G
o padrão de telefonia celular/PCS digital CDMA IS-95 (TIA/EIA/95-B) possui como
características básicas:
-
Sistema de telefonia celular/PCS CDMA.
-
Desenvolvido pela Qualcomm®;
aplicação comercial em 1994.
-
Sistema dual-band
(800/1.900 MHz) & dual-mode
(digital CDMA / analógico AMPS) com acesso CDMA/FDMA e duplexação FDD (45
MHz).
-
Largura de faixa de transmissão:
1,25 MHz.
-
Utiliza técnica de espalhamento
espectral por seqüência direta.
-
Link direto: 64 códigos Walsh para
ortogonalidade entre os usuários, seqüência longa (comprimento de 242
- 1 chips) à taxa de 19.200 bit/s
para embaralhamento, espalhamento em quadratura por seqüências piloto de
comprimento 215 chips a 1,2288 Mcps.
-
Link reverso: códigos Walsh para
modulação ortogonal; espalhamento pelo código longo (1.2288Mchips/s)
e, em quadratura, pelo código piloto (1,2288 Mcps).
-
Codificação convolucional de canal
com taxa 1/2 no link direto e 1/3 no link reverso.
-
Canal piloto para sincronismo, detecção
coerente e medida de intensidade de sinal no terminal móvel (período de
transmissão do sinal espalhado sem dados).
-
Soft
Capacity, Soft Handoff [Pan00, p.
81-84]; receptor RAKE.
-
Taxa de transmissão variável em função
da atividade da voz.
A evolução do sistema CDMA
IS-95 rumo à 3G parte das versões 2G e 2,5G TIA/EIA/95-A e TIA/EIA/95-B,
passando pelas etapas CDMA MC-1X ou CDMA 1XRTT (canais de 1 x 1,25 MHz) e CDMA
MC-3X ou CDMA 3XRTT (canais de 3 x 1,25 MHz, com 3 portadoras), até que todas
as especificações do cdma2000 sejam alcançadas. Vale lembrar que o cdma2000
corresponde a uma das RTTs propostas para o IMT-2000 e sua implementação na
família de sistemas IMT-2000 corresponde ao IMT-MC (IMT-2000 Multi
Carrier).
As especificações atuais do
CDMA são às vezes referenciadas como IS-95C e correspondem à fase 1 de
implementação do cdma2000 [TIA00a], também conhecida por CDMA 1XRTT. As
atuais implementações do padrão têm como principais características
[Pan00]:
-
Melhorias no quesitos
capacidade, cobertura e eficiência espectral;
-
Maiores taxas de dados
(64 a 144 kbit/s), incluindo transmissão de dados por comutação de pacotes;
-
Maior tempo de duração
da bateria no modo stand-by;
-
Processos de handoff
mais eficientes.
As principais alterações de
hardware de forma a atender as características anteriormente
citadas são [Pan00]:
No link direto:
-
Controle de potência
mais rápido e preciso;
-
Substituição da modulação
BPSK por QPSK, com 128 funções Walsh;
-
Redução no overhead
por soft-handoff
[1].
No link reverso:
-
Redução de retardo no
processo de controle de potência;
-
Uso de modulação BPSK
com detecção coerente auxiliada por código piloto;
-
Uso de codificação de
canal com taxa 1/4 ao invés de 1/2 e 1/3.
A Qualcomm está realizando
esforços no sentido de desenvolver uma especificação proprietária que
possibilitará também maior capacidade, melhor cobertura e eficiência do
sistema CDMA e que será otimizada para altas taxas para serviços que exijam
transmissão de dados por comutação de pacotes. Essa iniciativa, que possui o
nome de CDMA-HDR ou 95-HDR (HDR, High Data
Rate) poderá retardar a expansão comercial do cdma2000. Mais detalhes
podem ser encontrados em [Pan00, p. 85].
Terminais MC-1X operam em
redes 95A a 14,4 kbit/s, em redes 95B a velocidades até 114 kbit/s e operarão
em redes 1X e 3X a velocidades de até 307 kbit/s. Os terminais MC-3X operarão
em redes 95A a 14,4 kbit/s, em redes 95B a velocidades até 114 kbit/s, em redes
1X a 307 kbit/s e em redes 3X a velocidades de até 2 Mbit/s, com terminais single-mode [CDG00].
Os terminais nas versões 95A
operarão normalmente a 14,4 kbit/s nas redes 95A, 95B, MC-1X e MC-3X. Os
terminais nas versões 95B operarão a 14,4 kbit/s nas redes 95A e 114 kbit/s
nas redes 95B, MC-1X e MC-3X, com terminais single-mode
[CDG00].
A fase 2 de evolução do
IS-95 (MC-3X ou 3XRTT) deverá acontecer por volta do final de 2001 e início de
2002.
Evolução
das Redes
As
redes 3G, assim como grande parte das interfaces de rádio, sofrerão evoluções
a partir das atuais redes 2G/2,5G de forma a proteger o investimento feito pelas
operadoras que dessa forma não terão que substituir sua infra-estrutura de
rede atual por uma totalmente diferente e em um único passo. Essa evolução
também permite que as operadoras ofereçam novos serviços conforme o mercado
demandar, minimizando os riscos de altos investimentos sem o devido retorno.
As redes de deverão
ser compatíveis com os principais protocolos de sinalização de redes GSM MAP
e ANSI-41 evoluídos, assim como com redes IP. O GPRS deverá ser a técnica que
dará suporte à transmissão de dados por comutação de pacotes. No que diz
respeito aos protocolos GSM MAP e ANSI-41 reside um grande obstáculo a ser
transposto: a compatibilização das sinalizações quando se trata da evolução
das redes GSM (que utilizam o protocolo GSM MAP) e das redes IS-95 e IS-136 (que
utilizam o ANSI-41) de forma a permitir o roaming
transparente ao usuário, através de algum tipo de “conversor de
protocolos”.
A
parte principal da rede (core network) poderá utilizar quaisquer tecnologias de transporte,
mas certamente estas serão baseadas em tecnologias que permitem transmissão de
dados por comutação de pacotes como ATM e IP. Deverá existir na rede uma
combinação de roteadores IP e nós de comutação ATM interconectados por
links ponto-a-ponto e técnicas como o IP sobre ATM que utiliza comutação ATM
para multiplexar tráfego IP. Essa arquitetura IP sobre ATM deverá também
suportar tráfego de voz sobre IP.
De forma alternativa
poder-se-á ter redes do tipo IP sobre estruturas de transporte do tipo SONET/SDH.
Nessa opção a camada ATM é eliminada e links ponto-a-ponto são estabelecidos
diretamente entre roteadores IP e anéis SONET/SDH que utilizarão, por exemplo,
DWDM (Dense Wavelength-Division Multiple
Access) como forma de multiplexação.
VIII.
Trabalhos de Padronização da 3G
O processo de
padronização da próxima geração de sistemas de comunicação móvel teve início
com a criação pela ITU do Interim
Working Party 8/13 (IWP 8/13), já em 1985. O grupo de estudos ITU-R-TG 8/1
(Task Group 1 of Radio
Communications Study Group 8), agindo como “arquiteto” do IMT-2000,
elaborou uma série de recomendações cobrindo vários aspectos da interface de
rádio e de espectro tanto da componente satélite quanto da componente
terrestre do IMT-2000. A Tabela 8 apresenta
uma síntese dessas recomendações. Uma extensa lista das recomendações
da ITU referentes ao IMT-2000, com comentários, pode ser encontrada ao final da
Rec. ITU-R M.1308-1 [R1308] e no item 4 da
Rec. ITU-R M.1225 [R1225]. Uma outra lista, ainda mais completa, pode ser
encontrada no item 4 da Rec. ITU-R M.[IMT.RSPC] [Rrspc].
No. da Rec. |
Descrição sucinta |
M.682-7 | Conceitos e objetivos do IMT-2000 |
M.816-1 | Serviços suportados |
M.817 | Arquitetura de rede |
M.818-1 | Operação via satélite |
M.819-2 | O IMT-2000 em países em desenvolvimento |
M.1034-1 | Requisitos para a interface de rádio do IMT-2000 |
M.1035 | Funcionalidade das interfaces e subsistemas de rádio |
M.1036 | Operação nas bandas 1.885-2.025 e 2.110-2.200MHz |
M.1078 | Princípios de segurança |
M.1079 | Performance para voz e dados na banda de voz |
M.1167 | Componente satélite do IMT-2000 |
M.1168 | Gerenciamento no IMT-2000 |
M.1223 | Avaliação de mecanismos de segurança |
M.1224 | Vocabulário de termos sobre o IMT-2000 |
M.1225 | Guia para avaliação das RTTs para o IMT-2000 |
Tabela
8
–
Recomendações da ITU sobre o IMT-2000 [Sin00].
Enquanto isso,
aspectos como serviços, engenharia de tele-tráfego, codificação de voz,
planos de numeração e outros itens de rede estavam sendo considerados por
outros grupos de estudo. A Tabela 9 ilustra a divisão de responsabilidades no
processo de padronização do IMT-2000.
Órgão |
Responsabilidade |
ITU |
Coordenação
global do IMT-2000 |
ITU-R |
Aspectos
de rádio |
ITU-T |
Aspectos
de rede |
SG
2 (da ITU-T) |
Serviços,
numeração, etc. |
SG
4 (da ITU-T) |
Gerenciamento |
SG
11 (da ITU-T) |
Protocolos
de sinalização |
SG
7 (da ITU-T) |
Segurança |
SG
16 (da ITU-T) |
Codificação,
compressão, multiplexação |
TG
8/1 (da ITU-R) |
Aspectos
sistêmicos e de rádio |
Tabela
9
– Divisão
de responsabilidades pela padronização do IMT-2000 [ITU00]
Em 1998 iniciou-se o
processo através do qual as propostas para a composição das RTTs para o
sistema IMT-2000 poderiam ser enviadas à ITU (TG 8/1) para avaliação.
As iniciativas de
padronização em todo o mundo se iniciaram e ainda em 1998 foi criado o 3GPP (Third
Generation Partnership Project) a partir do acordo entre seis organismos de
padronização, incluindo o ETSI da Europa, ARIB e TTC do Japão, CWTS da China,
T1P1 dos Estados Unidos e o TTA da Korea. Ao 3GPP foi dada a responsabilidade
pela preparação, aprovação e manutenção das especificações técnicas e
relatórios técnicos (Technical Specifications and Reports) para um sistema de terceira
geração correspondente à evolução da interface de rádio GSM e na
infra-estrutura de rede MAP, com tecnologias de acesso baseadas em duplexação
TDD e FDD. Todas as atividades de padronização do sistema de terceira geração
Europeu UMTS foram transferidas ao 3GPP.
O 3GPP2 foi criado a
partir da colaboração dos organismos padronizadores ARIB e TTC (Japão), CWTS
(China), TIA TR45 (USA) e TTA (Korea) em prol da evolução do sistema de
segunda geração IS-95 em direção à terceira geração. Essa evolução é
baseada na interface de rádio cdma2000 do TR45 da TIA e na infra-estrutura de
rede ANSI-41.
Vale citar que tanto o
3GPP quanto o 3GPP2 não são organismos de padronização. Eles têm a função
de colaborar com e ter influência no processo de padronização do IMT-2000 que
é de responsabilidade da ITU. É importante também ressaltar que vários países
ou grupos de países e empresas de telecomunicações possuem comitês com
assento junto à ITU para a discussão de temas relacionados ao IMT-2000.
No primeiro semestre de 1999 aconteceram várias importantes iniciativas de concordância com o padrão global IMT-2000, iniciativas estas que levaram em conta tanto aspectos políticos quanto comerciais envolvendo os grandes protagonistas das tecnologias TDMA e CDMA. Em março de 1999 destaca-se a compra feita pela Ericsson de toda divisão de infra-estrutura da Qualcomm. Nesse momento ambas concordaram em conceder, uma para a outra, direitos de propriedade intelectual (IPR, Intellectual Property Rights) chaves sobre as tecnologias TDMA e CDMA e também concordaram com as propostas da ITU em relação aos compromissos que deveriam ser atendidos pelas várias propostas de padrões em relação à “família de redes” do IMT-2000.
[1] Devido à implementação de macro-diversidade, durante um soft-handoff CDMA a comunicação com uma nova estação base se inicia antes que termine a comunicação com a estação base antiga. Isso acarreta redução momentânea no número de canais código disponíveis, pois um canal código estará sendo utilizando por um único usuário em mais de uma estação base, ao mesmo tempo.