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Considerações sobre os Efeitos à Saúde Humana da Irradiação Emitida por Antenas de Estações Rádio-Base de Sistemas Celulares (7) |
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Autores: Maurício Henrique Costa Dias e Gláucio Lima Siqueira |
VII.
Comentários Finais
Apesar de o número de pesquisas indicando a segurança dos celulares e principalmente de suas ERBs ultrapassar consideravelmente o de trabalhos que a questionam, a controvérsia gerada entre os cientistas, e a mobilização da população em busca de respostas mais adequadas a suas preocupações foram suficientes para incentivar novas pesquisas. Em particular, o grande questionamento têm sido por estudos sobre efeitos não-térmicos da irradiação emitida pelos celulares, com ênfase na possibilidade de câncer. Tais pesquisas têm sido financiadas principalmente pelas autoridades governamentais de alguns países, pois em geral é delas que se espera um posicionamento mais isento, voltado para o interesse de suas comunidades.
Desde o “caso Reynard”, várias iniciativas de financiamento à pesquisa sobre o assunto em questão tem sido registradas. Um dos esforços mais recentes e de maior vulto foi dado pelo governo britânico, que lançou um programa de 7 milhões de libras para investigar os riscos à saúde. Envolvendo a indústria além do governo, o programa de pesquisa pretende verificar as evidências que vem sendo isoladamente verificadas em animais, nos seres humanos. Dentre os pontos a serem verificados estão: pressão sanguínea; células expostas; funcionamento do cérebro; desempenho do motorista; e risco de câncer ou leucemia. Os primeiros resultados são esperados para daqui a 2 ou 3 anos [16].
Ainda assim, é possível que os
resultados alcançados ainda continuem alvo de controvérsia, pois o padrão de
temor da população em geral ao potencial risco da irradiação dos celulares já
está estabelecido. Mesmo que a comunidade científica se convença em massa da
segurança do sistema, a população parece querer “risco zero”, o que é
matematicamente impossível de se garantir, seja qual for a tecnologia
envolvida.
As próprias autoridades tem muito receio em se posicionar. Afinal, o termo “seguro” traz consigo implicações legais, regulatórias, éticas e mesmo políticas. As agências de saúde se acanham em dizer que a tecnologia celular é segura, mesmo avaliando negativamente evidências sobre possíveis moléstias. A agência européia IARC (International Agency for Research on câncer – Lyon, FR), por exemplo, virtualmente nunca pronuncia um agente testado como sendo “não-carcinogênico”, mesmo com grande volume de dados, e provavelmente não o fará com a energia de RF [3].
Seja qual for o desfecho das
pesquisas mais recentes, a discussão deve continuar. Os celulares se juntam a
outras tecnologias que envolvem eletricidade como radares policiais, terminais
de computadores e linhas de transmissão que tem levantado temores públicos por
causa de seus campos eletromagnéticos. Tais questões são muito difíceis e
levam tempo para responder, e a forma mais apropriada de fazê-las é
identificando perigos reais, mas evitando controvérsias improdutivas [3].
Em particular, a discussão atual centrada nas ERBs que tem dominado a atenção da mídia não-especializada, assustando imprudentemente a população, parece equivocada e exagerada. Mesmo que as pesquisas atuais e futuras venham a apresentar fortes evidências de efeitos não-térmicos, apenas a partir do adequado entendimento sobre tais efeitos será possível redefinir os limites de exposição das atuais diretrizes internacionais de segurança. Ainda que alguns pesquisadores destaquem o papel da freqüência propriamente dita como parâmetro fundamental, fisicamente não é lógico assumir que mesmo um efeito biológico não-térmico não seja proporcional à intensidade de irradiação de exposição. Diante deste argumento, e de acordo com a discussão ao longo deste trabalho, se há alguma situação que mereça hoje alguma consideração mais veemente, é a do uso prolongado do próprio telefone celular.
Enquanto isso, por mera precaução,
sem nenhuma base sólida em aspectos de saúde, os mais preocupados podem tomar
algumas medidas relacionadas ao aparelho, tais como: diminuir o uso; evitar o
uso em áreas de sinal fraco; ou usar um fone de ouvido. Com relação às ERBs,
com base no conhecimento atual, a única recomendação plausível é solicitar
às autoridades que fiscalizem os níveis de irradiação apenas nas
proximidades das ERBs, verificando a possibilidade do sinal exceder os níveis
de segurança das diretrizes internacionais em algum ponto de acesso irrestrito
ao público em geral.