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Éder Souza e Silva e Érico Sandre Mendonça Machado |
5. EXEMPLO NA BUSCA DA QUALIDADE DE UMA EMPRESA
BRASILEIRA
Este capítulo apresenta o processo de gerenciamento de qualidade dentro de uma
empresa brasileira que atua no ramo financeiro, demonstrando como ocorre este
gerenciamento com todos os projetos da área de tecnologia e como ele é
executado nos novos projetos separadamente.
5.1 O ESCRITÓRIO DE PROJETOS
O processo de gerenciamento de qualidade começou com a implantação de um
escritório central de qualidade, onde todos os projetos necessitavam da
validação de seus artefatos de desenvolvimento de sistemas deste escritório.
Esta avaliação acontecia através de uma técnica desenvolvida internamente
chamada de “Revisão Técnica de Projetos (RTP)”.
A RTP acontecia por meio do trabalho de colaboradores distribuídos entre as
diversas equipes de projetos, que eram convocados para participar da validação
dos artefatos gerados por uma determinada equipe. Estes artefatos eram
baseados na metodologia interna de gerenciamento projetos, denominada MDS.
A Metodologia de Desenvolvimento de Sistema (MDS) acompanha todo o processo de
desenvolvimento do projeto, desde o período de levantamento dos requisitos até
a implantação do mesmo, visando elencar todas as necessidades do projeto,
tanto dos patrocinadores como da infra-estrutura para que o projeto entre em
funcionamento. Em todas as fases do projeto são gerados artefatos contendo as
informações do projeto, e no final de cada fase os colaboradores são
convocados para efetuarem a validação dos artefatos no procedimento que
chamamos de RTP. O objetivo principal desta revisão é verificar se na fase em
avaliação possui algum erro que possa comprometer a continuidade do processo.
Nos tempos atuais, o Escritório de Projetos contém uma equipe reduzida, se
limitando apenas a prestar um serviço de consultoria para as equipes dos
diversos projetos. As equipes foram formando pessoal especializado na
elaboração e na validação dos artefatos, e as revisões através da RTP estão se
tornando cada vez mais raras, pois estão sendo substituída por outra forma de
verificação, a Revisão por Pares.
A Revisão por Pares ocorre entre membros da própria equipe tornando o processo
mais eficaz e mais rápido, dando uma maior agilidade no desenvolvimento do
projeto. A Revisão por Pares também é registrada em artefato específico, e vem
a ser utilizada para a elaboração de históricos e relatórios estatísticos que
visam melhoria no processo.
5.2 OS NOVOS PROJETOS
Os novos projetos acompanham uma nova metodologia de desenvolvimento de
sistema, que é o Processo Unificado de Construção (PUC). O PUC é baseado na
metodologia conhecida como RUP (Rational Unified Process), onde a grande
diferença com a metodologia anterior a MDS acontece na montagem das equipes,
que antes era reunida por projeto e agora passa a ser formada por meio de
processos.
Porém, o processo de gerenciamento da qualidade não sofre com isto grandes
alterações. Durante os processos são gerados artefatos que continuam sendo
validados através do processo de Revisão por Pares. Além destas revisões
outros processos ganharam uma maior importância como a Gerência de Testes e a
Auditoria efetuada pelos auditores internos no acompanhamento do projeto.
A Gerência de Testes recebe os artefatos gerados pela Gerência de Requisitos e
prepara os casos de teste para que após a construção do software, este seja
verificado se está de acordo com a necessidade do usuário que solicitou o
projeto. A validação do software ocorre não somente nos requisitos, mas também
ocorrem testes de volume de informações processadas, quantidade de usuários
utilizando o sistema concomitantemente, tempo de processamento do software e a
arquitetura desenvolvida para o projeto.
A Auditoria interna verifica se todos os artefatos estão de acordo com o plano
de gerenciamento do projeto, se o cronograma elaborado no início de cada fase
está sendo cumprido, tendo que justificar o fato de algum atraso neste. Esta
auditoria também verifica os custos utilizados até determinado momento do
processo sendo que os momentos de verificação também constam em cronograma
elaborado no início do projeto.
Portanto, o processo de busca da qualidade no gerenciamento de projetos de
software nesta empresa brasileira é um processo contínuo. A busca por uma
metodologia que atenda melhor as necessidades da empresa é constantemente
elaborada por uma equipe dedicada a esta necessidade.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não se pode considerar a qualidade como um simples resultado a ser alcançado,
mas a sua busca precisa ser constante e contínua. Um gerenciamento de
qualidade leva em conta todas as variáveis, para atender as necessidades do
projeto e do produto.
Para Nistor, a qualidade é definida pelo cliente, e o sucesso do projeto vem a
ser medido pelo alcance das expectativas do cliente, e por isto o sistema de
gestão da qualidade e o processo de gerenciamento de projetos devem trabalhar
em conjunto para contribuir com o sucesso do negócio, sendo que cada um deles
opera de uma maneira, sendo complementares em relação entre si. (PM Network,
2005, p. 22)
Assim sendo, o gerenciamento de projetos está indiscutivelmente ligado a uma
gestão da qualidade. O papel do gerente e os objetivos do gerenciamento
encontram-se fortemente relacionados com a obtenção da satisfação do cliente,
que é o foco principal deste gerenciamento. A qualidade é a obtenção de um
resultado, no mínimo satisfatório, sendo que a busca por este fator tem
ultrapassado a idéia de uma satisfação mediana.
O ideal da qualidade ao qual nos referimos está relacionado com a obtenção de
metas específicas que projetem a empresa para um patamar superior,
oportunizando assim, que haja uma vantagem desta empresa em relação a sua
concorrência.
Segundo Rabechini Junior, o número de empresas que tem adotado a metodologia
de gerenciamento de projetos tem crescido substancialmente no país, embora
poucas destas empresas tenham desenvolvido um modelo satisfatório de
gerenciamento de projetos. “E para atingir o sucesso em projetos é preciso
balancear as expectativas dos interessados aos recursos disponíveis,
utilizando conceitos, ferramentas e técnicas para obter a excelência no
gerenciamento de projetos.” (Rabechini et al, 2002).
Desta maneira, é necessário que se reflita na elaboração de um modelo que
possibilite as empresas otimizar os seus resultados, gerenciando os projetos
de forma a alcançar uma maior qualidade, ou como citou o autor, a excelência.
Em um momento em que a competitividade está como já foi citado, acirrando-se
cada vez mais, é preciso pensar na qualidade como uma estratégia de
sobrevivência para a empresa. Se gerenciar é importante, alcançar novos níveis
de qualidade é imprescindível.
O crescente desenvolvimento de novos conhecimentos e estratégias para o
gerenciamento de projetos tem influenciado diversas áreas e proporcionado
inúmeros benefícios em todos os aspectos. Um gerenciamento de qualidade
proporciona uma melhor relação entre custos e prazos, além de melhorias na
qualidade do produto ou serviço do qual o projeto trata.
No momento atual, em que a concorrência e a competição estão sobremaneira
aguçadas, e os padrões de qualidade se tornam a cada dia mais exigente, o
mundo dos negócios tem evoluído para patamares mais complexos. Dentro deste
panorama, a satisfação dos requisitos referentes ao desempenho dos projetos
tem se tornado um ponto mais elevado a ser plenamente atingido.
Portanto, a busca pela qualidade precisa ser uma preocupação efetiva,
processual e constante, utilizando as técnicas e ferramentas mais eficazes e
modernas para que haja uma maior facilidade e agilidade no processo. O
processo de gerenciamento da qualidade descrito no PMBOK deve servir como
embasamento para o gerenciamento do projeto, servindo de base para o trabalho
das empresas que desejam não apenas a sua mera manutenção no mercado, mas
buscam oferecer excelência e alcançar novos níveis de satisfação e produção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Amorim, Lívia N. Gerenciamento de Qualidade, Uma Nova Disciplina para o RUP.
Fortaleza: UNIFOR, 2005.
- Dellans, Jacques. O Gerenciamento de Projetos no Século XXI. São Paulo:
UNESP, 2001.
- Fernandes, Aguinaldo Aragon - Gerência Efetiva de Software Através de
Métricas. Aguinaldo Aragon Fernandes. São Paulo: Atlas, 1995.
- Mendes, João Ricardo Barroca. Gerenciamento de Projetos – Na visão de um
Gerente de Projetos. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda, 2006.
- Gervazoni, Thiago P. Conceitos Básicos de Gerenciamento de Projetos.
Disponível em
http://br.thespoke.net/myblog/Tpastorello/myblog.aspx, acessado em
11/01/2008.
- PM Network, edição 2005, traduzido por Rodrigo Fernandes.
Disponível em
www.pmimg.org.br/Geral/visualizadorConteudo.aspx?cod_areaconteudo=423,
acessado em 12/01/2008.
- Rabechini Jr., Roque. Fatores Críticos para implementação de gerenciamento
por projetos. Revista Produção, volume 12, número 02, 2002. Disponível em
www.scielo.br/scielo.php?pid=SO103-65132002000200001&script=sci_arttext,
acessado em 11/01/2008.