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Avaliação de alternativas para do bloqueio de comunicação em áreas restritas
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Autor: Fabio Moreira |
Discussão
Com base nos dados levantados, algumas conclusões podem ser feitas:
1) Equipamentos de bloqueio de celular são de tecnologia bastante simples,
abundantes no mundo, podendo ser facilmente desenvolvidos e fabricados no
Brasil, bastando para isso um volume de instalações e posterior manutenção.
2) O monitoramento remoto é fundamental na instalação desse tipo de sistema,
pois retira do funcionário presente no local a responsabilidade da operação do
sistema. Essa iniciativa em conjunto com um sistema de monitoramento remoto
com câmeras auxiliaria muito as autoridades penitenciárias na operação dessas
unidades.
3) O custo de instalação do sistema não é alto, e está mais relacionado com
dificuldade de instalação no ambiente de penitenciárias do que com o custo dos
equipamentos. Uma licitação para cobertura de muitas unidades baixaria
sensivelmente esse preço, uma vez o que os equipamentos poderiam ser
fabricados localmente e uma equipe especializada poderia ser formada.
4) A Anatel já publicou normas para homologação e instalação desse tipo de
equipamento desde 2002, e recentemente coordenou com as empresas de Telefonia
o desligamento das ERBs próximas a presídios. Essa prática é muito mais
complexa do que a instalação de bloqueadores celulares, uma vez que uma ERB
mesmo distante pode ter sinal mesmo fraco com canal disponível pode oferecer
comunicação.
5) A supervisão desse tipo de sistema deve ser feita por pessoal qualificado
em telecomunicações. Isso porque novas tecnologias de comunicação móvel estão
disponíveis a cada dia, e os sistemas devem ser atualizados para conceber esse
avanço. Nesse caso, cada vez as ferramentas serão melhores e coibir seu uso
será mais difícil, porém é perfeitamente possível adotando estratégias
adequadas.
6) Uma política de coordenação nacional para o bloqueio de comunicações seria
de grande valia ao país, com uma solução padronizada e um centro único de
monitoramento para todos os presídios do país.
Uma proposta para reduzir a zero o uso de celular dentro de presídios:
1) Evitar que o celular chegue ao interno.
• Talvez esse seja a ação mais difícil, uma vez que depende demasiadamente da
interação do agente penitenciário e os presos, onde o desequilíbrio de forças
é muito grande, porém com instalação de câmeras e dispositivos de detecção de
metais devidamente conectados a um sistema de monitoramento remoto, essa
iniciativa deveria resolver uma grande parte do problema.
2) Utilizar tela aterrada nas partes internas do presídio
• O uso de telas ligados no terra com distância de pelo menos metade do
comprimento de onda podem bloquear até 100% do sinal. Na prática é difícil
bloquear todo o sinal, porém nas partes internas esse tipo de tela
incorporado, em torno de 7,5 cm dificultaria muito o uso do celular dentro das
celas.
3) Coordenação com Operadoras de celular
• A iniciativa atual de desligar ERBs próximas a presídios é bastante radical,
e é válida apenas em situações de emergência. Porém o planejamento de
cobertura das operadoras deveria levar em conta o posicionamento dos presídios
como zona de silêncio, e portanto não deveriam ter antenas diretamente
apontadas para essas áreas. Entretanto, algum sinal residual sempre seria
detectado.
• Outra maneira é utilizar o sistema de posicionamento do aparelho
celular para bloquear a chamada. Essa técnica é possível porém não é de
simples tratamento dentro da operadora celular, devendo ser usado como recurso
apenas em situações extremas.
4) Sobre o uso de energia elétrica dentro do presídio
• Qualquer dispositivo de comunicação móvel precisa de bateria e
portanto ser recarregado de tempos em tempos. O acesso a energia elétrica,
portanto deveria ser restringido/protegido fisicamente. Essa é uma das
melhores maneiras de bloquear o uso de qualquer equipamento dentro de
presídio. Isso porque considerando novas tecnologias como Wimax, não há nada
que impeça os internos com laptops com acesso a internet dentro das celas.
5) Instalação de bloqueadores de celular
• Conforme mostrado aqui, o custo de instalação de bloqueadores
celulares é regulamentado e de baixo custo. Essa instalação pode ser bastante
rápida e quanto maior o volume de instalações maior a potencial economia.
6) Instalação de monitoramento remoto
• Do ponto de vista técnico, um detector de metais poderia ser tão eficiente
quanto um sistema completo de bloqueadores de celular. Porém, quando o uso
depende de uma pessoa sob pressão, regras podem ser burladas. A única maneira
de se manter uma regra restrita é o funcionário local não ter responsabilidade
sobre o uso e operação do sistema, monitorado remotamente.
7) Instalação de câmeras
• De maneira similar as outras iniciativas, o importante é garantir que
o interno esteja cumprindo com as regras estabelecidas, portanto as câmeras
com transmissão remota são muito importantes, até mesmo para se evitar o
transporte de presos, utilizando a vídeo conferência.
8) Bloqueio de outras formas de comunicação
• Bloquear totalmente a comunicação dos internos tira completamente seu
poder de ameaça aos funcionários do sistema penitenciário e à sociedade.
Portanto, além de bloquear suas chamadas todas suas outras formas de
comunicação devem ser restringidas e monitoradas, como conversas com
advogados, visitas e cartas. O grau de bloqueio pode ser avaliado de acordo
com o risco que o interno apresenta, porém de nada adianta todo bloqueio
tecnológico se outras formas de comunicação permanecem abertas.
Conclusão final
O grande problema que temos hoje com organizações criminosas ameaçando o
Estado e a ordem vem justamente do seu poder de comunicação. Esse poder é tão
grande que impossibilita o cumprimento das regras por parte dos funcionários
do sistema penitenciário e coloca toda sociedade como refém do medo de ataques
coordenados.
Se os líderes dessas organizações não possuírem comunicação, eles serão
colocados de lado e não terão mais poder de ameaça, justamente um dos
objetivos da reclusão.
O mais importante é que o bloqueio de comunicação não é uma discussão técnica,
e sim administrativa e sobretudo política, uma vez que a tecnologia para
realizar o bloqueio é abundante e custos são baixos.
Agradecimentos
Sheila Costa Ramos
Rafael Saraiva Campos
Ricardo Kazuo
Claudia Ferreira de Souza Leite
Eduardo Neger