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Transmissão de dados via rede elétrica (6) |
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Autor: Gabriel Alan Gehm Marques |
Esta página contém uma figura grande. Aguarde a carga se a conexão estiver lenta.
4.1.1: Recuperação e detecção da portadora
Mesmo com o auxílio de um amplificador, o sinal injetado na rede era
recuperado com amplitude da ordem de poucos milivolts na saída do acoplador de
recepção. Para recuperar satisfatoriamente a portadora original foi necessário
encontrar um circuito capaz de amplificá-la e separá-la dos ruídos, para isto
foi implementado um circuito de sintonia baseado em ressonador LC.
Além de sintonizado o sinal precisa ser detectado, para a recuperação do sinal
modulador. Implementou-se um detector simples, um retificador meia-onda a
diodo de germânio, com o capacitor de filtragem em paralelo com uma carga
resistiva.
Este foi dimensionado para filtrar a alta freqüência da portadora e recuperar
o sinal modulador, que no caso era apenas um sinal contínuo. O desenho em
blocos abaixo esquematiza o que foi realizado:
Figura 4: Esquema de sinalização via rede elétrica
4.1.2: Avaliação da qualidade de sinal
Para carregar informação corretamente a portadora precisa ser recuperada
claramente, e o sinal modulador deve ser livre de ruídos, assim para avaliar a
qualidade da transmissão implementou-se uma modulação em amplitude
experimental injetando um sinal de áudio à alimentação do oscilador, e no
amplificador de saída do receptor o sinal foi recuperado e avaliado em função
de cargas (eletrodomésticos) geradores de ruído ligados na rede.
Observou-se que o sinal apresentava esporadicamente um forte ruído de 120Hz,
ainda que os filtros não permitissem passagem de baixas freqüências.
Depois com vários ensaios em osciloscópio foi possível verificar que as
origens do ruído são os retificadores de entrada de fontes chaveadas.
Estes só drenam energia da rede durante os picos da tensão alternada, mudando
o comportamento da rede entre instantes próximos a passagem por zero e
instantes próximos às tensões de pico da senoide de 60Hz. Em casos extremos,
como na rede elétrica da universidade, onde existem muitos computadores
ligados, a fundamental de 60Hz chega a ficar deformada, com os picos
achatados.
4.1.3: Determinação da freqüência
Antes de poder prosseguir era necessário determinar a melhor freqüência de
transmissão, verificando a atenuação da rede em função da mesma. Estudos
prévios da bibliografia mostravam que os fios de uma rede comum têm elevada
indutância, de forma que freqüências na faixa dos megahertz são fortemente
atenuadas.
O uso de freqüências muito baixas também não é indicado, pois sofrem efeito
dos ruídos. Outro fator é a freqüência do sinal que carrega informação, que
como será visto adiante, situa-se na faixa de 600Hz a 2KHz, exigindo uma
portadora de no mínimo 50kHz.
Mas para determinar a melhor faixa é necessário um longo estudo, equipamento
especial e muitos testes de campo, usando as mais variadas cargas existentes
nas residências, e isso em várias instalações elétricas diferentes. Um esforço
muito grande e dispendioso em termos de tempo.
Assim a decisão sobre a freqüência a ser utilizada foi baseada em consulta
bibliográfica, análise de testes de campo realizados por algumas empresas e
disponibilizados ao público, e também a partir de exemplos de tecnologias
comerciais, escolhendo-se 100kHz como portadora para os testes iniciais.
4.2: Codificação do sinal
A transmissão digital de sinais em relação à transmissão analógica possui
numerosas vantagens, como taxa de erros muito inferiores, maior facilidade
para multiplexação, menores custos na implementação e compatibilidade direta
com o controle baseado em eventos discretos, predominante na automação
residencial.
Estudaram-se então as técnicas de codificação digital de informação comumente
utilizadas com transmissão baseada em portadoras, como ASK (Amplitude Shift
Key), FSK (Frequency Shift Key) e PSK (Phase Shift Key) em banda base.
Como a portadora chega ao receptor com variações de amplitude, por vezes muito
rápidas, em função de cargas da rede e ruídos, a codificação ASK não é
adequada para este tipo de aplicação.
O próximo passo era descobrir uma maneira viável, tanto economicamente quanto
em relação ao tempo, de implementar alguma das alternativas restantes, mas
constatou-se que isto exigiria o desenvolvimento do circuito de codificação e
decodificação, relativamente complexo.
Nossas pesquisas nos levaram então a procurar algum tipo de hardware
integrado, que já implementasse um protocolo de codificação resistente a
ruídos e confiável, assim a codificação escolhida foi a Dual-Tone
Multi-Frequency descrita a seguir.
4.2.1: Protocolo DTMF
DTMF (Dual-tone multi-frequency) é um tipo de codificação digital de dados
baseada em chaveamento de freqüências (FSK) com múltiplas freqüências de base
(MFSK), utilizado para transmitir dados na faixa de áudio correspondente à
voz.
Atualmente é utilizado por quase todos os sistemas telefônicos do mundo para
enviar informações à central telefônica através da chamada discagem por tom. O
protocolo foi desenvolvido pelo Bell Labs, uma divisão da AT&T responsável por
pesquisas na área de telefonia, na década de 50, no intuito de permitir que
informação de discagem pudesse passar através de conexões de longa distância,
potencialmente em meios sem-fio como microondas ou satélites.
A codificação consiste em escolher dois tons de entre oito freqüências
definidas, permitindo quatro possibilidades para cada tom, com um total de 16
combinações (4x4). Assim é possível transmitir uma palavra de 4 bits (um nible)
a cada mudança de tom, e um byte (8 bits) a cada duas mudanças.