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Padrão para TV Digital
Brasileira: o Limite do Sistema Canal de |
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Autores: Marcus Aurélio Ribeiro Manhães e Pei Jen Shiehs |
5. Plano de canalização: cobertura de um sistema de TV Digital
Medidas de planejamento foram preestabelecidas no Brasil para a transição da
televisão analógica para a digital. O
recurso de espectro é um ponto bastante crítico neste sentido. Os estudos
comparativos das tecnologias forneceram
dados que, de modo acertadamente conservador, permitiram a elaboração do Plano
Básico de Distribuição de Canais
Digitais- PBTVD[9]. Os canais das faixas do espectro compreendidas como VHF e
UHF foram criteriosamente
distribuídos de modo a garantir a implantação do SBTVD com:
• reserva de espectro radioelétrico para implantação da TV digital;
• canalização com ocupação de 6MHz de banda;
• manutenção das emissoras analógicas até a transição final;
• fase de transição simulcast com emissoras analógicas e digitais;
• proteção em interferência mútua analógico-digital;
• fase futura somente com emissoras digitais;
• ocupação dos canais digitais nas faixas VHF alto(7 a 13) e UHF (14 a 59);
• revisão das relações de proteção;
• possibilidade ou não de SFN - redes de freqüência única;
• reserva dos canais UHF 60 a 69 a serem utilizados estrategicamente;
• não impedimento da implementação de interatividade;
• harmonização de coberturas analógico-digital;
• adoção de parâmetros técnicos conservadores;
• privilégio para recepção interna na áreas urbanas;
• nível de recepção (Intensidade de Campo) mínimo determinado para contorno
protegido das curvas de
propagação E(50,50) para analógico e E(50,90) para digital;
• nível de recepção estabelecido em relação a qualidade mínima de vídeo no
ponto de recepção, obtido de forma
experimental, sem determinação de taxa de erro (BER) relativa ao limite C/N
(sinal/nível de ruído) para o pior
caso e equivalente a 19dB.
Este trabalho minucioso foi desenvolvido para garantir a convivência de
recepção de sistemas analógicos e digitais
em simulcasting, com níveis mínimos na qualidade do sinal digital recebido,
estabelecido frente às informações de
vídeo. Consideramos a qualidade de imagem a condição mais severa dentre as
demais exigências de desempenho de
qualidade do TS. A figura 4 é uma representação da transmissão dos sinais,
onde uma determinada potência é
empregada no transmissor TX para que atinja um receptor RX a determinada
distância, com intensidade de campo
suficiente para garantir a relação C/N de 19 dB, admitindo perdas relativas à
propagação e sinais interferentes.
Figura 4: Representação da transmissão dos sinais
Em relação ao plano de canalização e cobertura do sistema, é importante
compreendermos que o paradigma aplicado
enfatiza o nível de recepção na distância limite de cobertura pretendida, a
qualidade mínima admitida para o sistema,
em relação à imagem - o sinal de vídeo, e a relação conservadora do nível
médio de recepção acima do nível médio
de ruído, considerando as interferências adicionais. Para que esse paradigma
se concretize, é estabelecida uma
determinada potência de transmissão para o canal destinado que atinja a
distância desejada na qualidade requerida,
uma vez que os efeitos de propagação são dependentes da freqüência. Além
disso, o valor C/N adotado é aquele que
corresponde aos padrões que adotam a modulação COFDM, que exigem maior nível
de recepção acima do ruído.
Cabe, ainda, ressaltar que tal exigência é dependente da eficiência de
codificação adotada nestes padrões, bem como
da construção dos receptores, enfatizando o amplificador de baixo ruído,
conversor de freqüência e filtro de
seletividade.
6. Premissas
Tendo como base o Decreto Presidencial 4.901 de 26 de novembro de 2003 e os
pontos discutidos nos capítulos 2 a
5, destacamos a seguir condições básicas do SBTVD e algumas premissas que
constroem uma óptica de
determinação, ou escolha, do modelo de exploração e do padrão brasileiro com o
objetivo de implementar o Sistema
Canal de Interatividade.
Condição básica 1 - O SBTVD deverá viabilizar o Sistema Canal de
Interatividade
O Decreto Presidencial 4.901 demanda soluções de inclusões social e digital a
partir do Projeto do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital – SBTVD. Para atender plenamente ao decreto, é
fundamental o estabelecimento de
um Sistema Canal de Interatividade, permitindo aos usuários:
• buscar informações complementares àquelas veiculadas nos programas;
• acessar serviços interativos, como e-gov, educação à distância, transações
bancárias, votação,
• etc.
Condição básica 2 - Área de cobertura
O Canal de Descida do Sistema Canal de Interatividade deverá obter a mesma
área de cobertura do sistema de
televisão digital, com uma capacidade adicional de transporte de dados,
dependente do que o modelo de exploração
e o padrão permitirem.
Premissa 1 – Robustez única no ATSC
O padrão ATSC admite uma única robustez para todo o TS. Isso implica em não
flexibilização ou diferenciação de
serviços que são carreados no TS, pois todos os dados são tratados com a mesma
hierarquia e confiabilidade.
Premissa 2 – TS fixo
O padrão ATSC tem um limite fixado para o TS em 19,39Mbps. Para a viabilidade
do Sistema Canal de
Interatividade é necessário um comprometimento dos codificadores de vídeo e
uma limitação de programas,
conforme as premissas 6, 7 e 8.
Premissa 3 - Modulação hierárquica
Os padrões DVB-T e ISDB-T admitem modulação hierárquica. Tal flexibilidade
pode permitir que a robustez seja
diferenciada por serviços, onde a parcela de dados correspondentes a
informações menos críticas do que vídeo, por
exemplo, podem ser codificados de modo menos robusto ou com esquemas de
modulação para maiores taxas.
Premissa 4 - Decodificação hierárquica
Para que a modulação hierárquica seja utilizada explorando-se todas as suas
possibilidades de flexibilização, os
receptores deverão permitir a decodificação hierárquica.
Premissa 5 - Variação no TS
Os padrões DVB-T e ISDB-T admitem variação na taxa limite para TS,
considerando-se modulação hierárquica,
modelos de negócio, robustez diferenciada e variações nos níveis de
transmissão. Elevando-se a taxa líquida do TS,
pode-se viabilizar o Sistema Canal de Interatividade em taxas adicionais aos
19,36Mbps, mantendo um pacote de
dados mínimo para a radiodifusão.
Premissa 6 - Vídeo HD – MPEG 2
Adotando-se a codificação de vídeo em alta definição - HD, com codificadores
MPEG 2 não será possível a reserva
de dados num TS de 19,36Mbps para a viabilidade do Sistema Canal de
Interatividade. Esta premissa impõe que a
etapa de modulação forneça uma solução para o Sistema Canal de Interatividade.
Premissa 7 - Programa SD
Adotando-se a codificação de vídeo em definição standard - SD, com
codificadores MPEG 2, para se estabelecer
reserva de dados no TS para o Sistema Canal de Interatividade deve-se reduzir
o número de programas. Benefícios
da modulação também poderão ser adicionalmente utilizados para a realização do
Sistema Canal de Interatividade.
Premissa 8 - Codificação H264
O Sistema Canal de Interatividade poderá ser viabilizado com a adoção de
codificadores de vídeo H264 em
configurações de alta definição – HD e de definição standard – SD, ou ainda na
combinação das mesmas. Neste
modelo, a reserva de dados para o Sistema Canal de Interatividade poderá ser
beneficiada de forma significativa,
especialmente com a adoção de modulação hierárquica.
Premissa 9 - Variação de Potência no TX
Uma elevação de potência nos transmissores poderá exigir menor robustez a ser
obtida através das técnicas de
codificação, com conseqüente redução de taxas de redundância no TS.
Entretanto, tal ação poderá comprometer a
distribuição de canalização estabelecida pela Anatel. Mesmo assim, tal medida
poderá ser muito significativa
naqueles municípios ou localidades em cuja área de interesse de cobertura é
relativamente pequena, dada a
distribuição da população ou área de interesse do radiodifusor.
Premissa 10 – Eficiência de Codificadores
A adoção de codificadores mais eficientes sugere melhorias para os padrões DVB-T
e ISDB-T. Deste modo, a
barreira de C/N em 19dB poderá ser movida para um valor abaixo, resultando
numa maior robustez dos padrões que
possibilitaria o aumento da taxa líquida de TS. Todo o acréscimo de TS poderia
ser destinado ao Sistema Canal de
Interatividade. Melhores codificadores vêm sendo estudados e foram objetos de
propostas nas RFP´s de modulação
para o SBTVD [7, 8].
Premissa 11 - Melhoria dos Receptores
A construção de receptores com melhor desempenho em figura de ruído e
seletividade pode favorecer a elevação da
taxa líquida de TS. Ao se comparar o desempenho de receptores convencionais
com receptores que adotam frontend
mais elaborados, mantendo-se uma mesma potência de transmissão, os receptores
melhorados atingiriam o
limite C/N de 19dB em uma distância superior aos receptores convencionais.
Isto permitiria o aumento da área de
cobertura e, conseqüentemente, os pontos extremos da área original passariam a
perceber um sinal com melhor
qualidade. Esta evolução tecnológica poderia ser utilizada para elevar a taxa
líquida do sistema, mantendo-se a
mesma potência do transmissor, a área de cobertura idêntica à original e o
mesmo limite C/N nos extremos. Deste
modo seria possível aplicar uma codificação menos robusta, que resultaria em
maior taxa líquida destinada
exclusivamente ao Sistema Canal de Interatividade, ou a todo o TS. Um ponto
importante a ser observado é que não
há receptores legados no Brasil, e portanto estas questões somente serão
definidas na implantação do sistema, a
partir da qual tal vantagem não mais poderia ser utilizada devido à existência
de receptores legados..