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TELEFONIA CELULAR (9) |
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Autor: MÁRCIO RODRIGUES |
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2.4.
Planejamento de Freqüências
O planejamento de freqüências é essencial para a otimização do uso do espectro, aumento da capacidade e redução de interferências.
Os órgãos regulamentadores
de telecomunicações permitem que os sistemas operem em determinadas bandas de
freqüência, desde que as operadoras estejam de acordo com algumas normas. O
uso eficiente da banda requer planejamento de freqüências, envolvendo numeração
de canais, agrupamento de canais em subgrupos, planejamento celular e alocação
de canais dentro de células. Um bom planejamento de freqüências deve garantir
um isolamento adequado entre canais, para que a interferência de canal
adjacente seja mantida em níveis aceitáveis. E ainda, deve ser escolhida uma
distância de reuso adequada de forma a evitar interferência cocanal e ainda
assim permitir a capacidade desejada de usuários. [4]
O planejamento de freqüências é, portanto, tarefa da maior importância em
sistemas de comunicações celulares.
Um exemplo de alocação de
banda é o mostrado na
Figura 2-28 [4],
que constitui as bandas conhecidas como A e B utilizadas no sistema AMPS. Cada
banda ocupa 12,5 MHz na sua versão estendida, que será a tratada. Usando
canais com espaçamento de 30 kHz, tem-se 12,5 MHz / 30 kHz = 416,7
®
416 canais por banda. Desses canais, 21 são usados para controle, de
forma que 416 – 21 = 395 canais são usados para voz em cada banda.
Figura 2-28
- Alocação de freqüências
para celular (800 MHz) – bandas A e B
A’, B’ e A’’ foram acrescentadas para formar a versão estendida
Cabe
lembrar que o conceito de canal engloba as porções da banda usadas nos
sentidos direto e reverso. O esquema mostrado na
permite uso FDD, de maneira que a uma certa distância espectral (45 MHz, nesse
caso) do conjunto de freqüências mostrados, está um outro arranjo idêntico,
correspondente ao sentido oposto de comunicação, como ilustra a
Figura 2-29 [4].
Figura 2-29
- Espaçamento espectral
entre links direto e reverso (FDD)
Assim,
quando se fala em “canal de 30 kHz” está se fazendo referência às duas
faixas de 30 kHz alocadas a um usuário: uma no sentido direto e outra, a 45 MHz
de afastamento, no sentido reverso. A distância de 45 MHz foi considerada
suficiente para evitar interferências entre os links
direto e reverso.
A alocação de freqüências
está relacionada aos números dos canais da seguinte forma: [4]
·
freqüência de transmissão da base
= 0,03 (N – 1023) + 870
MHz
·
freqüência de recepção da base
= 0,03 (N – 1023) + 825
MHz
onde N é o número do canal (N
= 1, ... , 1023), de acordo com a
Figura 2-28
.
Dessa forma,
conhecendo-se o número do canal, pode-se calcular o par de freqüências
portadoras associadas a ele.
A forma inicial de se
especificar um plano de freqüência é através da escolha do número de células
por cluster e, dessa forma, o fator de
reuso. Entre os planos mais conhecidos pode-se citar: N = 3, 4, 7 e 9, onde N
é, como já visto, o número de células por cluster.
Entre os quatro planos citados, N = 3 e N = 9 são menos usados, porém há tendência
a terem seu uso aumentado, especialmente em sistemas TDMA; e N = 7 é de uso
bastante amplo nos sistemas celulares atuais. [4]
Como
um exemplo de como pode ser realizado um planejamento de freqüências, será
citado o plano N = 7 / 21 utilizando antenas omnidirecionais. Nesse esquema, as
freqüências disponíveis são divididas em 21 grupos, aproveitando o fato de
que existem 21 canais de controle. A divisão para a Banda A está mostrada na Figura 2-30
[4], onde cada coluna da tabela corresponde a um grupo e os números
correspondem aos canais. Possíveis divisões de canais pelas células do cluster
são mostradas na
Figura 2-31
[4], onde também são mostradas as possibilidades de interferência de
canal adjacente.
Figura 2-30 - Planejamento
de freqüências 7 / 21 , para a banda A
a - não
otimizado
b - otimizado
(as linhas grossas representam interferência de canal
adjacente)
Como há sete células por cluster,
o número de grupos por célula é: 21 / 7 = 3 grupos distintos por célula em
um cluster. A alocação dos grupos às células é feita da seguinte
forma: cada célula recebe os grupos iniciados por (n, n + 7, n + 14), onde n
é o número da célula no cluster (n
= 1, ..., 7). Ou seja, de acordo com a
, a célula 1, por exemplo, receberia três colunas: a iniciada pelo canal 1, a
iniciada pelo canal 8 e a iniciada pelo canal 15.[4]
Na
Figura 2-31
, os números em cada célula correspondem ao primeiro canal de seus grupos de
canais.
Quanto a interferências, o
afastamento entre grupos nas células provê um eficiente isolamento entre
canais, porém, como mostra a
Figura 2-31
, mesmo a versão otimizada de distribuição dos canais não permite a eliminação
completa da possibilidade de interferência de canal adjacente entre células
vizinhas. O reuso das freqüências através da região a ser coberta faz com
que esse problema se propague. Esse é um ponto fraco do esquema 7 / 21
omnidirecional. [4]
Variações do plano 7 / 21
são empregadas, com setorização de antenas em 1200 e 600,
para que se diminua a interferência cocanal entre clusters, como já explicado. Outra variação, também se
utilizando N = 7, é o esquema trapezoidal. O plano é assim denominado pelo
fato do arranjo de células no cluster
ter formato trapezoidal. Como características, pode-se citar: elimina a
interferência de canal adjacente entre células vizinhas; pelo seu formato, é
especialmente adaptado para o uso em estradas; embora seja um esquema N = 7, a
geometria do cluster (não hexagonal)
fornece uma relação D/R ¹
4,58. D/R = 6,25 nesse esquema. [4]
Há alguns outros planos em
uso, como: 4 / 24 omni (N = 4, 24 grupos por cluster,
omnidirecional); 12 / 24 omni (N = 12, 24 grupos por cluster, omnidirecional); e planos em que a base está localizada no
vértice das células, alimentando um grupo de três células, por exemplo
(vantagem de custo, entre outras). [4]
Cada
plano possui sua própria característica quanto a interferências (cocanal e de
canal adjacente), custo, capacidade de usuários e capacidade de expansão. Cabe
aos projetistas a decisão do melhor plano a ser usado em cada situação.
2.5.
Características de Sistemas
Utilizando
as tecnologias de acesso e modulação já descritas, bem como as diferentes
soluções de planejamento de freqüências, foram criados inúmeros sistemas de
comunicações celulares, de Primeira (analógicos) e Segunda Geração
(digitais).
Na [8]
e na Tabela
2-3 [8]
está um resumo das características dos principais sistemas criados. Alguns dos
sistemas / tecnologias possuem aplicação não só na telefonia celular
convencional, mas também – e, em alguns casos, principalmente – em cordless,
WLL (Wireless Local Loop) e PCS (Personal
Communication Systems).
Parâmetros do sistema |
AMPS (EUA) |
TACS (Reino Unido) |
NMT (Escandinávia) |
C450 (Alemanha Ocidental) |
NTT (Japão) |
freqüência de transmissão (MHz) -
base -
móvel |
870
– 890 825
– 845 |
935
– 960 890
– 915 |
463
– 467,5 453
– 457,5 |
461,3
– 465,74 451,3
– 455,74 |
870
– 885 925
– 940 |
espaçamento
entre banda de transmissão e recepção (MHz) |
45 |
45 |
10 |
10 |
55 |
largura
do canal (kHz) |
30 |
25 |
25 |
20 |
25 |
número
de canais |
666
(NES) / 832 (ES) * |
1000 |
180 |
222 |
600 |
raio
de cobertura da base (km) |
2
– 25 |
2
– 20 |
1,8
– 40 |
5
– 30 |
5
(urbano) 10
(suburbano) |
sinal
de áudio -
modulação -
Df
máximo (kHz) |
FM ±
12 |
FM ±
9,5 |
FM ±
5 |
FM ±
4 |
FM ±
5 |
sinais
de controle -
modulação -
Df
(kHz) |
FSK ± 8 |
FSK ± 6,4 |
FSK ± 3,5 |
FSK ±
2,5 |
FSK ±
4,5 |
taxa
de transmissão de dados (kbps) |
10 |
8 |
1,2 |
5,28 |
0,3 |
(*) -
NES: espectro não-expandido (bandas A e B com 10 MHz, cada)
- ES: espectro expandido
(bandas A e B com 12,5 MHz, cada)
Tabela
2-2
- Sistemas de Primeira Geração
(a nação associada ao sistema é a de
origem do sistema)
Parâmetros do sistema |
IS-54 (EUA) |
GSM (Europa) |
IS-95 (EUA) |
CT-2 (Europa, Ásia) |
CT-3, DCT-900 (Suécia) |
DECT (Europa) |
técnica de acesso |
TDMA |
TDMA |
CDMA |
FDMA |
TDMA |
TDMA |
uso principal |
celular |
celular |
celular |
cordless |
cordless * |
Celular
**/ cordless |
freqüência de transmissão (MHz) -
base -
móvel |
869
– 894 824
– 849 |
935
– 960 890
– 915 |
869
– 894 824
– 849 |
864
– 868 *** |
862
– 866 *** |
1800
– 1900 *** |
técnica
de duplexação |
FDD |
FDD |
FDD |
TDD |
TDD |
TDD |
largura
do canal (kHz) |
30 |
200 |
1250 |
100 |
1000 |
1728 |
modulação |
p/4
DQPSK |
GMSK |
BPSK / QPSK |
BFSK |
GMSK |
GMSK |
potência
máxima / média (mW) |
600
/ 200 |
1000
/ 125 |
600 |
10
/ 5 |
80
/ 5 |
250
/ 10 |
alocação
de freqüências p/ células |
fixa |
dinâmica |
- |
dinâmica |
dinâmica |
dinâmica |
controle
de potência - base - móvel |
Sim Sim |
Sim Sim |
Sim Sim |
Não Não |
Não Não |
Não Não |
codificação
de voz |
VSELP |
RPE-LTP |
QCELP |
ADPCM |
ADPCM |
ADPCM |
taxa
de codificação de voz (kbps) |
7,95 |
13 |
8
(variável) |
32 |
32 |
32 |
n0
de canais de voz por portadora |
3 |
8 |
- |
1 |
8 |
12 |
taxa
de transmissão do canal (kbps) |
48,6 |
270,833 |
- |
72 |
640 |
1152 |
tamanho
do quadro (frame) (ms) |
40 |
4,615 |
20 |
2 |
16 |
10 |
(*) -
uso também em WPBX.
(**) - celular:
para alguns usos específicos. Uso também em grandes WPBX e WLL.
(***) - sistemas
unidirecionais: base – móvel.
Tabela
2-3
- Sistemas de Segunda Geração
(a nação/continente associada ao sistema
é a de origem do sistema)
2.6. Referências Bibliográficas
[
1
] - Theodore S. Rappaport, “Wireless Communications – Principles &
Practice,” Prentice Hall Communications
Engineering and Emerging Technologies Series, 1996.
[
2
] - Asha Mehrotra,
“Cellular Radio: Analog and Digital Systems,” Mobile Communications Series - Artech House Publishers, 1994.
[3] - Notas
de Aula do Curso de Planejamento de Sistemas Celulares - Professor
Luiz Alencar Reis da Silva Mello,
CETUC - PUC/Rio, 1998.
[
4
] - Saleh
Faruque, “Cellular Mobile Systems Engineering,” Mobile
Communications Series – Artech House Publishers, 1996.
[
5
] - Michel
Daoud Yacoub, “Foundations of Mobile Radio Engineering,” CRC
Press, 1993.
[
6
] - William C. Y.
Lee, “Mobile Cellular Telecommunications Systems,” Mc Graw-Hill International Editors, 1989.
[7] - Gilberto Silva e Barradas, “Sistemas Radiovisibilidade”, Embratel, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 3a edição.
[
8
] - Vijay K. Garg
and Joseph E. Wilkes, “Wireless and Personal Communications Systems,” Prentice Hall PTR, 1996.
[
9
] - Pritpal Singh
Mundral, T. L. Singal and Rakesh Kapur, “The Choice of a Digital Modulation
Scheme in a Mobile Radio System,” 43rd
IEEE Vehicular Technology Conference, pp. 61-64, Meadowlands Hilton, Secaucus,
New Jersey, USA, 18-20 de Maio, 1993.
[10] - Apostila do Curso de Sistemas Móveis - Professor Mauro S. Assis, UFF.