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Conheça os problemas
de segurança de sua “velha telefonia móvel” |
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Autores: Eduardo Nascimento Lima e Marilson Duarte Soares (*) |
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Agradecimentos
À Renata Veríssima Gomes, Daniele Cristina Diniz e Marcelo da Silva Laranjeira que nos ajudaram com informações e correções importantes para o desenvolvimento do trabalho.
I.
Introdução
A população
brasileira passou a observar nos últimos anos os anúncios nos meios de
comunicação sobre a evolução da área genética com prováveis clonagens de
animais e plantas. Com o passar dos anos também verificamos o emprego da
clonagem nos equipamentos de comunicações móveis, gerando grandes prejuízos
para as operadoras e para seus usuários que passaram a ter enormes dores de
cabeça para identificar e até mesmo se livrar das contas geradas através de
aparelhos clonados que utilizavam seus números.
Os sistemas
celulares iniciaram com a tecnologia analógica, sendo o AMPS (Advanced Mobile
Phone System) o padrão conhecido na América Latina. Clonagens de aparelhos
celulares são possíveis através dessa base analógica que ainda existe no
Brasil. Aparentemente, os sistemas digitais TDMA e CDMA estariam mais imunes a
este tipo de problema, mas como no Brasil o CDMA existe somente em algumas áreas,
em função de apenas algumas operadoras o terem adotado, sua clonagem ocorre
facilmente no momento de “roaming” para uma área que não possui a
tecnologia CDMA, pois tanto o sistema CDMA quanto o TDMA, no Brasil, para
viabilizar o “roaming” entre eles, somente o fazem usando a tecnologia AMPS.
Apesar
de raras as clonagens dos aparelhos digitais (TDMA ou CDMA), sem usar a base
analógica, são possíveis com o uso de equipamentos que custam da ordem de R$
100.000,00.
A difusão do WAP e
SMS colocam cada vez mais as operadoras celulares em contato com a Internet,
claro que isso deverá aumentar ainda mais com a evolução dos serviços de
dados oferecidos nas redes 2,5G e 3G. Portanto, o usuário de celular necessita
de redes com maior segurança, para não terem suas senhas descobertas por
“hacker’”. Além da segurança, os usuários vão querer acessar os serviços
de dados em qualquer lugar e a qualquer momento, porém, as tecnologias AMPS,
TDMA e CDMA no Brasil criaram os “buracos de dados”, ou seja, regiões com
CDMA podem utilizar transmissões de dados através da evolução de suas redes
pela 2,5G, mas caso o usuário queira viajar para uma área com TDMA, o mesmo
perderá a possibilidade de transmitir dados. As três tecnologias só permitem
“roaming” de voz, com baixa segurança e em alguns países.
Diante de todo esse
cenário, o ano de 2002 no Brasil, vai apresentar as operadoras com a tecnologia
GSM/GPRS/EDGE/UMTS possuindo uma série de desenvolvimentos padrões criados
pelos órgãos internacionais (3GPP, ETSI e ITU) que embutiram à tecnologia uma
enorme gama de proteções contra clonagem, roubos de aparelhos e também contra
escuta clandestina (“grampo telefônico”), podendo rapidamente citar a
criptografia, SIM-Card, senhas obrigatórias para realizar ligações, números
padronizados e únicos para o usuário no mundo, banco de dados próprio contra
roubos e a transmissão digital. Além da possibilidade de “roaming” de voz
e dados em todas as regiões do globo que trabalhem com GSM, ou seja, 170 países.
II.
Comunicações móveis no Brasil e no mundo
O território
brasileiro está dividido em dez áreas onde podemos observar a distribuição
das tecnologias celulares através da utilização das bandas A e B em 800MHz, e
das bandas C, D e E em 1,8GHz. Sendo a banda C destinada para a migração das
atuais empresas do SMC para o SMP com a utilização da tecnologia GSM.
Em 1989, o Brasil
começou a instalar sua planta celular com o padrão analógico AMPS
desenvolvido nos EUA para operar na faixa de 800MHz, ocupando uma banda de 50MHz
com até 832 canais de tráfego ou controle, com sinalização atendendo a
especificação ANSI-41. Esse sistema ficou rapidamente obsoleto pelas limitações
ao aumento do número de assinantes na rede, além da falta de segurança que o
mesmo gerava para os usuários e operadoras, isto sem mencionar a
impossibilidade de oferecer serviços mais avançados que somente transmissão
de voz.
Os EUA que tem como
principal bandeira a globalização e a produção em escala, em contrapartida
desenvolveram vários padrões de “telefonia móvel” ao invés de concentrar
forças em somente um padrão como foi feito pela Europa com o GSM. Na
realidade, durante anos, a Comissão Federal de Comunicações (FCC – órgão
regulador norte-americano) discutiu com teles e fabricantes, procurando um padrão
digital único que pudesse ser usado em todo o país, mas em função dos muitos
interesses em jogo, onde todos apostavam que sua solução seria vencedora e
conseqüentemente ganhariam muito mais dinheiro do que se fizessem concessões
em torno de um padrão único, não houve consenso. A FCC deixou que o mercado
tomasse a decisão, surgindo então dois sistemas: IS-136 (digital TDMA) e IS-95
(digital CDMA), baseados na sinalização do ANSI-41 que garantia a
interoperabilidade com o já conhecido e difundido AMPS.
O Brasil como já
havia adotado o AMPS na primeira fase, resolveu acompanhar os EUA adotando as
tecnologias TDMA e CDMA nas bandas A e B definidas na época para segunda geração.
Na década de 90,
ficou visível para o mundo, que só a digitalização das redes celulares não
seria o bastante para atender à procura por aparelhos celulares. Quando um
serviço via rádio chega a seu limite, só há um jeito de crescer: usando mais
freqüências. Também foi verificado que a comunicação móvel estaria entre
os principais recursos econômicos das sociedades no início de 2000. Diante
desses fatos a ITU promoveu, em 1992, a Conferência Administrativa Mundial de
Radiocomunicações (WARC-92) que contou com a participação das Delegações
da maioria dos países, inclusive EUA e Brasil, tendo todos assinado as
recomendações para reserva das faixas de 1,9GHz até 2,1GHz para o IMT-2000
(serviços móveis multimídia de terceira geração).
Visando o
alinhamento com as estratégias mundiais no uso do espectro, foi escolhida a
faixa de 1,8GHz para as operadoras brasileiras que entrariam no SMP, garantindo
dessa forma a evolução das comunicações móveis no Brasil rumo à terceira
geração, através de uma evolução gradual e econômica, seguindo os passos
GSM/GPRS/EDGE/UMTS.
Figura
1: Dez áreas da telefonia móvel no Brasil
(*) Os
autores:
Eduardo Nascimento Lima (eduardo.lima@siemens.com.br):
Consultor em Tecnologia da área de
Comunicações Móveis da Siemens LTDA, é graduado
em Engenharia Eletrônica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
em 1989, com mais de 10 anos de
experiência na área de telecomunicações, pós-graduando em Administração
de Empresas na Fundação Getúlio Vargas,
representa a Siemens na Comissão Brasileira de Comunicações 8 da Anatel e na Comissão
Interamericana de Telecomunicações em assuntos referentes a comunicações
móveis terrestres, já tendo trabalhado na
Splice do Brasil e Standard Eletrônica S.A., com experiência em implantação
de projetos Turn Key para a ampliação da
planta telefônica em várias operadoras do Sistema Telebrás, sistemas WLL,
sistemas XDSL e centrais de comutação
pública digitais entre outros.
Marilson Duarte Soares (marilson.duarte@siemens.com.br):
Graduado
em Engenharia de Telecomunicações pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 1995, tem pós-graduação em Análise de Sistemas pela PUC/RJ em 1997,
pós-graduação em Administração
Industrial pela USP em 2000 e MBA em Conhecimento Tecnologia e Inovação na USP
em 2002. Na UFF foi monitor das disciplinas
de Eletromagnetismo e Eletrônica em 1993-1994 respectivamente, e depois
atuou como professor de Eletrônica Digital na Escola de Engenharia UFF em
1996-1997, trabalhou em pesquisa no CBPF
(Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) em 1994 com Ressonância Magnética
Nuclear. Estagiou
na Petrobrás na área de projetos de radioenlaces para área de abastecimento
em 1993-1994, e na INOVAX na área de
desenvolvimento de hardware e software para CPA em 1994-1995. Trabalhou na
INOVAX Ltda como Engenheiro de
Desenvolvimento nos anos de 1995 até 1997, tendo iniciado seus trabalhos na SIEMENS
Ltda no final de 1997 na área de Engenharia de Rádio onde passou a ocupar o
cargo de Gerente de Engenharia a partir de
2000, atualmente trabalha na SIEMENS Ltda como Consultor de Tecnologias Móveis.