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Sistema Móvel Celular – SMC (3) |
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Autor: Marcelo dos Santos |
Arquitetura
do sistema
Um sistema rádio móvel pode ser elaborado segundo uma arquitetura
centralizada ou descentralizada. Em uma arquitetura centralizada, a Central de
Comutação Móvel em geral controla uma grande quantidade de estações base,
tanto de células próximas como distantes. Em um sistema descentralizado, as
CCC’s têm uma região menor de abrangência, controlando menos estações
base quando comparado à outra arquitetura.
Sistemas pequenos tendem a ser centralizados, enquanto que sistemas maiores
seguem a abordagem descentralizada. Há diferentes níveis de descentralização,
onde pode ou não haver interconexão entre as CCC’s. No primeiro caso (há
conexão entre CCC’s), uma chamada de um móvel passará pela rede fixa
apenas quando o usuário chamado for fixo. Por outro lado, no segundo caso (não
há conexão entre CCC’s), mesmo que o usuário chamado seja móvel, mas
pertencente a uma outra área de serviço (outra CCC, portanto), a chamada terá
que passar pela PSTN , pois é
ela que proverá o contato entre as duas CCC’s.
As
operadoras brasileiras utilizam duas tecnologias digitais diferentes:
- TDMA - Time Division Multiple Access e
- CDMA - Code Division Multiple Access.
Eis
uma relação das áreas, das operadoras, dos grupos ou bandas e das
tecnologias (agrupadas de diversas maneiras) e o número de celulares em cada
uma , em 23 Nov 2000:
Área
1: Grande S.Paulo
( 3.971.905)
Telesp
Celular (A - CDMA)
BCP (B - TDMA)
Área
2: Est. São Paulo
(2.208.160)
Telesp Celular (A - CDMA)
Ceterp Celular (A - CDMA) CTBC Celular (A - TDMA)
Tess Celular (B - TDMA)
Área
3: Rio de Janeiro e Espírito Santo
(3.789.098)
Telefônica Celular (A - CDMA)
ATL Algar (B - TDMA)
Área
4 : Minas Gerais
(1.674.140)
Telemig
Celular (A - TDMA)
CTBC Celular (A - TDMA) Maxitel (B - TDMA)
Área
5: Paraná e Sta. Catarina
(1.667.891)
Tele Celular Sul (A - TDMA)
Sercomtel Celular (Londrina) (A - TDMA)
Global Telecom (B - CDMA)
Área
6: Rio Grande do Sul
(1.791.875)
Tele Celular Sul (A - TDMA)
Celular CRT (A - TDMA)
Telet (B - TDMA)
Área
7: AC, RO, MT, MS, TO, DF e GO (1.616.541)
Tele Centro-Oeste Celular (A - TDMA )
CTBC Celular (A - TDMA)
Americel ( B - TDMA)
Área
8: AM, PA, MA, RR e AP
(792.190)
Tele
Norte Celular (A - TDMA)
Norte Brasil Telecom (B - TDMA)
Área
9: BA, SE e AL (
1.058.256)
Tele Leste Celular (A - CDMA)
MAXITEL ( B - TDMA)
Área
10 : CE, PI, RN, PB, PE e AL (2.295.778)
Tele Nordeste Celular (A - TDMA)
BSE (B - TDMA)
Operadoras
da banda A:
Tele Nordeste Celular (TDMA); Tele Leste Celular (CDMA); Tele Norte Celular (TDMA);
Tele Centro-Oeste Celular (TDMA) ; Tele Celular Sul (TDMA); Sercomtel (TDMA);
CTBC Celular (TDMA); Telemig Celular (TDMA); Telefonica Celular (CDMA);
Telesp Celular (CDMA); Celular CRT (TDMA); CETERP (CDMA).
Operadoras
da banda B:
BSE (TDMA); BCP (TDMA); Norte Brasil Telecom (TDMA); Americel (TDMA);
Telet (TDMA); Global Telecom (CDMA); Maxitel (TDMA); ATL (TDMA) ;Tess(TDMA).
Operadoras
de tecnologia CDMA:
Tele Leste Celular (A); Telefonica Celular (A) ;Telesp Celular (A) ;CETERP
(A); Global Telecom (A)
Operadoras
de tecnologia TDMA:
Tele Nordeste Celular (A) ;Tele Norte Celular (A); Tele Centro-Oeste Celular
(A); Tele Celular Sul (A); Sercomtel (A); CTBC Celular (A); Telemig Celular
(A); Celular CRT (A); BSE (B); BCP (B); Norte Brasil Telecom (B); Americel (B)
;Telet (B); Maxitel (B); ATL (B); Tess(B).
Processamento
de Chamadas
Para um uso eficiente do espectro rádio disponível, é requerido um
esquema de reuso de freqüências que seja consistente com os objetivos de
aumento de capacidade e redução de interferência. Com o intuito de aumentar
a eficiência na utilização do espectro, uma variedade de estratégias de
alocação de canais foi então desenvolvida. Tais estratégias podem ser
classificadas como fixas ou dinâmicas.
A escolha da estratégia impacta no desempenho do sistema, particularmente em
como uma chamada é gerenciada quando um móvel desloca-se de uma célula para
outra.
Numa
estratégia de alocação fixa de canais, é alocado um determinado conjunto
de canais de voz a cada célula. Qualquer tentativa de chamada dentro da célula
só poderá ser servida pelos canais desocupados pertencentes àquela célula.
Há algumas variantes da estratégia de alocação fixa de canais. Em uma
delas, chamada de estratégia de empréstimo
(borrowing strategy), uma célula
pode pedir canais emprestados de uma célula vizinha se todos os seus canais
estiverem ocupados. A Central de Comutação Móvel supervisiona os
procedimentos de empréstimo e garante que o empréstimo do canal não
interfere em nenhuma chamada que esteja em progresso na célula de origem do
canal.
Na
estratégia de alocação dinâmica de canais, os canais de voz não são
alocados às células permanentemente. Ao invés disso, cada vez que há uma
tentativa de chamada, a estação base requisita canal para a MSC. A Central
então aloca um canal para a célula que o requisitou.
A
MSC apenas aloca uma determinada freqüência se essa freqüência não está
em uso na célula nem em nenhuma outra célula que esteja a uma distância
menor que a distância de reuso, para evitar interferência. A alocação dinâmica
de canais diminui a probabilidade de bloqueio de chamadas, aumentando a
capacidade de troncalização do sistema, pois todos os canais disponíveis
estão acessíveis a todas as células. Esse tipo de estratégia requer que a
MSC colete dados em tempo real de ocupação de canais, distribuição de tráfego,
e de indicações de intensidade de sinal de rádio (RSSI- Radio
Signal Strength Indications) de todos os canais, continuamente. Isso
sobrecarrega o sistema em termos de capacidade de armazenamento de informações
e carga computacional, mas provê vantagem de aumento de utilização dos
canais e diminuição da probabilidade de bloqueio.
Quando
um móvel desloca-se entre células enquanto uma conversação está em
andamento, a MSC automaticamente transfere a chamada para um novo canal
pertencente à nova estação base. Esse procedimento de handoff
não apenas envolve a identificação de uma nova estação base, mas também
requer que os sinais de voz e de controle sejam transferidos para canais
associados à nova célula.
O
processamento de handoffs é uma
tarefa muito importante em qualquer sistema celular. Muitas estratégias de handoff
priorizam os pedidos de handoff em
relação a pedidos de inicialização de novas chamadas, quando da alocação
de canais livres em uma célula. Handoffs
devem ser realizados com sucesso (e o menor número de vezes possível) e
deveriam ser imperceptíveis aos usuários. Projetistas de sistemas devem
especificar um nível ótimo de sinal que iniciará o processo de handoff.
Uma vez que um nível particular de potência de sinal tenha sido estabelecido
como sendo o nível que oferece a qualidade de voz mínima aceitável no
receptor da estação base (normalmente entre –90 dBm e –100 dBm) ,
um nível de sinal ligeiramente superior é usado como limiar no qual o handoff
é feito.
Para
se decidir se um handoff é necessário
ou não, é importante garantir que a queda no nível do sinal medido não é
devida a um desvanecimento momentâneo e que o móvel está realmente
afastando-se da estação base que o serve. Para se certificar disso, a estação
base monitora o nível de sinal por um certo tempo antes do handoff
ser iniciado. Esse procedimento deve ser otimizado de forma que handoffs
desnecessários não ocorram e que handoffs
necessários sejam realizados antes da chamada ser interrompida.
Em
sistemas celulares analógicos de primeira geração, a medição dos níveis
de sinal é feita pelas estações base e supervisionada pela MSC. Cada estação
base constantemente monitora a intensidade de sinal de todos os seus links
de voz reversos (móvel para base) para determinar a posição relativa de
todos os usuários em relação à torre da base. Além de medir a RSSI de
chamadas em progresso dentro da célula, um receptor adicional em cada estação
base, chamado de locator receiver,
é usado para determinar o nível de sinal de usuários que estão em células
vizinhas. Esse receptor é comandado pela MSC e é usado para monitorar a
intensidade de sinal de usuários em células vizinhas que possam ser
candidatos a handoff e reportar os
valores de RSSI medidos à MSC. Baseada na informação de nível de sinal
fornecida pelo locator receiver de
cada estação base, a MSC decide se o handoff
é necessário ou não e, caso seja, para que célula ele deverá ser feito.
Em
sistemas celulares de segunda geração que utilizam tecnologia TDMA (Time
Division Multiple Access), as decisões de handoff
são assistidas pelo móvel. No handoff
assistido pelo móvel (MAHO), cada estação móvel monitora o nível de
sinal recebido de estações vizinhas e continuamente reporta essas medições
para a estação base que a serve no momento. Um handoff
é iniciado quando a potência recebida de uma estação base vizinha começa
a exceder a potência recebida da estação base que serve o móvel de um
determinado valor ou por um certo período de tempo. Esse método permite que
a chamada seja transferida entre estações base muito mais rapidamente do que
o método da primeira geração permite, já que as medições são feitas por
cada móvel e a MSC não precisa mais da constante monitoração de níveis de
sinal. O esquema MAHO é particularmente bem adaptado a ambientes de microcélulas,
onde handoffs são mais freqüentes.
Sistemas
diferentes possuem diferentes políticas e métodos para gerenciar os pedidos
de handoff. Alguns sistemas tratam
pedidos de handoff da mesma forma
que os pedidos de inicialização de novas chamadas. Nesses sistemas, a
probabilidade de que um pedido de handoff
não seja atendido por uma nova estação base é igual à probabilidade de
bloqueio de novas chamadas. Entretanto, do ponto de vista do usuário, ter sua
chamada abruptamente interrompida no decorrer da ligação parece ser muito
mais incômodo do que ser bloqueado eventualmente na tentativa de fazer uma
nova chamada. Para melhorar a qualidade dos serviços sob esse aspecto, vários
métodos foram desenvolvidos para priorizar os pedidos de handoff
sobre os pedidos de inicialização de novas chamadas quando da alocação de
canais de voz.
Um
método para dar prioridade a handoffs
é descrito pelo conceito de reserva de
canal (guard channel), onde uma
fração dos canais da célula é reservada exclusivamente para pedidos de handoff
oriundos de células vizinhas. Esse método possui a desvantagem de reduzir o
tráfego total permitido a chamadas originadas na própria célula.
Entretanto, esse método pode oferecer um uso eficiente do espectro se for
utilizado em conjunto com uma estratégia de alocação dinâmica de canais,
que minimizará o número de canais reservados requeridos através de uma
alocação por demanda eficiente. [1]
Na
prática, problemas podem surgir pelo fato dos móveis trafegarem nas mais
diferentes velocidades. Veículos a altas velocidades passam pela região de
cobertura em questão de segundos enquanto que pedestres podem não precisar
de nenhum handoff no decorrer de
uma chamada. Particularmente, com a adição de microcélulas (células de
algumas centenas de metros de raio) para prover capacidade, a MSC pode
rapidamente ficar sobrecarregada se usuários a altas velocidades estão
constantemente sendo transferidos entre células muito pequenas. Muitos
esquemas foram e estão sendo desenvolvidos para lidar com o tráfego simultâneo
de móveis a altas e baixas velocidades, ao mesmo tempo em que minimizam a
intervenção da MSC para o handoff.
Embora
o conceito celular ofereça claramente um aumento de capacidade através da
adição de células, na prática é difícil para provedores de serviços
celulares encontrar novas localidades para instalar estações base,
especialmente em áreas urbanas. Devido às dificuldades encontradas, fica
mais atraente para os provedores instalar canais adicionais e novas estações
base na mesma localidade de uma célula já existente, ao invés de procurar
novas localidades. Através do uso de diferentes alturas de antenas (freqüentemente
no mesmo prédio ou torre) e de diferentes níveis de potência, é possível
se prover células maiores e menores localizadas numa mesma região. Essa
abordagem é conhecida como célula
guarda-chuva (umbrella cell
approach) e é usada para prover grandes áreas de cobertura a usuários
em alta velocidade e pequenas áreas de cobertura para usuários a mais baixas
velocidades. Essa abordagem garante que o número de handoffs
será minimizado para usuários a altas velocidades. A velocidade de cada móvel
pode ser estimada pela estação base ou pela MSC através, por exemplo, da
medição de quão rapidamente a intensidade média em pequena escala (short-term)
do sinal varia no tempo. Se um móvel, deslocando-se a grande velocidade na célula
maior está aproximando-se da estação base e sua velocidade está
decrescendo rapidamente, a estação base poderá decidir transferir o móvel
para uma célula menor, sem intervenção da MSC.
Conceito
de célula “guarda-chuva”