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Sistema Móvel Celular – SMC (5) |
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Autor: Marcelo dos Santos |
A
técnica CDMA possui as seguintes características básicas :
todos os usuários podem transmitir simultaneamente, nas mesmas freqüências
e utilizando toda a banda disponível.
Ao
invés de se fazer a separação entre usuários através de freqüência ou
freqüência / tempo, a cada usuário é designado um código, de forma que
sua transmissão possa ser identificada. Os códigos usados têm baixa correlação
cruzada (idealmente zero), ou seja, são ortogonais, fazendo com que as
informações contidas nas várias transmissões não se confundam. No outro
extremo da comunicação, o receptor tem conhecimento do código usado,
tornando possível a decodificação apenas da informação de seu
interlocutor.
O
CDMA baseia-se em um conceito denominado Espalhamento Espectral (Spread
Spectrum), que será resumidamente descrito.
Através
dessa técnica, o sinal original que se deseja transmitir é espalhado por uma
banda muito maior que a necessária a sua transmissão. Esse efeito é obtido,
no caso do CDMA , pela multiplicação do sinal por um código com taxa de
transmissão muito superior, de forma que o sinal resultante ocupa uma faixa
muito larga. A energia total é mantida, sendo distribuída uniformemente por
toda a banda, assemelhando-se ao espectro de ruído branco. Todos os sinais
oriundos dos diversos usuários / estações base e o próprio ruído agregado
à transmissão são superpostos no espectro. Através do código apropriado,
a informação do usuário desejado é extraída em meio ao “ruído”.
Portadora
CDMA de 1,23 MHz
Nessa
breve descrição, já é possível observar a alta imunidade intrínseca do
espalhamento espectral a ruído e interferência, uma vez que sinais de outros
usuários bem como ruído / interferência são tratados da mesma forma e seus
danos à informação de determinado usuário são eliminados, teórica e
idealmente, quando da aplicação do código de recuperação.
Há
duas formas principais de se realizar o espalhamento espectral: Salto em Freqüência
– Frequency Hopping (FH)
e Seqüência Direta – Direct
Sequency (DS). O que se chama comumente de CDMA é, na verdade, a técnica
de múltiplo acesso por seqüência direta.
Nessa
técnica, a portadora “salta” entre as várias freqüências do espectro
alocado. A faixa original do sinal é mantida, porém, como a portadora
percorre rapidamente uma faixa muito grande de freqüências, o efeito final
é de espalhamento espectral. Um sistema FH pode ser pensado como um sistema
FDMA com diversidade de freqüência.
Esta
técnica provê um alto nível de segurança, uma vez que um receptor que
queira interceptar a comunicação e que não saiba a seqüência pseudo-aleatória
usada para gerar a seqüência de “saltos”, necessitará buscar por freqüências
de forma muito rápida e acertar a freqüência em uso em cada instante (e no slot
de tempo exato). Pode apresentar problemas de colisão entre usuários e é crítico
quanto à necessidade de sincronização entre transmissor e receptor.
Como
dito, a técnica baseia-se em associar códigos ortogonais aos usuários, de
forma que suas comunicações não interferem entre si mesmo compartilhando o
mesmo espectro e tempo. Para determinado usuário, todos os outros são vistos
como sendo ruído.
No
CDMA, a potência de todos os usuários, com exceção do usuário desejado,
é o nível mínimo de ruído no receptor quando do momento da descorrelação
(retirada da informação desejada através da aplicação do código
apropriado). Se a potência de cada usuário não é controlada, de forma que
elas não apareçam com a mesma intensidade no receptor da base, ocorre o
problema perto-distante (near-far).
Se isso ocorre, sinais mais fortes elevarão o nível mínimo de ruído na
recuperação dos sinais mais fracos e tenderão a mascará-los, de forma que
se reduz a chance de que os sinais mais fracos sejam recuperados. Para
combater o problema, é necessário que se adote no CDMA um rígido esquema de
controle de potência, através do qual a estação base monitora os terminais
de maneira que a potência que chega à base oriunda de cada terminal tenha,
idealmente, o mesmo nível. Isso evita que um móvel afastado da base não
consiga comunicação pelo fato de um móvel próximo à base estar despejando
muita potência.
-
usuários comunicam-se usando as mesmas freqüências, simultaneamente, por
divisão de código;
-
ao contrário do FDMA e do TDMA, o CDMA não tem um limite de capacidade bem
definido, e sim o que se chama de limite soft.
Ao aumentar o número de usuários, o nível mínimo de ruído é aumentado
linearmente, de forma que há um decréscimo gradual de desempenho do sistema,
percebido por todos os usuários;
-
efeitos do canal nocivos e seletivos em freqüência podem ser minimizados
pelo fato do sinal original estar espalhado por uma banda muito grande. E
ainda, o receptor utilizado – RAKE - permite que se faça um especial
tratamento nos sinais recebidos por multipercurso, de maneira que o sinal
recebido tenha a melhor qualidade possível;
-
no caso de handoff entre células
cocanal (todo o espectro é utilizado pelas células – possível no CDMA), o
processo pode ser suave. Mais de uma estação base monitora o nível do móvel
e a central de controle pode escolher a melhor versão do sinal, sem
necessitar comutar freqüências;
-
problema perto-distante, caso não haja controle de potência eficiente.
Uma
vantagem básica do CDMA é sua capacidade muito maior de tolerar sinais
interferentes, se comparado a FDMA e a TDMA. Como resultado dessa qualidade,
problemas de alocação da banda e interferência entre células adjacentes são
simplificados, enquanto que sistemas FDMA e TDMA precisam de cauteloso estudo
de alocação de freqüência e slots
para evitar interferência, exigindo filtros sofisticados e tempos de guarda
entre slots. Aumento de capacidade
no CDMA pode ser conseguido através do fator de atividade de voz,
utilizando-se os instantes de tempo nos quais não é detectada voz para
prover aumento de usuários atendidos.
Em
termos de capacidade, teoricamente o CDMA possui uma vantagem sobre sistemas
analógicos por um fator de 20 . Por outro lado, toda a vantagem teórica do
CDMA exige que uma série de requisitos como, controle de potência eficiente,
ortogonalidade entre códigos e necessidade de sincronismo perfeito (bases são
sincronizadas por GPS – Sistema de Posicionamento Global, e passam o
sincronismo aos móveis), entre outros, sejam atendidos. Na prática, dada a
dificuldade de se implementar todos os requisitos, sistemas CDMA em geral não
exploram toda a capacidade teórica prevista para essa técnica, embora os
avanços tecnológicos os levem cada vez mais próximo a esse ideal.
Serviço
Móvel Pessoal (SMP)
Trata-se
de um novo serviço criado pela Anatel , em junho de 2000, para comunicações
móveis. Lembrando que o
“antigo” SMC opera na faixa de freqüência de 800 MHz ou 0.8 GHz, o
“novo” SMP vai operar numa nova faixa de freqüência, a de 1,8 GHz.
Os
dois serviços SMC e SMP vão conviver por um bom período mas a ANATEL
pretende que haja uma migração gradativa para o novo serviço. Esta
nova faixa de 1,8 GHZ foi batizada inicialmente como Banda C. Em outros
termos, estava sendo criado mais um grupo de empresas, as empresas do grupo C
ou da banda C para operar na faixa de 1,8 GHz. Para este novo serviço
SMP, o mapa do Brasil foi dividido em apenas três áreas,
idênticas àquelas em que operam as empresas de telefonia FIXA (Telemar,
Telefônica e Brasil Telecom) e que são as seguintes:
Área
1: AM, PA, RR, AP, MA, PI, CE, RN,PB, PE, AL, SE,BA, MG, RJ e ES
Área
2:SP
Área
3: AC, RO, TO, DF, GO, MT, MS, PR, SC e RS
Posteriormente,
a ANATEL achou por bem alterar o conceito (não a faixa genérica de freqüência
de operação) deste grupo ou banda C. Neste novo conceito, em cada uma
das três áreas poderão operar até três empresas. As
concessões passam a chamar-se “autorizações de serviço” e serão
concedidas gradativamente. As primeiras autorizações de funcionamento a
serem concedidas em cada área vão caracterizar as empresas do grupo C ou da
banda C. Numa segunda data, serão concedidas novas autorizações
configurando as empresas do grupo D ou banda D; e posteriormente, as do grupo
E ou banda E. Concluído o processo teremos três operadoras em cada uma
das três novas áreas, num total de 9 operadoras da nova faixa de freqüência
de 1,8 GHz.
Parece
evidente que o objetivo da ANATEL é compatibilizar as novas regras com
aquelas do modelo adotado para a telefonia fixa. Está sendo adotado o mesmo
conceito geográfico presente no Plano Geral de Outorgas. Esta “geografia”
poderá ser um facilitador para as empresas em um futuro bem próximo.
As
empresas de celulares que atuam no País terão limitações, caso
ganhem uma licença para o SMP na região onde já prestam o serviço. Se
vencerem, terão de abandonar a atual licença em até seis meses.
As empresas que optarem por isso ganharão uma faixa adicional na freqüência
de 1,9 gigahertz (GHz) e poderão concorrer com as bandas C, D e
E, ofertando serviços de melhor qualidade .
Para
garantir uma certa “isonomia” e equilibrar a competição, as operadoras
das bandas A e B que migrarem para o novo serviço receberão mais 5 MHz (para
uplink e downlink) na faixa de 1.9 GHz.
Em
termos de faixa de freqüência ficarão com um total de 17,5 MHz (12,5 MHz
que utilizam hoje mais o “brinde” de 5Mhz).As novas operadoras terão 15
MHz na faixa de 1.8 GHz para cada licença. Na realidade o espectro completo
destas freqüências vai de 1,710 GHz a 2,301 GHz e já está reservado pela
ANATEL. Espera-se que a ANATEL vá intermediar as negociações entre as
empresas e entidades envolvidas num “pequeno” complicador: parte destas
freqüências já estão ocupadas, até mesmo pelas Forças Armadas. As
negociações devem incluir indenizações e ofertas de alternativas como
sistemas via satélite ou via fibra ótica.
Os
investidores estrangeiros poderão ampliar sua presença, pois não haverá
limites para o capital internacional na formação de consórcios ou empresas.
A
imprensa já começa a mencionar as etapas de evolução da tecnologia
celular usando siglas como 2,5G, 3G e até mesmo 4G para as novas gerações.
É
oportuno lembrar que este novo serviço chamado SMP que vai operar nas
bandas C, D e E de 1.8 GHz ainda está enquadrado, em termos de
tecnologia, na segunda geração (2G) da telefonia celular (a
primeira geração é a dos celulares analógicos).
Ao
decidir utilizar esta faixa de freqüência, a ANATEL atendeu à recomendação
da UIT de deixar disponível a faixa de freqüência de 1.9 GHZ para os serviços
da terceira geração (3G) que deverão ser oferecidos a partir de
2003.
O
SMP de 1.8 GHz de segunda geração vai utilizar a tecnologia GSM (Global
System for Mobile Communication), de origem européia. O termo “GSM” não
aparece explicitamente nas Propostas de Diretrizes mas está bem registrado o
seguinte: “as redes e as plataformas do SMP devem fazer uso de tecnologias e
sistemas cuja estrutura de sincronismo, sinalização, numeração, comutação
e encaminhamento, entre outros, possa prover convergência com as redes do
STFC (Serviço Telefônico Fixo Comutado).”
Da
imprensa recente coletamos estas informações:
A
Siemens anunciou investimentos de U$ 50 mi para fabricar aqui terminais,
centrais digitais e estações rádio-base GSM.
A
Motorola prevê investir U$ 20 mi em sua fábrica de Jaguariuna-SP para
fabricar equipamentos GSM.
A
Huawei que detém 18% do mercado chinês, a maior rede GSM do mundo, com 43
milhões de assinantes anunciou investimentos de U$ 30 mi para construir uma fábrica
no país.
Deverão
concorrer na licitação da banda C algumas das atuais operadoras de celular e
novas empresas estrangeiras ( como a Vodafone, British Telecom, a
alemã Deutsche Telekom, a mexicana Telmex , a Nextel, a Hutchison,
de Hong Kong, a ATT, a Verison, a BellSouth e Sprint; as portuguesas Portugal
Telecom e Sonae, a Bell Canada e a Global Village Telecom.).
As
previsões
Vão
ocorrer muitas fusões e aquisições entre as atuais operadoras de celular.
No
final, deverão estar no mercado no máximo 6 operadoras.
Os
usuários das atuais banda A e banda B que usam seus celulares apenas para
conversação não serão incomodados com as novas regras.
A
licitação (leilão) para a banda C está prevista para 30 de janeiro de
2001.
As
empresas Telefonica, Telemar, Brasil Telecom e Embratel não estão
autorizadas a concorrer na licitação da banda C mas
deverão/poderão concorrer nas bandas D e E.
Uma
mesma empresa (que não esteja atuando no atual SMC) poderá concorrer na
licitação das três áreas geográficas da banda C, e se vencer nas três,
levará tudo.
As
empresas das bandas D e E que começam a operar dentro de dois anos, deverão
já estar adotando tecnologias da geração 2,5.
Nesta
mesmo época, a ANATEL deverá estar licitando a utilização da nova freqüência
de 1.9 GHz para operação já nas tecnologias de 3G, o que poderá gerar uma
polêmica técnica na ocasião.
Em
princípio, um usuário da nova banda C (com seu celular GSM) poderá
falar com usuários das bandas A e B (com seus celulares CDMA e
TDMA) - estando cada usuário na sua área de atuação - pois suas transmissões
sempre utilizarão a infra-estrutura da rede fixa que serve como um
"adaptadora de incompatibilidades".
O
roaming de um celular GSM em áreas de banda A e B não será possível (e
vice-versa).
Estarão disponíveis celulares "dual mode" que poderão operar como GSM/CDMA e GSM/TDMA minimizando o problema do roaming, mas a um preço maior dos aparelhos.