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Leia na Fonte: Teletime
[10/10/12]
Regulamento que permitirá troca de multas por investimento entra na reta final
- por
Samuel Possebon
Um tema que não é novo, mas que estava dormindo nas gavetas da Anatel voltará em
breve aos holofotes: o volume de multas aplicadas pela Anatel e a metodologia de
aplicação das punições estão gerando passivos bilionários para as
concessionárias, especialmente para a Oi, que tem a maior parte das obrigações
e, portanto, o maior passivo de multas junto à agência. O risco é que esses
passivos comecem a chegar a patamares insustentáveis.
Para resolver o problema a Anatel prepara um Regulamento para os Termos de
Ajustamento de Conduta (TAC). Em essência, será o regulamento que permitirá às
empresas trocarem as multas por investimentos ou outras ações de compensação.
Segundo apurou este noticiário, o regulamento será submetido à procuradoria da
agência nas próximas semanas e depois deve ir ao conselho, possivelmente ainda
este ano. Paralelamente também está sendo preparado um novo regulamento de
dosimetria das multas, que buscará padronizar a aplicação das sanções nas
diferentes áreas da agência, já que hoje cada uma delas é livre para aplicar as
sanções como achar mais conveniente.
Como linha central o regulamento prevê que para cada TAC celebrado, o problema
identificado pela agência tenha que, necessariamente, ser resolvido. A aplicação
dos TACs também deve seguir o seguinte princípio: processos com multas aplicadas
e que já tenham vencido todas as etapas de tramitação e recurso dentro da
agência são indiscutíveis, ou seja, as empresas precisarão pagar. Processos em
que as multas já tenham sido aplicadas mas que ainda estejam em recurso poderão
ser trocados por TACs. E processos ainda em trâmite poderão ser revistos em
função da nova dosimetria a ser elaborada.
Tsunami
Os volumes de multas são impressionantes. São cerca de R$ 6 bilhões o total de
multas já aplicadas pelas superintendências de serviços públicos e
universalização, das quais cerca de R$ 1 bilhão já tiveram todos os recursos
negados. Esse valor tende a crescer quando forem aplicadas as correções
financeiras desde a data em que as multas foram definidas.
Estima-se ainda dentro da agência que haja outros R$ 4 bilhões em processos em
que as multas ainda não foram aplicados mas que devem seguir os precedentes de
processos anteriores e, portanto, receber o mesmo tipo de sanção.
Os princípios gerais são esses, mas ainda há muitos temas polêmicos. Por
exemplo, as concessionárias querem que a nova dosimetria possa ser aplicada
sobre as multas já aplicadas, o que, aparentemente, não encontra respaldo junto
às áreas técnicas da agência. De outro lado, o governo não deve negociar as
multas já provisionadas pelas empresas, até porque nesses casos os recursos já
foram transferidos para o Tesouro, e dificilmente haveria espaço para
negociação.
Em que condições serão celebrados os acordos também é um problema. As empresas
alegam que de nada adianta se a Anatel exigir que, além da resolução dos
problemas, forem exigidos investimentos em outras áreas não rentáveis. Já a
agência entende que o acordo tem que trazer algum tipo de compensação para a
sociedade não apenas corrigindo a falha em si, mas também pelo prejuízo
intangível causado.
Vale lembrar que há alguns anos, a preocupação da Anatel com o peso econômico
das multas aplicadas sobre as concessionárias de telefonia fixa gerou uma das
maiores crises internas da agência. Na ocasião, um informe técnico alertando o
risco para as companhias e reconhecendo excessos por parte da agência acabou
sendo incorporado a processos em curso, dando argumento para que as empresas
questionassem na Justiça a própria Anatel pelas multas aplicadas. A crise
resultou no desligamento do então superintendente de serviços públicos da
agência. O assunto esfriou por conta da barbeiragem da Anatel ao constituir
prova contra si mesma, mas deve esquentar de novo.