Michael Stanton

WirelessBrasil

Ano 2000       Página Inicial (Índice)    


09/10/2000
TVs universitárias e redes de faixa larga

As TVs universitárias existem há bastante tempo. Por exemplo, há 28 anos a TVU de Natal no Rio Grande do Norte foi criada como órgão vinculada à UFRN, e vem funcionando como veículo de teledifusão, em rede com a TV Cultura de São Paulo e a TV Educativa do Rio de Janeiro, além de gerar seu próprio conteúdo de escopo regional, cultural e educativo. Em outras cidades, a história é mais curta, mas tem futuro promissor, pois está inserida no contexto das redes de faixa larga, especialmente de TV a cabo.

Na legislação específica de concessões de TV a cabo, há previsão para que seja aberto espaço para a inclusão de diversos canais locais não comerciais, inclusive um canal comunitário e um de TV universitária. Este último deveria ter seu conteúdo gerado por consórcio das universidades do município. Em cada município, isto implica numa solução própria, e haverá uma riqueza de alternativas. No caso de Niterói, o consórcio est;a sendo capitaneado pela UFF (Universidade Federal Fluminense), através do seu Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS), que atua em diversas áreas relevantes, inclusive jornalismo, vídeo e cinema (www.uff.br).

A oportunidade da criação do canal de TV universitária é dada pela implantação de sistema de TV a cabo no município, realizada pela empresa Rede Cidade, do sistema NET. A rede usa a tecnologia HFC (hybrid fiber coax), onde o sinal de TV é transmitido em fibra ótica do ponto inicial de distribuição (headend) até um ponto perto do cliente, o qual recebe o sinal em cabo coaxial. Além de suporte à transmissão de TV, este cabeamento também pode ser utilizado para fornecer um fluxo de dados bidirecional, o qual é a base para o uso de TV a cabo para serviços de dados de faixa larga, mencionado na coluna de 18 de setembro.

Uma questão importante seria decidir como deve ser transmitido o sinal do canal de TV universitária para o headend. Isto poderia ser feito enviando a programação em fita de vídeo, mas isto prejudicaria a cobertura de eventos ao vivo. A solução ideal possibilitaria a transmissão em tempo real da programação dos estúdios da TV universitária para o headend. Felizmente, isto está sendo possível em Niterói pela cessão de acesso pela UFF à rede de cabos óticos da Rede Cidade, através da interconexão desta rede com a da universidade, e este tráfego do IACS seria roteado através das duas redes interligadas.

Está entre os planos da Rede Cidade lançar o serviço de dados de faixa larga dentro de poucos meses. Uma das aplicações importantes poderia ser o acesso a serviços de extensão universitária, ou seja, educação à distância. Neste caso um bom casamento seria entre os usuários do serviço de cable modem ligados à rede de TV a cabo e os servidores de conteúdo localizados na universidade. A universidade poderá se tornar um provedor de conteúdo para seus alunos. Isto poderia ser viabilizado também através da mesma interconexão entre as redes óticas da TV a cabo e da universidade.

No caso de distribuição de vídeo pela rede de dados, como parte da oferta de serviços de faixa larga, as imagens seriam sujeitos ao processo de compressão, para diminuir a capacidade de transmissão necessária. Pesquisadores na UFRN estão experimentando com diferentes formas de transmissão de vídeo, entre a qualidade rudimentar associada a CUSeeMe, e o uso do padrão MPEG-2, para transmitir com qualidade de estúdio. Estas experimentos estão sendo realizados na rede NatalNet, um dos projetos de Rede Metropolitana de Alta Velocidade (ReMAVs), fomentados pelo MCT para servir de teste para a eventual implantação de uma rede de qualidade Internet 2 no País (v. coluna de 21 de agosto). Experimentos semelhantes estão sendo realizados em outras das 14 ReMAVs espalhadas pelo País, entre Fortaleza no norte a Porto Alegre no sul (www.rnp.br/remav/index.html). Entre os objetivos destes experimentos está o desenvolvimento dos serviços de TV interativa e vídeo sob demanda, os quais precisam se comunicação digital bidirecional para sua viabilização. Estes mais tarde deveriam ser oferecidos como complementos ao serviço de TV convencional.

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Ao leitor Adriano Atuati tenho uma dívida de gratidão por ter-me mostrado uma falha na coluna de 18 de setembro. Nela, por falta de conhecimento íntimo do funcionamento dos serviços ADSL e de TV a cabo, afirmei que estes dois serviços dariam acesso direto à Internet a seus usuários. Adriano aponta a necessidade de contratar um serviço de provedor de acesso, ao qual o acesso de faixa larga manteria a conexão do usuário. Portanto, os custos deste serviço de acesso seriam acrescidos pela taxa cobrada pelo provedor de acesso, estimada em R$30 mensais.