Michael Stanton
 
 
WirelessBrasil 
Ano 2000 Página Inicial (Índice)
 11/09/2000
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Informação e o governo federal
Uma das características 
marcantes da época em que vivemos é o uso da tecnologia de informação pelos 
governos. 
Em muitos países, incluído entre eles o Brasil, a Internet contou desde o início 
com o apoio explícito de agências oficiais, e, com o passar do tempo, tem sido 
sempre crescente o envolvimento do próprio governo como usuário. Hoje o governo 
federal centraliza no portal 
www.brasil.gov.br o acesso organizado a boa parte dos sites operados pelo 
governo federal e dos estados. (Infelizmente, a apresentação dada por este 
portal suprime o toolbar do browser, dificultando o manuseio das páginas 
encontradas: para contornar este problema, pode-se usar a URL
www.brasil.gov.br/html/main_h.htm). 
A coleção de informações disponíveis via este portal é 
uma mina preciosa para conhecer o que passa no país, no governo e na vida 
pública. 
É até difícil imaginar como era possível ter acesso a estas informações e 
serviços antes da Internet.
Em destaque estão os textos da Constituição e de boa parte da legislação 
federais, acessíveis através da página da Presidência da República (www.planalto.gov.br).
Aliás, esta página é o centro de informações sobre o poder executivo federal, 
com links para os ministérios. Outras páginas disponíveis incluem as dos poderes 
legislativo e judiciário, do Ministério Público, dos governos estaduais e 
municipais, e de "outros órgãos" federais. 
Uma descoberta feliz é encontrar o registro das 
discussões dentro de comissões do congresso sobre futura legislação. 
Já comentamos na coluna de 10 de julho 
a tramitação dentro da Câmara dos Deputados do projeto de lei sobre o comércio 
eletrônico. 
A comissão especial que examina este assunto, presidida pelo deputado Aroldo de 
Oliveira e tendo como relator o deputado Júlio Semeghini, já realizou quatro 
audiências públicas com a participação de dez especialistas, representando 
diferentes interesses da sociedade.
Estes incluem, entre outros, a OAB, o Comitê Gestor Internet Brasil, a Universe 
Online, a Assespro, a Receita Federal, o Bradesco, o grupo Pão de Açúcar e a 
loja virtual Submarino. 
As transcrições destas audiências documentam um verdadeiro seminário sobre a 
comércio eletrônico e estão publicamente disponíveis via WWW na URL
www.camara.gov.br/Intranet/comissao/index/esp/ctrami.htm#CEPL1483. 
Recomenda-se aos leitores conhecer esta testemunha viva do funcionamento do 
nosso congresso. 
Algumas agências do governo federal abraçaram com 
entusiasmo o uso da Internet para se relacionar com seu público externo. 
Destas a mais conhecida é seguramente a Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br), 
cuja maior façanha vem sendo a preparação de software, disponível via a 
Internet, para a declaração anual do Imposto de Renda de Pessoa Física. 
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do MCT (www.cnpq.br) 
também aderiu ao uso de formulários eletrônicos para a submissão de projetos e 
atualização dos currículos dos pesquisadores do país. Para os currículos foi 
adotado recentemente a chamada Plataforma Lattes, que permite uniformizar a 
coleta destas informações, simplificando a geração de sumários sobre a 
comunidade de pesquisa no país. 
Podemos então dizer que a Internet já vem sendo usado 
pelo governo federal para difundir informações, e também para agilizar os 
contatos com seus clientes, os contribuintes e os beneficiários do governo.
Esta utilização promete aumentar muito no futuro, especialmente na prestação de 
serviços à sociedade. 
O programa Sociedade de Informação do MCT (www.socinfo.org.br) 
vem debatendo a estratégia a ser indicada para futuras ações. 
Em breve deve ser tornado público o seu Livro Verde, que sintetiza o trabalho em 
mutirão de centenas de pessoas para definir esta estratégia. 
Portanto, se quisermos criticar o uso feito da Internet 
pelo governo, deve-se concentrar na forma, mais do que no conteúdo. 
Já foram mencionadas acima as restrições de manuseio de páginas compostas pelo 
portal do governo, as quais dificultam o pleno aproveitamento do recurso. 
Adicionalmente pode-se observar que alguns dos sites governamentais utilizam 
recursos avançados de páginas WWW, tais como animação com Java ou "Flash", o que 
tende a onerar o tamanho e tempo de carga destas páginas, sem aumentar a 
informação disponível. 
Outra crítica que deve ser feita é da prática de usar documentos em formatos 
proprietários, tais como o DOC ou RTF (Rich Text Format) de Word da Microsoft, 
ou o PDF (Portable Document Format) da Adobe. 
O problema com estes formatos é que eles requerem software específico para sua 
visualização. 
No caso do PDF, a Adobe até criou versões gratuitas do seu Acrobat Reader para 
diversas plataformas diferentes. O mesmo não vale para os formatos usados por 
Word, e muitos usuários, especialmente de Linux, não teriam acesso a estes 
documentos. 
O correto seria usar formatos padronizados na Internet, tais como ASCII ou, 
melhor, ISO 8859-1 (Latin-1) para textos simples, e HTML para documentos 
estruturados, com uso de fonts variados e inclusão de imagens gráficas. O uso do 
HTML tem a vantagem que é simples ajustar o tamanho do font usado para 
visualizar o documento na tela, o que certamente facilita a vida de nós que 
temos problemas de vista. 
Caros webmasters, pede-se sua colaboração para tornar excelente o que já está 
bom.