Michael Stanton

WirelessBrasil

Ano 2005       Página Inicial (Índice)    


24/01/2005
As redes ópticas metropolitanas para educação e pesquisa

A coluna de 21 de março de 2004 descreveu a nova abordagem de redes ópticas metropolitanas, ou simplesmente redes metro, que começa a ser usada para implantar acesso a comunicação em alta velocidade para uma comunidade de instituições por meio de uma infra-estrutura própria e dedicada de cabos de fibras ópticas. Essa coluna descreveu exemplos existentes de redes metro nas cidades de Niterói, RJ, e Curitiba, PR, e os projetos sendo considerados para Belém do Pará e Itajubá, MG. A implantação destas redes permitirá a ampla utilização de recursos mais sofisticadas de comunicação, incluindo os audiovisuais, além de telefonia e comunicação entre computadores, inclusive de alto desempenho.

Desde março de 2004, houve um bom progresso neste setor, e já começa a ser executado o projeto MetroBel, nome dado à implantação da rede metro proposta para Belém. Isto foi viabilizado pelo apoio dado ao projeto pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), que o designou como Ação Transversal, tendo sido destinados recursos no valor de R$ 1,13 milhões, oriundos dos Fundos Setoriais de Energia (CT-Energ) e de Petróleo e Gás Natural (CT-Petro) (v. agenciact.mct.gov.br/index.php?action=/content/view&cod_objeto=20115. Estes recursos foram destinados ao atendimento de oito entidades públicas de educação e pesquisa na cidade de Belém. Deverão também participar da futura rede metro três universidades privadas, que complementarão com recursos próprios os recursos públicos já mencionados, o que permitirá estender a rede para incluir várias entidades públicas adicionais, que não foram contempladas no projeto financiado pelo MCT.

A infra-estrutura de cabos ópticos desta rede metro deverá ser instalado usando os postes utilizados para sustentar a rede de cabos elétricos da CELPA, companhia distribuidora de energia elétrica no estado do Pará. Há uma boa possibilidade da CELPA também vir a ser usuária da rede metro, para uso próprio. Confirmada sua participação, a infra-estrutura de cabos ópticos a ser montada totalizará 50 km nos municípios de Belém e Ananindeua.

Como já explicado na coluna anterior, um dos objetivos desta rede é permitir que cada instituição participante possa usar a rede para comunicação estritamente interna, aproveitando o acesso provido a seus diferentes campi na área metropolitana em velocidades de 100 ou 1000 Mbps, inicialmente. O outro objetivo principal é permitir que estas instituições todas possam se comunicar entre si, e que as instituições locais devidamente qualificadas possam fazer uso dos serviços de conectividade nacional e internacional providos para a comunidade nacional de educação e pesquisa pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa - RNP (www.rnp.br). O prazo para entrar em operação da rede metro de Belém é dezembro deste ano.

O apoio do MCT à iniciativa em Belém foi anunciado em agosto de 2004, e provocou muito interesse na comunidade nacional de educação superior e pesquisa. Diversas iniciativas semelhantes estão sendo estudadas em outras cidades, notadamente em Natal e Manaus, que já passaram para a fase de implementação.

Em Natal, ao longo de 2004 a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) vem implantando uma rede de comunicação interna semelhante àquela montada em 1998 pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em Niterói. Em ambos casos, a universidade possui muitos imóveis na cidade onde exerce suas atividades, e uma rede óptica de alcance metropolitano foi reconhecida como a melhor solução para resolver as necessidades de comunicação interna. A diferença principal entre os dois projetos reside na restrição a uso próprio da rede da UFF, enquanto em Natal a rede da UFRN pretende se estender para dar acesso a outras instituições localizadas na cidade. Esta extensão, que resultará na Rede GigaNatal, requer apenas pequenos acréscimos à infra-estrutura de cabos ópticos já instalada em 2004, de modo a alcançar as demais instituições previstas.

Em Manaus, uma cidade mais populosa que Natal e com instituições relevantes separadas por distâncias maiores do que em Belém, o governo do estado vem elaborando o projeto REPAM (Rede de Educação e Pesquisa do Amazonas), cujo núcleo será uma rede óptica metropolitana na cidade. Este projeto inclui atendimento a entidades públicas de vários tipos, incluindo as de educação e pesquisa. Já foi aprovado financiamento parcial do projeto pela Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), e a construção da rede metro começará em 2005, com a interconexão de seis das doze instituições previstas no projeto original. Para completar o desenho original da rede metro e promover sua ramificação, os gestores do projeto esperam contar com recursos adicionais, oriundos inclusive de benefícios fiscais da lei de informática, de empresas que operam na Zona Franca de Manaus.

Este três projetos de rede metro, em Belém, Natal e Manaus, são apenas os que progrediram até a fase de implantação. Existe bastante interesse em replicar estes projetos de rede metro em várias outras cidades tanto por parte das instituições que seriam beneficiadas nas cidades afetadas, como do próprio MCT. A RNP, que é sustentada por recursos do MCT e do MEC, já adotou como meta para o primeiro semestre de 2005 a implantação de conexões interurbanas em múltiplos gigabits por segundo entre as cidades de Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza. Para estas cidades, pelo menos, faz todo sentido a implantação a curto prazo de redes metro para facultar às suas instituições de educação e pesquisa os benefícios deste novo patamar de velocidade de acesso à Internet acadêmica.

Felizmente, o MCT já resolveu atender estas pretensões através do financiamento do Projeto Redes Comunitárias para Educação e Pesquisa (RedeComEP), aprovado em dezembro de 2004 como Ação Transversal, com recursos oriundos do Fundo Setorial de Infra-estrutura (CT-Infra). Este projeto tem prazo de dois anos para instalar nas demais capitais do país a montagem de redes metro como a de Belém, sendo prevista a aplicação de mais da metade destes investimentos no ano em curso. Com este grande empurrão, 2005 se encerrará com uma melhoria substancial na qualidade e capacidade da conectividade de boa parte das instituições do setor nacional de educação e pesquisa, provendo condições de comunicação de padrão mundial.