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TELEFONIA CELULAR (6) |
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Autor: MÁRCIO RODRIGUES |
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2.1.5.1.
Divisão celular
Como desvantagens do
processo, pode-se citar: 1) aumento no número de estações rádio-base,
gerando aumento de custo. Uma redução do raio da célula por um fator k aumenta o número de ERB’s (estações rádio-base) por um fator
k2 ; 2)
aumento do número de handoff’s,
gerando aumento de overhead
(sobrecarga de controle) para a MSC. Uma redução no raio por um fator 4
aumenta o número de handoff’s por
um fator 10. [3]
Na prática, não são todas
as células que são subdivididas. Dessa forma, diferentes tamanhos de célula
existem simultaneamente. Nesse tipo de situação, deve-se ter um cuidado
especial para que seja mantida a distância mínima requerida entre células
cocanal. A alocação de canais entre as células pode tornar-se mais
complicada.
Para exemplificar esse
problema, considere a [5],
onde foi realizada divisão celular. A distância entre cocélulas (células
cocanal) grandes é mantida, D = 4,6R, onde R
é o raio das células grandes. Da mesma forma, pelo fato da divisão seguir o
mesmo arranjo de clusters original, a
distância entre duas cocélulas pequenas é de 4,6r, onde r é o raio de células pequenas (foi escolhido r = R/2).
Figura 2-14
- Divisão celular. Novas
distâncias de reuso de freqüência
O aumento de interferência,
expresso pela diminuição na relação S/I é calculado a seguir.
O fator de reuso q entre células
de mesmo tamanho é, aproximadamente, 4,6 (N=7). Entre células de tamanhos
diferente, q = 2,3. Então, através da expressão
), a relação S/I entre células de tamanhos diferentes, para o exemplo dado é
:
(2-23)
o que, em dB,
representa uma perda de 3g
na relação S/I original (sem divisão celular).
Embora a
seja um exemplo específico, pois a divisão celular pode ocorrer de outras
formas, ela ilustra o problema da interferência cocanal que pode ser causada
pelo fato de células cocanal estarem mais próximas do que deveriam, segundo o
projeto original.
Uma solução possível é a
apresentada na
. As células grandes são divididas em duas camadas concêntricas. Na camada
mais externa não poderá haver canais em comum entre células grandes e
pequenas, evitando, assim, interferência cocanal. [5]
Figura 2-15 - Solução para o aumento de interferência cocanal na divisão celular
Técnica
de overlay
A camada mais externa da célula maior só possui canais que não estão
presentes na célula menor (grupo B de
canais). Assim, é possível que se aumente o isolamento entre as células
grandes e pequenas cocanal.
2.1.5.2.
Setorização
Outra forma de se conseguir
aumento de capacidade é manter o raio das células inalterado, e procurar
formas de diminuir a relação D/R. Nessa abordagem, o aumento de capacidade é
obtido através da redução do número de células em um cluster e, dessa forma, aumentando-se o reuso de freqüência.
Entretanto, deve-se buscar uma solução para o aumento de interferência
cocanal gerado pela diminuição do tamanho de cluster.
A interferência cocanal
pode ser reduzida através da substituição de uma única antena
omni-direcional na estação base por algumas antenas direcionais, cada uma
irradiando em determinado setor. Essa técnica de decréscimo da interferência
cocanal, permitindo um aumento na capacidade do sistema, usando antenas
direcionais, é conhecida por setorização.
O fator pelo qual a interferência cocanal é reduzida depende do número de
setores usados. Usualmente, uma célula é particionada em três setores de 1200
ou seis setores de 600, conforme ilustrado na [3].
A figura também mostra como é reduzida a interferência cocanal.
Se
a distribuição de canais é idêntica entre os setores de todas as células,
pela própria geometria criada pela setorização, verifica-se que :
com três setores haverá duas células interferentes e, com seis
setores, há apenas uma célula cocanal (no primeiro anel de células
interferentes). As novas relações S/I obtidas, seguindo o mesmo
desenvolvimento da expressão (2-16 ), são :
Para
três setores
(2-24)
ou seja, um ganho de fator 3 em relação
a solução omnidirecional. Em dB: aproximadamente 4,8 dB de ganho na relação
S/I.
Para seis setores
(2-25)
ou
seja, um ganho de fator 6 em relação a solução omnidirecional. Em dB:
aproximadamente 7,8 dB de ganho na relação S/I.
A redução de interferência
obtida pela setorização permite que os projetistas aumentem a capacidade de
usuários através da redução do tamanho de cluster
N, como já dito. A setorização pode ser usada também apenas para reduzir um
nível de interferência que esteja acima do aceitável, sem que se altere o
valor de N para aumento de capacidade.
Como desvantagens da
setorização podem ser citados o aumento do número de antenas em cada estação
base, e o decréscimo de eficiência de troncalização devido à repartição
de canais entre os setores. Esse último problema pode ser ilustrado da seguinte
maneira. Considere o sistema analógico AMPS, com 395 canais de voz em uma das
bandas (A ou B). Usando-se um esquema N=7 omni (antenas omnidirecionais),
portanto sem setorização, temos :
395 canais de voz / 7 células =
56,4 ®
56 canais de voz por célula
Consultando a
tabela erlang-B para um GOS = 2%, o tráfego suportado é de 45,9 erl por
célula.
Se, por outro lado, parte-se
para o uso de setorização, com 3 setores por exemplo :
3 x 7 = 21 setores por
cluster
395 / 21 = 18,8 ®
18 canais de voz por setor
Pela tabela
erlang-B, com GOS = 2% :
tráfego por setor =
11,5 erl
trafégo por célula =
3 setores x 11,5 =
34,5 erl por célula.
Ou
seja, foi perdida capacidade de tráfego (34,5 < 45,9) devido à setorização.
Portanto, quando se pensa em
setorização para o aumento de capacidade de um sistema, projetistas devem
observar o aumento real de capacidade que será obtido na redução de N
já que, como mostrado, a setorização apresenta perda de capacidade
embutida em seu processo.
Ainda, como a setorização
reduz a área de cobertura de um grupo particular de canais, o número de handoffs
é aumentado. Porém, muitas estações rádio base permitem que os móveis façam
handoff entre setores de uma mesma célula sem intervenção da MSC,
ou seja, não há sobrecarga na MSC devido ao excesso de handoff. É a perda de capacidade de tráfego o maior motivo pelo
qual alguns operadores evitam a solução de setorização. [1
]
2.2.
Técnicas de Modulação
A modulação é o processo
através do qual a informação a ser transmitida é convertida em uma forma
conveniente à sua transmissão. Geralmente, esse processo envolve a translação
da banda básica de informação em bandas muito mais altas, nas quais
efetivamente ocorrerá a transmissão. O sinal original, ou seja, a informação
propriamente dita, é chamado sinal modulante.
O sinal resultante do processo de modulação é chamado sinal modulado. No receptor, ocorre o processo inverso, no qual se extrai
a informação do sinal modulado. Esse processo é conhecido por demodulação.
Dado o ambiente hostil em
termos de condições de propagação encontrado em um ambiente celular, a
implementação de um esquema de modulação eficiente e resistente aos
problemas apresentados pelo canal móvel não é uma tarefa simples.
Os sistemas celulares de
Primeira Geração utilizam modulação analógica para voz, constituindo os
sistemas analógicos. Os primeiros sistemas utilizavam AM (Modulação em
Amplitude), mas rapidamente adotaram o FM (Modulação em Freqüência), tão
logo essa tecnologia mostrou-se de realização viável. Hoje, todos os sistemas
de Primeira Geração utilizam o FM para a modulação de voz. [5]
Os
sistemas conhecidos como sendo de Segunda Geração utilizam modulação digital
de voz. Esses sistemas são denominados de sistemas digitais. Existe atualmente
um número significativo de técnicas de modulação digital.
O texto que se segue
apresenta um sumário das técnicas de modulação empregadas em sistemas
celulares, enfatizando os esquemas de modulação digital.
2.2.1.
Sistemas Analógicos
A técnica de modulação
utilizada nos canais de voz é o FM.
2.2.1.1.
FM
O FM faz parte de uma classe de
esquemas de modulação conhecidos por modulação angular. Um sinal modulante
senoidal de freqüência fm
e amplitude máxima Am ,
modula uma portadora FM gerando o seguinte sinal modulado :
(2-26)
onde :
Ac - amplitude
máxima da portadora
wc - freqüência
angular da portadora
kf - constante
relativa ao modulador
A relação entre a amplitude máxima
da mensagem e a banda (W, usualmente sua freqüência máxima) do sinal
modulante (que, no caso geral, não é senoidal) é dada pelo índice de modulação,
bf
: [1]
(2-27)
onde
Df
é o máximo desvio de freqüência do sinal modulado em torno da freqüência
da portadora.
A banda de transmissão é
dada, aproximadamente, por :
B
= 2(bf
+ 1).W
(2-
28
)
De
) surgem duas possibilidades : [7]
-
se bf
<< 1 ®
B @
2W ®
chamado FM faixa estreita
-
se bf
>> 1 ®
B @
2Df ®
chamado FM faixa larga
No FM faixa larga, mais bandas laterais (em relação à portadora) são necessárias para compor o sinal modulado. O FM faixa estreita é especialmente interessante em comunicações móveis (se comparado ao FM faixa larga), onde é crítica a limitação de espectro.
A modulação em freqüência
oferece muitas vantagens sobre a modulação em amplitude, o que a torna a
melhor escolha para sistemas celulares analógicos. O FM apresenta maior
imunidade a ruído se comparado ao AM. Como os sinais são representados por
variações de freqüência, e não de amplitude, os sinais FM são menos
susceptíveis a ruídos tanto gaussianos como impulsivos, que tendem a causar
flutuações na amplitude do sinal. Essa característica da modulação FM também
pode explicar sua vantagem no que se refere a desvanecimentos por multipercurso,
que causam flutuações rápidas no sinal, gerando efeitos mais sérios em
sinais AM.
Em sinais FM é possível se
estabelecer um compromisso entre banda ocupada e desempenho quanto a ruído. O
índice de modulação, que possui ligação direta com a banda que será
ocupada pelo sinal modulado, pode ser alterado para que se obtenha uma melhor
relação sinal-ruído na saída do receptor. Sob certas condições, a relação
sinal-ruído pode aumentar em 6 dB a cada duplicação da banda ocupada pelo
sinal FM. Essa é talvez a maior vantagem da modulação FM sobre a AM. [1]
Por ser um sinal de envelope
constante (pois a variação está na freqüência, e não na amplitude), a potência
transmitida em um sinal FM é constante independente do nível do sinal
modulante. Essa característica permite o uso de amplificadores eficientes para
a amplificação de potência dos sinais de RF, uma grande vantagem quando se
pensa em economia de bateria no terminal móvel. [1]
A modulação FM também
apresenta o chamado efeito de captura (capture
effect). Se dois sinais na mesma faixa de freqüências são recebidos,
apenas o que possuir maior nível de recepção será aceito e demodulado. Essa
característica torna sistemas FM muito robustos quanto a interferência cocanal. [1]
Entre as desvantagens estão
: maior banda necessária para se
obter as vantagens de melhoria na relação sinal-ruído na saída do receptor e
de efeito de captura; os equipamentos de transmissão e recepção FM são mais
complexos que os de AM; em algumas situações, o AM pode superar o desempenho
do FM em condições de baixos níveis de recepção, uma vez que, no FM, os
sinais devem chegar ao receptor com um nível acima de um nível mínimo
(limiar) de recepção, determinado pela qualidade desejada.