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      - 
      Governança 
      da Internet em xeque na Prepcom3  [Setembro 2005] 
 - Profª Eula D. Taveira Cabral - Editora do Informativo SETE PONTOS 
        
      -
      A 
      Governança da Internet e o Complexo de Madagascar  [agosto 2005] 
      - Prof. Adilson Cabral - Coordenador do Informativo Eletrônico SETE PONTOS 
        
      -
      
      Brasil está interessado na formação do GT sobre a Governança da Internet [Set 2004]
       
      - Gabriella Ponte - Jornalista 
        
      -
  Sociedade 
  civil deve se unir para garantir a promoção da inclusão digital    [Julho 2004] 
      - Eula Dantas Taveira Cabral 
  -
  Sociedade 
  civil se posiciona no Comitê Gestor da Internet no Brasil    
  [Maio 2004] 
   Eula Dantas Taveira Cabral 
        
      - 
  Internautas 
  podem acompanhar a evolução da Internet  [abril 2004] 
     Eula Dantas Taveira Cabral 
        
      - 
  Serviço de 
  Comunicações Digitais causa polêmica    
  [Março 2004] 
   Eula Dantas 
  Taveira Cabral 
        
      - 
  Fazendo 
  acontecer a sociedade da informação     
  [Janeiro 2004] 
  Profª. Eula Dantas Taveira 
  Cabral 
        
      -
  Comitê 
  Gestor da Internet Brasil está com nova formação [Novembro 2003] 
     Gabriella Ponte 
        
      - 
  Governança 
  da Internet.BR   
  [Junho 2003] 
        Alexandre Rangel -
      Coordenador executivo da ONG Sociedade Digital (SOCID) 
   
        
      Artigos 
      - Transcrição 
   
        
      
      Governança 
      da Internet em xeque na Prepcom3 
       
      Profª Eula D. Taveira Cabral 
      Editora do Informativo Eletrônico SETE PONTOS 
       
      Com o objetivo de discutir e analisar propostas, em busca de soluções 
      plausíveis para a construção da sociedade da informação mundial, no 
      período de 19 a 30 de setembro foi realizada em Genebra a terceira reunião 
      preparatória para a 2ª fase da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (CMSI), 
      a PrepCom3. Evento cercado por expulsões da sociedade civil das reuniões 
      em que eram definidos os documentos finais - algo muito grave se comparado 
      com as anteriores e que deixam margens e temores para o que será feito na 
      Tunísia, em novembro. 
      Além do comportamento indelicado dos representantes dos governos e de 
      empresários, a Governança da Internet foi um tema que levantou muitas 
      polêmicas. Pois, os países em desenvolvimento, como o Brasil, são contra o 
      controle único da Internet por parte dos Estados Unidos. Já os 
      norte-americanos, com o apoio dos europeus, consideram que as coisas devem 
      ficar do jeito que estão.  
       
      Tentativas de entendimento 
       
      No Prepcom3, os países em desenvolvimento, como o Brasil, fizeram várias 
      tentativas de entendimento sobre a gestão mundial da Internet, deixando 
      claro que se não houver acordo em relação ao controle internacional da 
      Internet, podem até mesmo criar uma rede paralela, a Internet2, saindo da 
      dependência dos norte-americanos. Pois, como se argumentou no evento, a 
      Internet nas mãos da ICANN (*) apresenta fortes indícios de estar ligada 
      ao governo dos Estados Unidos.  
      Tanto que os norte-americanos se levantam contra, em nome da 
      “estabilidade”, as propostas dos demais países que querem democratização e 
      transparência no controle da Rede Mundial de Computadores. 
       
      No dia 23 de setembro o presidente do grupo de trabalho da Organização das 
      Nações Unidas (ONU), Nitin Desai, propôs que o controle da rede tivesse 
      uma “base mais democrática, transparente e multilateral”, levando-se em 
      consideração os “interesses das políticas de todos os Governos”, pois, 
      governos como Brasil e África do Sul reivindicam que a Internet deixe de 
      ser administrada pelos norte-americanos, devendo ser administrada, 
      nacionalmente, por cada país e, internacionalmente, por uma organização 
      intergovernamental como a União Internacional de Telecomunicações (UIT) da 
      ONU.  
      A despeito disso, de acordo com o “Informe sobre os trabalhos” do 
      Sub-comitê Governança da Internet, publicado no dia 30 de setembro, “por 
      falta de tiempo no fue posible concluir el trabajo sobre los puntos 3a y 5 
      del Informe, que versan sobre el seguimiento y los futuros acuerdos”.  
       
      A visão do Grupo de Trabalho sobre a Governança da Internet da Cúpula 
       
      O Grupo de Trabalho sobre a Governança da Internet foi criado na primeira 
      fase da CMSI, em 2003, presidido por Nitin Desai e composto por 40 
      membros, formado por representantes dos governos, do setor privado e da 
      sociedade civil.  
      Desde sua implementação, realizaram em Genebra quatro reuniões.  
      Em agosto de 2005 lançaram o documento “Informe de antecedentes”, ou seja, 
      informações sobre o trabalho do Grupo, com comentários dos participantes. 
      No documento deixaram claro que “governança de Internet é o 
      desenvolvimento e a aplicação pelos governos, o setor privado e a 
      sociedade civil, nas funções que lhes competem respectivamente, de 
      princípios, normas, regras, procedimentos de adoção de decisões e 
      programas comuns que configuram a evolução e a utilização de Internet”. 
      Em relação às questões de políticas públicas pertinentes para a governança 
      da Internet, consideram:  
      - a infra-estrutura e gestão da Internet; utilização, segurança e delitos 
      na Internet;  
      - direito de propriedade intelectual e comércio internacional;  
      - desenvolvimento da governança de Internet, levando em conta a criação de 
      capacidade nos países em desenvolvimento. 
       
      Quanto aos papéis e responsabilidades das partes interessadas na 
      governança de Internet, no caso dos governos, destacaram-se:  
      - elaboração, coordenação e execução da política pública;  
      - criação de um entorno propício para o desenvolvimento das tecnologias de 
      informação e comunicação (TIC's); - elaboração e aprovação de leis, 
      regulamentos e normas;  
      - combate ao ciberdelito; promoção de cooperação internacional e regional, 
      dentre outros.  
       
      Em relação ao setor privado:  
      - auto-regulação da indústria;  
      - investigação e desenvolvimento de tecnologias, normas e processos;  
      - fomento da inovação, dentre outros.  
       
      Quanto à sociedade civil:  
      - conscientização e criação de capacidades; mobilização dos cidadãos nos 
      processos democráticos;  
      - contribuição à configuração de idéias sobre a sociedade da informação; 
      dentre outros.  
       
      Também reconheceram a contribuição da Internet na comunidade acadêmica e 
      da tecnológica. 
      O GT recomendou, no documento, “a criação de um novo espaço para o diálogo 
      em pé de igualdade entre todas as partes interessadas nos assuntos 
      relacionados com a governança da Internet”.  
      Algo que não foi levado a sério, pois, até no caso do Brasil – considerado 
      um dos países mais democráticos – os representantes do governo expulsaram 
      os representantes da sociedade civil na definição dos documentos finais.
       
       
      O que esperar diante de tantos impasses 
       
      O tema Governança na Internet é considerado um dos mais delicados na CMSI, 
      uma vez que tira o controle da Internet da mão dos norte-americanos.  
      Tentar tornar a Rede Mundial mais democrática, transparente e 
      multilateral, é algo muito difícil.  
      Mesmo com as propostas do Brasil em criar um foro global para 
      acompanhá-la, isso não satisfaz os desejos dos países desenvolvidos. 
      Dessa forma, para que seja possível democratizar a Internet é preciso que 
      a sociedade civil aproveite todas as oportunidades e espaços, pois, deixar 
      a reivindicação somente para o espaço das reuniões da CMSI, já se provou, 
      não resultará em nada e tudo continuará do mesmo jeito que está. 
       
      (*) - Internet Corporation For Assigned Names and Numbers, órgão 
      responsável por várias funções ligadas à governança da Internet. Ver mais 
      em http://www.icann.org/  
   
        
      
      A 
      Governança da Internet e o Complexo de Madagascar 
       
      Prof. Adilson Cabral 
      Coordenador do Informativo Eletrônico SETE PONTOS 
       
      Alex é um leão exibicionista, cuja principal diversão é realizar shows 
      para agradar visitantes no Zoológico do Central Park. Ele é o melhor amigo 
      de uma zebra que passa o tempo se exercitando diariamente numa esteira, 
      olhando e desejando uma belíssima paisagem de uma floresta tropical, 
      ilustrada num grande painel na parede do Zoológico. 
      Seu desejo de buscar a vida fora do Parque acaba impulsionando sua fuga e 
      seus amigos, preocupados, resolvem procurá-la pelo centro de Nova York e 
      convencê-la a voltar. Conseguem encontrá-la, mas, após uma série de 
      situações inusitadas, acabam parando como náufragos numa praia em 
      Madagascar, na qual conhecem um ambiente que lhes é naturalmente mais 
      familiar e vivem o desafio de se relacionar com a diferença cultural dos 
      nativos, bem como sua própria natureza artificializada pela plasticidade 
      do zoológico do Central Park.  
       
      Em nome do show 
      Essa é uma forma possível de apresentar a história de Madagascar, da 
      empresa de animação Pixar, que está se consolidando internacionalmente com 
      o firme propósito de se tornar uma anti-Disney.  
      Nesta última iniciativa, além disso, proporcionou ainda uma interessante 
      imagem que pode contribuir para o debate sobre a governança da Internet.
       
      Senão vejamos: 
      A sustentação da política do governo americano em relação à governança da 
      Internet está centrada no argumento, que assumem como legítimo e soberano, 
      de segurança e controle contra ameaças terroristas.  
      A decorrência disso é que no rótulo de terrorismo cabem tudo o que é 
      estranho aos interesses do governo americano, inclusive a própria 
      descentralização da gestão da Internet.  
      Ou seja, uma governança democrática da Grande Rede representaria a 
      possibilidade de uma maior ameaça – e, portanto, de uma vulnerabilidade - 
      do sistema a ataques de hackers, grupos terroristas e até mesmo governos 
      contrários ao que entendem como sustentadores de valores democráticos. 
      É o que diz um recente documento que afirma os princípios dos Estados 
      Unidos para o Sistema de Endereços e Nomes de Domínio da Internet (DNS).
       
      Nele, os EUA afirmam que desejam preservar a segurança e a estabilidade do 
      DNS, que os governos têm o interesse legítimo em gerenciar os domínios de 
      primeiro nível vinculados aos países (“country code top level domains” ou 
      CCTLD), que a ICANN seria o local apropriado para o gerenciamento técnico 
      do DNS.  
      Em outras palavras, os EUA estabelecem políticas mundiais e os países 
      determinam suas políticas nacionais.  
       
      Descobrir novos mundos 
       
      Seria possível pensar em outra possibilidade de gestão?  
      O Grupo de Trabalho de Governança da Internet (GTGI), criado a partir da 
      primeira fase da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (CMSI), em 
      Genebra, Suíça, de 10 a 12 de dezembro de 2003, está recomendando a 
      criação de um novo espaço para o diálogo em pé de igualdade entre todas as 
      partes interessadas sobre todos os assuntos relacionados com a governança 
      da Internet. 
      A operacionalização deste diálogo seria dada a partir da criação de um 
      Fórum Multilateral, para o qual foram pensados quatros modelos diferentes, 
      a serem debatidos entre os governos até a definição da segunda parte da 
      CMSI, em novembro, na Tunísia: - o primeiro seria um conselho global de 
      Internet (CGI) composto de membros dos governos com representação 
      suficiente de todas as regiões e a participação de outros interessados;
       
      - o segundo seria baseado no reforço do papel do Comitê Assessor 
      Governamental da ICANN (o Fórum a ser criado seria então um suporte a esse 
      Comitê);  
      - estabelecer um Conselho Internacional de Internet (CII) para desempenhar 
      as funções que correspondam, especialmente em relação às competências da 
      ICANN e da IANA (Autoridade da Internet para Atribuição de Números) e  
      - o quarto e último modelo propõe a reunião de três esferas 
      inter-relacionadas de governo da política de Internet, supervisão e 
      coordenação global:  
     - um Conselho de Política Global de Internet,  
   - uma Corporação Mundial de Internet para a Atribuição de Nomes e 
      Números (WICANN) e o  
     - Fórum de Governo Global de Internet. 
       
      Ao contrário da concepção americana, a proposta do GTGI é a de promover a 
      participação plena dos países em desenvolvimento em mecanismos de 
      governança de Internet, apostando na descentralização como forma de ser 
      co-responsável entre governantes que integram este sistema.  
      A perspectiva de um entendimento multilateral cunhado pelo GTGI se 
      constrói pelo entendimento de que tanto é possível assumir a preocupação 
      com segurança e contra o terrorismo pelo bem comum, como os Estados Unidos 
      podem sair da redoma em que se colocaram e se somar num projeto coletivo. 
      Tão fácil como uma viagem para Madagascar!  
   
        
      
      
      Brasil está interessado na formação do GT sobre a Governança da Internet
        
      [Set 2004] 
       
      Gabriella Ponte 
      7º período – Jornalismo 
       
      Na primeira fase da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (CMSI), 
      que aconteceu em dezembro do ano passado, foi declarado, nos artigos 46 a 
      50 da Declaração de Princípios e no artigo 13 do Plano de Ação, um Grupo 
      de Trabalho sobre a Governança da Internet (GTGI). Porém, como não foi 
      instituído, o governo, as empresas e as entidades civis foram convocados a 
      participar de uma reunião, que ocorreu nos dias 20 e 21 de setembro em 
      Genebra. O objetivo do encontro era fazer consultas sobre o 
      estabelecimento do GTGI, sua estrutura, os métodos de funcionamento e o 
      alcance de seu trabalho. 
      A governança da Internet, assim como o Fundo de Solidariedade Digital, 
      ficaram em aberto na primeira fase por estar ocorrendo divergências quanto 
      aos interesses dos três atores. Porém, para os brasileiros, é preciso 
      analisar e participar do Grupo que cuidará da governança da Internet.  
       
      A complexidade da questão 
      A intenção do grupo é formar um comitê gestor de Internet mundial. Alguns 
      países possuem um comitê gestor próprio, mas ainda não existe um grupo 
      mundial que controle a totalidade da Internet. 
      O Comitê Gestor de Internet do Brasil (CGIBr) é um exemplo na qualidade e 
      eficiência no controle dos serviços oferecidos na Internet. Para o 
      consultor da Presidência da República para articulação da sociedade civil 
      nos temas da Sociedade da Informação, Marcelo Branco, a contribuição que o 
      governo brasileiro deve dar neste grupo de trabalho é “mostrar que a nossa 
      experiência é exitosa. (...) Empresas, governo e sociedade civil estão 
      representadas no comitê”. 
      Tratar deste assunto é delicado por vários motivos. O primeiro é 
      justamente o conceito da Internet, de ser democrática e descentralizada. 
      Seus núcleos e conexões não necessitam de uma infra-estrutura central e 
      possuem milhares de "proprietários", ou seja, cada usuário, que são livres 
      para ter a possibilidade de anonimato ou identidade virtual. 
      Outra complicação, e a mais preocupante, é que este grupo mundial atenda 
      as necessidades do governo, sociedade civil e setor privado. Além disso, 
      os países estão batendo de frente com os Estados Unidos. A rede é mundial, 
      mas é em parte dos americanos, que não vão querer perder o seu controle . 
      De acordo com o Coordenador Executivo do Instituto de Estudos e Projetos 
      em Comunicação e Cultura (INDECS) e membro da sociedade civil no CGIBr, 
      Gustavo Gindre, “os governos não estão interessados em comprar uma briga 
      de frente contra os interesses norte-americanos e nós assistiremos uma 
      guerra de trincheiras que pode nos render, apenas, pequenas vitórias 
      pontuais. Esse cenário só será diferente se a sociedade civil organizada 
      conseguir se organizar em torno deste tema e exercer muita pressão”. 
      O coordenador da Coordenador Executivo da Sociedade Digital (SOCID), 
      Alexandre Rangel, concorda com a mobilização da sociedade civil. “Para 
      reverter este quadro que já começa a ser pintado, vamos precisar de muita 
      articulação política e de muita pressão da sociedade civil, coisa que não 
      será fácil pela falta de recursos. Mas tenho certeza que a maioria dos 
      países integrantes da ONU, não quer deixar isto acontecer e irão reforçar 
      o apoio a sociedade civil em seus países”, enfatizou.  
       
      Participação da sociedade civil 
      A intenção inicial era que os três atores participassem da reunião. Mas, 
      Gindre explica que isto não aconteceu: “O governo Lula publicou apenas no 
      dia 17 de setembro, no Diário Oficial, a nomeação dos membros eleitos para 
      o CGIBr. Portanto, não haverá nenhuma reunião antes de Genebra (que 
      envolva a sociedade civil com relação ao tema) e, mais uma vez, o assunto 
      ficará restrito aos representantes do Estado”. 
      Gindre ainda conta que a participação da sociedade civil será definitiva 
      nas decisões, mas será preciso entender melhor sua composição: “é preciso 
      fazer uma série de distinções no interior deste amplo conceito de 
      sociedade civil. Com certeza, os interesses da Open Society Foundation, de 
      George Soros, não são os mesmos da campanha CRIS Brasil, por exemplo. 
      Então, temos que construir uma mapa mais claro e definido de quem são os 
      nossos aliados táticos e estratégicos nestas questões”. 
      Pois, como afirma Rangel, “será a sociedade civil quem irá "sentir na 
      pele" os impactos das ações deste comitê. Logo, ela precisa participar e 
      ser ouvida para que possa ser realmente beneficiada e para que as decisões 
      sejam universais e não totalitárias”.  
       
      ICANN e a posição brasileira 
      A corporação sem fins lucrativos e internacionalmente organizada, Internet 
      Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN), que é responsável pelo 
      gerenciamento da Internet mundial, informou na reunião que vai se 
      desvincular do governo americano em novembro de 2006. 
      Ao lado do Brasil estão países desenvolvidos ou em desenvolvimento que 
      querem que a governança da Internet seja a mais democrática e transparente 
      possível, com maior participação dos governos. Do outro lado da briga 
      estão os Estados Unidos, que querem continuar com a hegemonia na rede 
      mundial, mantendo a abordagem "pró-negócios" na liderança da web. 
      A ICANN cuida da atribuição de nomes de domínios e endereços numéricos que 
      são usados para se conectar à Internet. A infra-estrutura da rede é 
      controlada pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Mas, para o 
      consultor da Presidência da República para articulação da sociedade civil 
      nos temas da Sociedade da Informação, Marcelo Branco, “a sociedade civil 
      internacional deve ter mais peso nas definições da Internet, a rede deve 
      ser menos regulamentada possível e nunca deve ser controlada por algum 
      órgão centralizador (...) a gestão deve ser internacional e não de forma 
      unilateral como é hoje — ligada ao Departamento de Comércio dos EUA. 
      Afinal, a Internet pertence a sociedade civil de todo mundo”. 
      Branco explica que o Brasil quer assegurar representantes dentro do grupo: 
      “o que queremos é ter o direito de sermos também protagonistas na nova 
      sociedade da informação e não apenas consumidores de produtos e serviços 
      secretos oriundos do hemisfério norte”. 
      O governo brasileiro acredita que os nomes de domínio e endereços 
      numéricos não são suficientes para resolver a questão. É necessário que se 
      discuta outros temas igualmente importantes como a segurança e a proteção 
      de propriedade intelectual e é essencial que a sociedade civil também tome 
      frente nesta discussão, pois só assim esse comitê mundial atenderá as 
      reais necessidades dos internautas. 
       
      A lista de nomeados pelos caucuses da sociedade ou por indivíduos na lista 
      da Plenária ou na lista sobre Governança da Internet já está disponível 
      em: 
      http://www.net-gov.org/wgig/
       
   
  
  Sociedade 
  civil deve se unir para garantir a promoção da inclusão digital   
  [Julho 2004] 
  Com os novos representantes no CGI-BR é preciso exigir novas ações 
   
  Eula Dantas Taveira Cabral 
  Editora do Informativo Eletrônico SETE PONTOS  
   
  A cada dia, a Internet passa a fazer parte da vida de milhares de pessoas. 
  Porém, esse número é pequeno em relação aos marginalizados na sociedade da 
  informação, do conhecimento. Para promover a inclusão digital e a mais correta 
  governança na Internet foi criado em 1995, pelo governo federal brasileiro, o 
  Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI-BR). Em 2003, com o Presidente Luis 
  Inácio Lula da Silva, sofreu algumas alterações, resultando em uma 
  participação maior da sociedade civil que conseguiu o direito de ter 11 
  representantes entre os 21 membros do Comitê. 
  O processo eleitoral ocorreu no período de 26 de abril a 15 de julho. Foram 
  mais de 50 entidades disputando as vagas para o Terceiro Setor. De acordo com 
  o resultado final, homologado pelo CGI-BR, foram eleitos como representantes 
  da Sociedade Civil, Terceiro Setor: Mário Luiz Teza, Gustavo Gindre Monteiro 
  Soares, Carlos Alberto Afonso e Marcelo Fernandes Costa como titulares. Os 
  suplentes são: Ricardo Antônio Rubens Prado Schneider, Roberto Francisco de 
  Souza, Edgard Spitz Pinel e Thais Rodrigues Corral. 
  A Sociedade Civil, principalmente do Terceiro Setor, comemorou a conquista, 
  pois antes não havia transparência nas ações do CGI-BR, mas sim o domínio de 
  interesses governamentais e empresariais, em detrimento do interesse do povo. 
  Em busca, então, do posicionamento dos novos membros, a redação do Sete Pontos 
  entrou em contato com cada um no dia 15 de julho, enviando-lhes cinco 
  perguntas via email. As respostas foram esperadas até o dia 31, atrasando o 
  fechamento do informativo, pois é de vital importância que a sociedade civil 
  conheça melhor seus representantes e os tenha como porta-vozes de suas ações 
  em prol do povo brasileiro. Infelizmente, não foi possível ter o retorno de 
  todos os membros. Somente a suplente Thais Rodrigues Corral retornou o 
  contato. 
  A suplente Thais Corral é jornalista correspondente da imprensa estrangeira no 
  Brasil, fundadora e coordenadora geral das ONGs: Rede de Desenvolvimento 
  Humano (REDEH) - que atua na área de desenvolvimento de programas e projetos 
  com foco na área de gênero e desenvolvimento sustentável - e da Comunicação, 
  Educação e Informação em Gênero (CEMINA) – com projetos e ações na área de 
  desenvolvimento de conteúdo, capacitação e articulação de redes visando 
  fortalecer a relação entre o poder mobilizador do rádio e as tecnologias da 
  informação e comunicação (TICs). 
  Corral explica que, como representante do Terceiro Setor na Sociedade Civil, 
  se dispõe a propor e a criar: um grupo de trabalho no Comitê que identifique 
  os subsídios/instrumentos para a formulação de políticas de inclusão digital 
  que levem em consideração as diferentes realidades da mulher brasileira; a 
  discussão e formulação de uma posição no CGI-BR contra a discriminação da 
  mulher, que vem sendo colocada em diversos sites como objeto; uma política que 
  acabe com a atuação de redes criminosas na Internet que fazem tráfico de 
  mulheres, crianças, órgãos e animais silvestres. Além disso, se compromete a 
  manter informadas as diferentes redes do Terceiro Setor, “debatendo as 
  propostas que caracterizarão o novo ciclo da atuação do Comitê Gestor, mais 
  voltado para aspectos sociais e políticos da Internet no Brasil”. 
  Para a representante, a importância do conjunto das organizações da sociedade 
  civil no CGI-BR “é fazer com que este instrumento cuja utilização no Brasil 
  tem crescido muito, de fato represente a sociedade brasileira em termos de sua 
  diversidade de visões e necessidades em relação a Internet”. E, para garantir 
  a transparência do CGI-Br, afirma que “o debate será feito de forma permanente 
  com a sociedade. Esse é um compromisso dos representantes tanto do Terceiro 
  Setor como de outros setores da sociedade civil eleitos”. 
  Pois, para a representante, “a missão do CGI-BR não é fazer inclusão digital. 
  É muito mais relacionada a questões de segurança e infra-estrutura. No 
  entanto, o conjunto do novo conselho recém-eleito, sobretudo dos 
  representantes da sociedade civil, quer influir no sentido de tornar o CGI-BR 
  mais político. Nesse sentido, sem dúvida, estaremos tentando influenciar e 
  facilitar políticas que facilitem a disseminação da informática e da 
  Internet”. 
  Dessa forma, verifica-se que será de vital importância a participação da 
  sociedade civil nas ações e decisões do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 
  principalmente, propondo e acompanhando a movimentação de seus representantes. 
  Pois, mesmo que todos tenham suas metas e busquem atuar em campos que defendem 
  em prol do povo, percebe-se que a Internet brasileira só será bem gerenciada e 
  voltada para os brasileiros se a sociedade civil estiver unida e lutando pelos 
  mesmos ideais. 
  OBS: O Informativo SETE PONTOS coloca-se à disposição dos membros do Comitê 
  Gestor contactados e estará contribuindo e monitorando continuamente as ações 
  do novo Comitê Gestor. 
   
  
  Sociedade 
  civil se posiciona no Comitê Gestor da Internet no Brasil    
  [Maio 2004] 
   
  Colégios eleitorais do Terceiro Setor preparam-se para escolha de 
  representantes 
  Eula Dantas Taveira Cabral 
  Editora do Informativo Eletrônico SETE PONTOS 
   
  O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI-BR) foi criado em 1995. Tem como 
  meta promover a inclusão digital dos brasileiros e a mais correta governança 
  na Rede Mundial de Computadores, criando processos que garantam a 
  regulamentação do acesso à informação digital na Internet. 
  Em 2003, com a mudança de governo, definiu-se que teria 21 membros, contando 
  com 11 representantes da sociedade civil, sendo quatro do setor empresarial; 
  quatro do Terceiro Setor; e três da comunidade científica e tecnológica. E, em 
  cumprimento ao calendário do processo de eleição, no dia 14 de maio foi 
  divulgada a lista preliminar das entidades inscritas no Colégio Eleitoral. 
  Dessas, 102 são do Terceiro Setor, sendo que 53 estavam regulares e 49 com 
  problemas (falta de representante, documentação, fora do prazo, duplicado, 
  enquadramento). A divulgação definitiva será no dia 31 de maio, sendo que 
  desse dia até 04 de junho serão indicados os candidatos e, finalmente, no dia 
  12 de julho, divulgados os nomes dos novos membros. 
  Para conhecer melhor as entidades do Terceiro Setor inscritas no Colégio 
  Eleitoral, entrou-se em contato com os representantes das 53 que estão 
  regulares para entender o posicionamento em relação ao Comitê Gestor, as 
  propostas para a nova gestão do CGI-BR, indicação de representantes, o que 
  esperam dos eleitos e a posição quanto à inclusão digital e ao software livre. 
  Dessas, apenas três enviaram as respostas: Centro de Orientação ao Adolescente 
  de Campinas (COMEC), Instituto de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura 
  (INDECS) e Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI). 
  De acordo com a Portaria Interministerial N° 147, de 31 de maio de 1995, o 
  Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI-BR) foi criado com “o objetivo de 
  assegurar qualidade e eficiência dos serviços ofertados, justa e livre 
  competição entre provedores, e manutenção de padrões de conduta de usuários e 
  provedores, e considerando a necessidade de coordenar e integrar todas as 
  iniciativas de serviços Internet no país”. Porém, para a sociedade civil, a 
  atuação do CGIbr hoje é questionável. 
  Para o coordenador executivo do INDECS, Gustavo Gindre, o Comitê é uma vitória 
  do ponto de vista tecnológico, mas, sob o ângulo político, deixa a desejar. 
  “Foi uma entidade pouco transparente, com decisões sendo tomadas por uma meia 
  dúzia de pessoas, sem prestar contas à sociedade. Temas importantes como a 
  governança mundial da Internet não foram pontos de pauta”. 
  Já para o presidente do COMEC, Silvio Spinella, “o CGI-BR deve ser agente da 
  democratização do acesso à Internet”, se pautando “com firmeza o fomento ao 
  compartilhamento de informação, conhecimento e idéias, uma vez que, 
  especialmente, em tempos de Internet, mecanismos ou institutos burocráticos 
  que impeciliam esse compartilhamento devem ser questionados sem tréguas e 
  paulatinamente superados ou contornados”. E, como afirma o presidente do 
  Comitê Executivo da ABPI, Gustavo Starling Leonardos, “o CGI-BR exerce um 
  papel essencial na regulamentação da Internet” e como “a Internet é um espaço 
  de informação, cultura e desenvolvimento tecnológico”, a “inclusão digital 
  deve ser estimulada pelo Governo”. 
  Assim, as entidades do Terceiro Setor levantam propostas para a nova gestão do 
  Comitê. No caso do COMEC, propõe uma real democratização da Internet onde 
  pessoas físicas e jurídicas sejam incluídas na era da informação. Para a ABPI, 
  “o CGI-BR deve intensificar a discussão sobre as formas de coibir atos 
  ilícitos praticados na ou através da Internet. Entre as condutas que exigem 
  uma discussão mais profunda encontram-se diversos crimes como os de pedofilia 
  ou de fraude contra correntistas de bancos (...), bem como a repressão à 
  pirataria de nomes de domínio”. Já para o INDECS, “o CGI-BR deve manter o 
  estado da arte alcançado na gerência técnica da rede (a chamada casa de 
  máquinas do CGIBr), mas ampliar sua participação para outros temas”, como 
  “debater com a sociedade a existência da ICANN, participar do debate 
  governamental sobre a TV Digital (...) e ter um papel ativo na definição de 
  uma posição brasileira para a segunda rodada da CMSI”. 
   
  Novos representantes para um novo Comitê Gestor  
  Com esperanças que a Internet brasileira seja bem gerenciada e voltada para a 
  sociedade, as entidades do Terceiro Setor preparam-se para escolher seus 
  representantes. No caso da ABPI, considerada a entidade de maior 
  representatividade no campo do direito da propriedade intelectual do Brasil, 
  escolheu o advogado Gabriel Francisco Leonardos para ser um dos candidatos à 
  vaga, pretendendo apoiar, também, outros candidatos. Já o INDECS, vai indicar 
  o nome do seu coordenador executivo, Gustavo Gindre, e apoiar os nomes de 
  Carlos Afonso, da Rede de Informações para o Terceiro Setor (RITS), e Mario 
  Teza, do movimento de software livre. Quanto ao COMEC, “a definição decorrerá 
  de avaliação dos pensamentos, atitudes e ações políticas dos candidatos que a 
  entidade considerar como alternativas e que estejam em consonância com as 
  referências sumarizadas por nossa entidade”, afirmou Spinella. 
  Em relação aos outros candidatos, Gindre espera que “sejam realmente 
  representativos. Mas, principalmente, que tenham relação orgânica com a luta 
  pela democratização da comunicação. Temos o receio que alguns aventureiros 
  apareçam como candidatos”. Além disso, “serem ativistas para que o CGI-BR seja 
  agente potencializador da democratização do acesso à Internet, para que o 
  CGI-BR também priorize com firmeza o fomento ao compartilhamento de informação 
  e idéias, promovendo a potencialização do conhecimento livre, de que é exemplo 
  marcante, o software livre”, completa Spinella. 
  “A ABPI espera que os quatro representantes do Terceiro Setor manifestem 
  ativamente as preocupações e propostas do Terceiro Setor, de tal forma que a 
  regulamentação da Internet no Brasil não fique adstrita aos interesses do 
  Governo e do setor empresarial. A sociedade civil organizada, representada 
  pelas entidades do Terceiro Setor, deve contribuir ativamente para a fixação 
  das políticas relativas à Internet no Brasil”, enfatizou Leonardos. 
  Em relação aos dois assuntos que vêm sendo bastante analisados e debatidos 
  pela sociedade civil, inclusão social e software livre, a opinião dos 
  representantes das entidades é bem parecida. Para o coordenador executivo do 
  INDECS, Gustavo Gindre, “o uso do software livre é estratégico para o país. Em 
  primeiro lugar, deixamos de estar dependentes de poucas empresas com 
  comportamento monopolista. Em segundo lugar, garantimos para usuários 
  residenciais e corporativos a possibilidade de customizarem seus softwares. 
  Mas, principalmente, garantimos uma chance para o desenvolvimento de softwares 
  houses brasileiras que possam competir no cenário internacional (...) Neste 
  sentido, o atual projeto de adoção de software livre pelo governo federal é 
  digno de admiração”. 
  Para o presidente do COMEC, Silvio Spinella, “o software livre constitui-se 
  como um sinônimo prático de inclusão digital. As quatro liberdades do SL são, 
  cada uma e seu conjunto, paradigmas para que sejam eficazes e também 
  eficientes às iniciativas de inclusão digital. Com o SL essas iniciativas vão 
  de além do anseio ou da esperança da inclusão digital para a efetivação no 
  mundo real, da inclusão funcional e social, onde as pessoas, e entidades, 
  sociais ou comerciais, especialmente as de porte econômico frágil ou modesto 
  têm viabilizado ou facilitado seu acesso ao conhecimento como bem de criação e 
  produção”. 
  De acordo com o presidente do Comitê Executivo da ABPI, Gustavo Starling 
  Leonardos, “a ABPI considera que a inclusão digital plena de toda a sociedade 
  brasileira é essencial para o desenvolvimento educacional, cultura e econômico 
  do país e entende que o Governo deve adotar continuamente medidas que 
  estimulem a inclusão digital. Quanto ao software livre, a ABPI está ainda 
  estudando a matéria, a qual possui diversas vertentes, e a ABPI ainda não 
  possui uma posição formal sobre a questão. (...) Entende que tanto para a 
  iniciativa privada quanto para a administração pública deve haver sempre o 
  direito de escolha”. 
  Dessa forma, percebe-se que o Terceiro Setor preocupa-se em atuar da melhor 
  forma possível no Comitê Gestor da Internet no Brasil. Entendê-lo, levar 
  propostas em favor da sociedade brasileira e que possam ser colocadas em 
  prática são preocupações constantes da sociedade civil e isso é um ponto 
  positivo para o desenvolvimento da Rede Mundial de Computadores. Porém, 
  espera-se que as entidades envolvidas no processo eleitoral que escolherá os 
  novos membros elejam representantes efetivamente sérios e comprometidos com a 
  causa. 
   
  
  Internautas 
  podem acompanhar a evolução da Internet  [abril 2004] 
  IPv6 é criado para ampliar o desenvolvimento da Rede  
  Eula Dantas Taveira Cabral 
  Editora do Informativo SETE PONTOS 
   
  A Internet é uma grande rede mundial de computadores, na qual cada máquina, em 
  qualquer lugar do mundo, representa um ponto específico. Tecnicamente, somente 
  é possível a comunicação entre os computadores na Internet devido a 
  determinadas linguagens de identificação, denominadas protocolos, ou ainda, 
  IPs (Internet Protocols). 
  Cada computador, em qualquer parte do Planeta, recebe uma numeração específica 
  e própria, tal como os nomes das pessoas. Essas identificações são formadas 
  por quatro conjuntos de três números cada, compostos por oito bits em cada, ou 
  seja, 32 bits. Porém, como o número de internautas está crescendo em todo o 
  mundo, novos recursos de transmissão aparecem (como o de vídeo em tempo real), 
  e, além disso, existe uma demanda cada vez mais crescente por segurança e 
  privacidade, percebeu-se que a capacidade de endereços IP estava limitada. 
  Então, criou-se o IPv6, cuja proposta é a de ampliar para seis conjuntos de 
  oito bits com quatro números cada, formando um total de 128 bits. 
  A criação do IPv6 também se deve à necessidade de endereços IP globalmente 
  únicos, de forma a responder à futura implementação de redes de telefonia 
  móveis com acesso a esses serviços. Além disso, será possível garantir os 
  dados disponibilizados na Rede com maior rapidez e o transporte dos dados 
  multimídia, em tempo real, com mais eficiência. Porém, apesar da estrutura 
  atualmente disponibilizada não atender as necessidades do fluxo de informação, 
  o IPv6 só será adotado por excelência em 2006, conforme previsões feitas por 
  analistas. 
  Para acompanhar a evolução e desenvolvimento do IPv6 no Brasil, a Rede 
  Nacional de Pesquisa criou o Br6Bone (http://www.6bone.rnp.br/) , também 
  chamado de IPng (IP Next Generation). Ele está sendo desenvolvido no Centro de 
  Engenharia e Operações da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) com 
  objetivo de repassar conhecimentos e capacitar os técnicos da Rede e dos seus 
  PoPs (Pontos de Presença) e, futuramente, alocar os endereços e a incluir 
  outros pontos de presença e outras instituições. 
  Mas, essa busca pelo aumento de endereços na Internet não é à toa. De acordo 
  com pesquisa feita pelo Ibope/NetRatings no mês de março, no Brasil mais de 12 
  milhões de internautas residenciais navegaram, em média, 13 horas e 14 
  minutos, fazendo com que o país ocupasse o quarto lugar dos países que mais 
  navegam na Internet. Ele ficou atrás somente de Hong Kong, Japão e Estados 
  Unidos. Isso se deve também ao crescimento nas vendas de computadores que em 
  2003 chegaram a 154,5 milhões de PCs e para este ano espera-se um aumento de 
  11,4%. 
  E, como é meta do governo brasileiro incluir digitalmente boa parte da 
  população antes do final do ano, espera-se muitas mudanças na Web. Sendo que 
  nos Estados Unidos, o presidente George W. Bush afirmou que até 2007 todos os 
  norte-americanos terão acesso em banda larga à Internet a um preço acessível. 
  Isso resulta numa busca maior pelo envolvimento na nova tecnologia 
  disponibilizada. 
  Tanta preocupação e cuidado fizeram com que, na América do Norte, o IPv6 
  chegasse à segunda fase de testes. A rede usada foi a Moonv6, um backbone IPv6 
  que vai de New Hampshire à Califórnia e será permanente, possibilitando que 
  fornecedores de hardware, software e serviços possam testá-la ao vivo. Para 
  isso, já passou por testes de qualidade de serviço, segurança, uso de 
  aplicações, protocolos de rede e funcionalidade de servidor de domínio nos 
  principais sistemas operacionais. E isso foi uma boa notícia para europeus e 
  asiáticos que já estão sentindo a necessidade de mais endereços virtuais para 
  as comunicações móveis e novos serviços de IP (voz sobre IP e vídeo on demand). 
  Mas, a popularização do IPv6 só se dará quando surgir o microprocessador Cell, 
  cujos testes estão previstos somente para 2005. Ele está sendo construído pela 
  Sony, Toshiba e IBM. "Na era do pós-guerra, nós vimos a difusão da televisão, 
  que era uma comunicação numa mão só. Então, nos anos de 1980, vieram os 
  videogames, que são um meio de comunicação interativo em duas vias. O Cell 
  pode nos levar para algo além da TV e dos videogames", afirmou o analista 
  sênior da Mizuho Securities, Koichi Hariya. Assim, muitos fabricantes de 
  eletrônicos já começam a criar produtos com o potencial do padrão, ou seja, o 
  sonho da casa do futuro poderá se tornar realidade, pois cada aparelho poderá 
  ter um endereço próprio. E Redes de Pesquisa começam a se unir, integrando a 
  comunidade científica, e a desenvolver tecnologias de redes, serviços e 
  aplicações inovadoras, trocando dados e oferecendo qualidade a seus 
  investigadores. 
   
  
  Serviço de 
  Comunicações Digitais causa polêmica    
  [Março 2004] 
  Profª Eula Dantas 
  Taveira Cabral 
  Editora do Informativo SETE PONTOS 
  O Serviço de Comunicações 
  Digitais é o resultado da recomendação do Tribunal de Contas da União ao 
  Ministério das Comunicações para implementação de um novo serviço de 
  telecomunicações que possa utilizar os recursos do Fundo de Universalização 
  para os Serviços de Telecomunicação (FUST), instituído em agosto de 2000 pela 
  Lei 9.998. 
  Para que o novo serviço não surgisse sem o conhecimento dos órgãos envolvidos 
  e da sociedade, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) colocou em 
  consulta pública, no dia 24 de novembro de 2003, a "Proposta de Regulamento do 
  Serviço de Comunicações Digitais destinado ao uso do público em geral", 
  definindo os programas e as atividades do serviço. Em seguida, no dia 19 de 
  janeiro lançou em sua página, na Internet, mais duas consultas públicas: a 
  nº493, "Proposta de Plano Geral de Outorgas do Serviço de Comunicações 
  Digitais destinado ao uso do público em geral" e a nº494 " Proposta de Plano 
  Geral de Metas de Universalização do Serviço de Comunicações Digitais 
  destinado ao uso do público em geral", causando muitas polêmicas entre as 
  entidades, governo e sociedade. 
  De acordo com o governo federal, o SCD é uma das principais ferramentas que 
  proporcionará a inclusão digital do povo brasileiro, possibilitando que 
  escolas, hospitais públicos e áreas carentes tenham acesso à Internet em alta 
  velocidade. Será viabilizado com os recursos do FUST, constituído pelas 
  empresas de telecomunicações, que depositam mensalmente uma parte do lucro que 
  obtêm. 
  Esse serviço, conforme afirmação d o presidente da ANATEL, Pedro Jaime Ziller, 
  na abertura do 14º Telexpo, principal evento de Tecnologia da Informação e 
  Telecomunicações das Américas, dia 02 de março, é, na verdade, o primeiro 
  passo da inclusão digital. “Enquanto apenas 7,27 a cada 100 habitantes têm 
  acesso à Internet, mais de 90% da população brasileira tem televisores. 
  Trabalharemos um padrão de TV digital diferenciado para que essa ferramenta 
  ajude na inclusão digital brasileira”, argumentou. 
  TV digital? Sim. Conforme explicações d o superintendente de Universalização 
  da ANATEL, Edmundo Matarazzo, no segundo dia do 14º Telexpo, 03 de março, a 
  Agência fará um estudo para mensurar a expectativa do mercado a ser atendido 
  pelo Serviço de Comunicações Digitais, o Paste (Perspectivas para Ampliação e 
  Modernização dos Serviços de Telecomunicações). Estima que são dois milhões os 
  pontos de atendimento do SCD a serem beneficiados com recursos públicos do 
  FUST, sendo que as tarifas do novo serviço serão dadas em parâmetros 
  diferenciados, onde poderá estar vinculada ao tipo de aplicação a ser 
  utilizada pelo usuário. E mais: que a inclusão digital via SCD se dará por 
  meio de vários instrumentos como a televisão, podendo ainda ser monitores 
  monocromáticos, celular, terminal de banco ou do DataSus, urnas eletrônicas, 
  todos eles compatíveis com a filosofia de universalização do novo serviço. 
  Mesmo apresentando inúmeras vantagens, foram feitas várias críticas ao SCD. 
  Uma delas é d os representantes da Sociedade de Usuários de Informática e 
  Telecomunicações de Santa Catarina (SUCESU-SC), da Associação Catarinense de 
  Empresas de Tecnologia (ACATE) e da Associação das Empresas Brasileiras de 
  Tecnologia da Informação, Software e Internet (ASSESPRO-SC) que assinaram um 
  documento, enviado à ANATEL, solicitando à Agência “revisar o processo de 
  abertura de licitação do Serviço de Comunicações Digitais (SCD) para a 
  utilização dos recursos do FUST destinados à Inclusão Digital”, pois os 
  recursos, quase R$ 3 bilhões, podem não chegar ao destino final. 
  A justificativa do grupo se baseia numa análise criteriosa dos documentos 480, 
  493 e 494 que a ANATEL submeteu à consulta pública, onde o objetivo da Agência 
  era informar ao povo como seriam aplicados os recursos do FUST através do SCD. 
  Porém, conforme se verificou, pontos fundamentais não ficaram claros em 
  relação às licitações: concessão da outorga; remuneração dos prestadores do 
  serviço SCD; como o serviço estimularia as economias regionais e qual o papel 
  dos Provedores de Internet, empresas de informática, integradores e 
  prestadores de serviço. 
  Percebeu-se, também, que o Brasil foi dividido em 11 macrorregiões para a 
  abertura da licitação, atendendo estados desenvolvidos com os menos 
  economicamente, onde somente 11 empresas poderão utilizar os recursos do FUST, 
  sendo que cada uma receberia a outorga de concessão, recebendo a verba do FUST 
  por cinco anos; o serviço a ser explorado será pago. Mas, como questionou o 
  grupo, por que os recursos não são repassados aos órgãos públicos - 
  prefeituras e governos estaduais? 
  Pois, se a meta é incluir a população, dando acesso às escolas, bibliotecas, 
  hospitais... o que justifica o repasse a intermediários? Afinal, os governos 
  locais conhecem e sabem quais são as necessidades de cada lugar e a melhor 
  forma de investir, gerando, inclusive, emprego para os moradores. Como 
  justificar a entrada de uma empresa numa cidade totalmente estranha? Como 
  implantar o melhor? Pesquisas? Técnicos de outras realidades e culturas 
  buscando entender o que é óbvio para a comunidade? Será que conseguiriam, 
  realmente, incluir digitalmente aquele povo? 
  Diante de tantos impasses, o grupo de Santa Catarina chegou a algumas 
  conclusões. Dentre elas, destacam-se: "O maior temor é que os recursos do FUST 
  não sejam aplicados em sua totalidade na inclusão digital da população, e sim 
  sejam usados para investimento em infra-estrutura de conectividade em Internet 
  Banda Larga, em regiões onde tal investimento não seria viável 
  financeiramente; (...) Se for aprovado o edital, a falência ou diminuição de 
  provedores locais de serviço de Internet será inevitável, haja vista que os 
  grupos contratados atuariam fora de suas regiões, restringindo ainda mais o 
  número de empregos e a participação de diferentes prestadores de serviço na 
  economia regional".  
  Mais informações: 
  CONSULTA PÚBLICA Nº 494, de 19 de janeiro de 2004 - 
  
  
  Proposta de Plano Geral de Metas de Universalização do Serviço de Comunicações 
  Digitais destinado ao uso do público em geral Início: 19/01/2004 
  às 14:00:00 Término: 01/03/2004 às 23:59:59 
  CONSULTA PÚBLICA Nº 493, de 19 de janeiro de 2004 - 
  
  
  Proposta de Plano Geral de Outorgas do Serviço de Comunicações Digitais 
  destinado ao uso do público em geral 
  Início: 19/01/2004 às 14:00:00 Término: 01/03/2004 às 23:59:59 
  CONSULTA PÚBLICA Nº 480 - 
  
  Proposta de regulamento do Serviço de Comunicações Digitais destinado ao uso 
  do público em geral (Proposta de Regulamento do SCD) 
  Início: 24/11/2003 às 14:00:00 Término: 01/03/2004 às 23:59:59 
  
  
  Documento enviado pelas entidades de telecomunicações de Santa Catarina 
  Agência Nacional de 
  Telecomunicações (Anatel)  
   
  
  Fazendo 
  acontecer a sociedade da informação      
  [Janeiro 2004] 
   
  A relação entre o governo brasileiro e a sociedade civil 
  Profª. Eula Dantas Taveira 
  Cabral 
  Editora do Informativo SETE PONTOS 
   
  Viabilizar a sociedade da informação é o grande desafio enfrentado por todos 
  os povos do mundo no século XXI. Para torná-la realidade, a Organização das 
  Nações Unidas (ONU) criou a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação que teve 
  sua primeira etapa em dezembro de 2003 em Genebra (Suíça) e será concluída em 
  novembro de 2005 em Tunis (Tunísia). Nela, foram criados três tipos de 
  participação como membros: governo, sociedade civil e empresa. Estes têm a 
  função de se organizar e trazer propostas viáveis e de interesse para a 
  população mundial, tornando possível a concretização de suas metas, 
  viabilizando assim da sociedade do conhecimento. 
  Unir os três setores é algo que se vem mostrando cada vez mais difícil na CMSI, 
  pois cada qual tem interesses particulares, ignorando, em muitos casos, o que 
  realmente interessa para a população. Isso foi observado nitidamente nas 
  reuniões preparatórias para a CMSI ocorridas em 2003 que acabaram se tornando 
  um palco do descaso com os documentos de contribuições feitas pela sociedade 
  civil. Vários cortes foram feitos, prevalecendo assim as posições dos governos 
  e das empresas. 
  No caso do Brasil, também, não há uma relação estreita do governo com a 
  sociedade civil na hora de organizar e de defender propostas para serem 
  analisadas nas reuniões preparatórias ou nas da própria Cúpula. Um exemplo 
  disso foi a reunião inaugural do Grupo de Trabalho Preparatório da 
  Participação do Brasil na Cúpula da Sociedade da Informação realizada em 
  agosto de 2003 em Brasília (Brasil) promovida pelo governo, onde mesmo tendo a 
  sociedade civil como convidada, nada foi decidido. "A reunião inaugural foi 
  somente um espaço para relatos. Nada foi debatido ou discutido e nenhum tema 
  foi aprofundado, houve apenas uma verborragia educada e simpática", afirmou 
  Alexandre Rangel, coordenador executivo da Ong Sociedade Digital (SOCID) e 
  representante do projeto CMSI Online. 
  Esse não envolvimento é algo lamentável para os brasileiros, pois o governo, 
  as empresas e a sociedade civil precisam se unir para levar um documento com 
  propostas de interesse do povo e evitar divisões que acabam levando à formação 
  de guetos com outros países que têm realidades e objetivos que não condizem 
  com os do Brasil. Afinal, se é, realmente, meta do governo promover a inclusão 
  digital e viabilizar a sociedade da informação, como garantiu o ministro da 
  Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, torna-se necessário unir forças com 
  outros parceiros, principalmente com a sociedade civil. “Promover a inclusão 
  digital tornou-se, para o presidente e seus auxiliares, quase uma obsessão. 
  Não tenho receio de afirmar que o programa Sociedade da Informação é o 
  programa de maior alcance estratégico para o ministério da Ciência e 
  Tecnologia” - afirmação feita por Roberto Amaral no Seminário Internacional da 
  Sociedade da Informação, promovido pelo governo do Rio de Janeiro em junho de 
  2003.  
  Mas, para que a situação não piore mais ainda, internamente, o governo tenta 
  se mobilizar e, junto com algumas organizações não governamentais (Ongs), 
  criam e desenvolvem projetos de inclusão digital. Um deles é o projeto 
  Infovia-RJ, o novo setor de tecnologia da informação da Rede Rio, que tem o 
  apoio dos Ministérios da Ciência e Tecnologia e das Comunicações, e como meta 
  a estruturação da expansão do programa de inclusão digital dos governos 
  estadual e municipal do Rio de Janeiro, comunidade acadêmica e sociedade 
  civil, através de entidades como o Comitê para Democratização da Informática (CDI). 
  Nele, serão atingidas comunidades carentes de 92 municípios, oferecendo 
  laboratórios com computadores ligados à Internet, com acesso gratuito em banda 
  larga.  
  Outro projeto que vem sendo feito pelo governo junto com a sociedade civil é a 
  integração dos moradores de comunidades carentes da Zona Sul de São Paulo 
  através de telecentros, onde as pessoas têm a possibilidade de aprender a usar 
  o computador como ferramenta de pesquisa e de trabalho, com acesso à Internet. 
  Ele conta com a Ong Sampa.org, que trabalha em função do fortalecimento de uma 
  rede pública de comunicação e informação, tendo parceria com associações de 
  moradores e entidades locais. 
  Mas enumerar projetos não é suficiente. Diante do quadro que vem sendo 
  apresentado no cenário mundial, é fundamental que o Brasil reaja e mostre o 
  seu potencial em todas as áreas, principalmente na social – oferecendo 
  melhorias ao seu povo - além da econômica, política e tecnológica. Pois, é 
  preciso fazer o melhor para o brasileiro dentro e fora de suas fronteiras, 
  afinal não é um povo que mora num lugar pobre e sem condições alguma. Ao 
  contrário, é formado por uma gente inteligente que contribui com a sociedade 
  mundial através de descobertas de soluções em quase todos os ramos da ciência 
  e da tecnologia. Além disso, o país não pode vedar seus olhos para as decisões 
  que vêm sendo tomadas nas Cúpulas organizadas pela ONU que influenciam na vida 
  de todos os cidadãos do mundo, nem mesmo para a riqueza da variedade de 
  contribuições que a sociedade civil vem oferecendo em termos de utilização de 
  equipamentos e recursos humanos com baixo investimento. 
  O governo e a sociedade civil precisam se unir e fazer com que o Brasil seja 
  um país que contribua na melhoria da vida de todos os seres humanos, pois tem 
  todas as condições necessárias. É preciso ouvir o povo e saber o que ele 
  precisa e tentar sanar suas necessidades, organizar projetos e colocá-los em 
  ação. Também deve se organizar e levantar (e defender) propostas no processo 
  de reuniões em torno da CMSI que realmente, na condição de compromissos 
  firmados, venham a ser implementados ao longo dos próximos anos, com o apoio 
  de todos. 
   
  
  Comitê 
  Gestor da Internet Brasil está com nova formação [Novembro 2003] 
   
  Uma possível contribuição para o desenvolvimento e a democratização da 
  Internet no Brasil 
   
  Gabriella Ponte 
  6º período – Jornalismo 
   
  O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI-BR) está com uma nova estrutura.
   
  O decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entrou em vigor 
  no dia 3 de setembro deste ano.  
  O comitê, que antes era composto por 12 conselheiros (5 do Setor Público e 7 
  do Setor Privado / Terceiro Setor), agora terá 21 representantes. 
  Esse órgão coordena o Network Information Center (NIC BR), uma organização de 
  resposta a incidentes que ocorrem na Internet.  
  O CGI-BR estabelece um trabalho colaborativo com outras entidades, como as 
  polícias e provedores de acesso, oferecendo ajuda na análise de sistemas 
  comprometidos por ataques de hackers e ciberterrorismo. 
  O principal objetivo na mudança da formação do CGI-BR é que ela pode trazer 
  contribuições para o desenvolvimento e democratização da Internet no Brasil.
   
  O novo comitê terá entre outras atribuições: estabelecer estratégias 
  relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no país; diretrizes para a 
  organização das relações entre o governo e a sociedade, visando o 
  desenvolvimento da Internet; buscar oportunidades constantes de agregação de 
  valor aos bens e serviços a ela vinculados; e promover estudos e recomendar 
  procedimentos, normas e padrões técnicos e operacionais para a segurança das 
  redes e serviços de Internet, bem assim para a sua crescente e adequada 
  utilização pela sociedade. 
  Há muitos meses vem se propondo uma nova estrutura do comitê.  
  Governança da Internet no Brasil e a Sociedade Civil foram temas do seminário 
  que ocorreu nos dias 25 e 26 de fevereiro deste ano, no Rio de Janeiro.  
  Vinte representantes de entidades do Terceiro Setor discutiram uma nova 
  estrutura de gestão da Internet brasileira.  
  Foram apresentadas duas palestras e, ao final, o grupo redigiu um documento 
  sugerindo outro formato para a estrutura atual de governança. E, somente 
  agora, o governo vai começar a colocar em prática o que foi pedido. 
  A solução que os participantes do seminário encontraram passa pela 
  institucionalização do comitê e a criação de uma entidade sem fins lucrativos, 
  que possa dar suporte legal às suas atividades. E assim aconteceu.  
  Tanto que no 10° artigo do decreto afirma-se que “a execução do registro de 
  Nomes de Domínio, a alocação de Endereço IP (Internet Protocol) e a 
  administração relativas ao Domínio de Primeiro Nível poderão ser atribuídas a 
  entidade pública ou a entidade privada, sem fins lucrativos, nos termos da 
  legislação pertinente”. 
  O CGI-BR será integrado por membros titulares e seus respectivos suplentes 
  sendo:  
  - um representante de oito órgãos e entidades do governo;  
  - um representante do Fórum Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de 
  Ciência e Tecnologia;  
  - um representante de notório saber em assuntos de Internet;  
  - quatro representantes do setor empresarial; quatro representantes do 
  Terceiro Setor; - e três representantes da comunidade científica e 
  tecnológica. 
  Para ser um dos membros, é preciso se tornar candidato ao cargo, pois estes 
  serão eleitos através de votação e o mandato dos representantes titulares e 
  suplentes será de três anos, permitida a reeleição.  
  Com este decreto, o presidente Lula quer mostrar seu interesse em promover o 
  acesso universal à rede, valorizar os direitos humanos (com destaque para os 
  direitos de comunicação e a liberdade de expressão) e defender os princípios 
  democráticos na governança da Internet no Brasil e no mundo.  
  Isso só faz fortalecer ainda mais a participação do Brasil na Cúpula Mundial 
  da Sociedade da Informação que propõe exatamente esses pontos.  
  
   
  
  Governança 
  da Internet.BR   
  [Junho 2003] 
   
  
  Alexandre Rangel (SOCID) 
  Governança na Internet 
  significa criar processos para garantir a regulamentação do acesso à 
  informação digital na Net, criando assim uma gestão segura, confiável e eficaz 
  dos processos automatizados que garantem o funcionamento e a comunicação das 
  redes e dos dispositivos plugados na Internet. 
  Esta é a definição técnica de um processo que precisa colocar na balança os 
  aspectos culturais de cada local. Logo, é uma tarefa que, além de demorada, 
  necessita da interferência da sociedade civil através de seus principais 
  atores sociais. 
  Vamos rapidamente falar um pouco da história da Internet para entendermos um 
  pouco do que está acontecendo com o processo de regulamentação deste meio, que 
  está se iniciando no mundo inteiro. 
   
  A Internet teve sua origem nos Estados Unidos, com a criação, pelo 
  Departamento de Defesa, da rede ARPANET (Advanced Research Projects Agency 
  Network), que em 1969 interligou quatro instituições de Ensino e Pesquisa. 
   
  Em setembro de 1971, havia 18 pontos de acesso e a partir de 1980 já existiam 
  centenas de computadores interligados pela ARPANET, inclusive fora dos EUA. 
  Ainda neste ano, a rede militar se separou criando a MILNET e surgiram, 
  também, dezenas de outras redes (CSNet, NSFNet, SATNet, BITNet, etc). E a 
  interconexão dessas redes, deu-se o nome de INTERNET, significando “Rede das 
  redes”. 
   
  Em setembro de 1988, o LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica) no 
  Rio de Janeiro, ligou-se à Universidade de Maryland (EUA) através de um link 
  de 9600 kbps e passou a fazer parte da rede BITNET (Because It’s Time to 
  Network), rede educacional para troca de mensagens. 
   
  Em novembro de 1988, a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São 
  Paulo) ligou-se ao Fermilab (Fermi National Laboratory) em Chicago (EUA) 
  através de um link de 4800 kbps e passou a ter acesso às redes HEPNET (High 
  Energy Physics Network) e BITNET. 
   
  Em maio de 1989 o NCE-UFRJ (Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade 
  Federal do Rio de Janeiro) ligou-se à UCLA (University of California at Los 
  Angeles, EUA) através de um link de 4800 kbps e passou a ter acesso a rede 
  BITNET. 
   
  Em julho de 1989, o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sócio-Econômicas) 
  ligou a sua rede Alternex ao IGC (Institute for Global Communication) na 
  Califórnia (EUA), que passou a ser o ponto de acesso à Internet da APC (Association 
  for Progressive Communications), que interligava diversas ONGs no mundo. 
   
  Em fevereiro de 1991, a FAPESP ligou-se à Internet e estendeu o acesso a 
  outras instituições de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas 
  Gerais. Posteriormente, criou a Rede ANSP (Academic Network at São Paulo), 
  ligando diversas instituições de ensino e pesquisa de São Paulo entre si e com 
  a Internet. 
  O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) criou a 
  RNP (Rede Nacional de Pesquisa) iniciando o seu backbone em 1991, interligando 
  várias instituições de ensino e pesquisa no Brasil entre si e com com a 
  Internet. 
   
  A FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) criou a 
  Rede Rio em 1992, ligando diversas instituições de ensino e pesquisa do Rio de 
  Janeiro entre si e com a Internet. 
   
  Em 1992, o IBASE recebeu a incumbência de prover suporte às comunicações, 
  usando computadores para a Conferência das Nações Unidas para o Meio-Ambiente 
  e Desenvolvimento (UNCED), que aconteceu no Rio de Janeiro. O projeto 
  resultante, organizado em estreita colaboração com a Rede-Rio e a RNP, acabou 
  provendo ao IBASE um acesso permanente à Internet, transformando-o, após o 
  evento, no primeiro provedor de acesso à internet no Brasil. 
   
  Em 1993, o IBASE passou a fornecer acesso à rede de mensagens USENET para os 
  BBS (Bulletin Board Systems). 
   
  Em 1994, a EMBRATEL iniciou o serviço de provedor de acesso a Internet para os 
  usuários domésticos. 
   
  Em 1995, foi criado o Comitê Gestor da Internet no Brasil, formado por 
  representantes do Governo Federal (MC e MCT), operadoras de backbone, 
  provedores de acesso, usuários e da comunidade acadêmica. 
  A partir de 1996 surgiram diversos provedores de acesso à Internet no Brasil, 
  assim como grandes portais de conteúdo e comércio eletrônico. 
  Como podemos ver, a Internet 
  sempre foi brincadeira de governos e tecnicistas e sem nenhuma ou quase 
  nenhuma interferência da sociedade civil. E isto nós não podemos mais permitir 
  que aconteça. Devemos requerer o nosso direito de intervir na regulamentação 
  do atual meio de comunicação mundial mais democrático. 
  Não podemos permitir que mais uma vez a gestão da Internet seja efetuada sem 
  controle social, sem transparência, com interferência de empresas americanas 
  no processo de controle de conteúdos, com ausência de sistemas eficientes de 
  monitoramento e sem informações relevantes para a sua regulamentação. 
  A entidade responsável pela 
  governança da internet no Brasil é o Comitê Gestor da Internet (CGI-BR) 
  que atualmente é composto por membros indicados pelo Governo Federal, mas que 
  está em processo de reestruturação.  
  Aos atuais conselheiros foi dada a tarefa de pensar numa nova estrutura mais 
  democrática, transparente e com participação de todos os segmentos da 
  sociedade. 
  ATUAIS MEMBROS DO CGI-BR 
  Arthur Pereira Nunes - Coordenador (Representante do Ministério da Ciência 
  e Tecnologia – MCT);  
  Sérgio Amadeu da Silveira (Representante da Casa Civil da Presidência da 
  República); 
  Rogério Santanna dos Santos (Representante do Ministério do Planejamento, 
  Orçamento e Gestão); 
  Marcos Dantas Loureiro (Representante do Ministério das Comunicações – MC); 
  José Alexandre Bicalho (Representante da Agência Nacional de Telecomunicações 
  – Anatel); 
  Manuel Fernando Lousada Soares (Representante do Ministério do 
  Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC); 
  José Roberto Leite (Representante do Conselho Nacional de Desenvolvimento 
  Científico e Tecnológico); 
  Jonas de Oliveira Júnior 
  (Representante dos provedores de infra-estrutura de telecomunicações); 
  António Tavares (Representante dos provedores de acesso e serviço de 
  Internet); 
  José de Miranda Dias (Representante da indústria de informática e software); 
  Demi Getschko (Representante da comunidade educacional e cultural); 
  Nelson Simões da Silva (Representante da comunidade acadêmica); 
  Cassio Jordão Motta Vecchiatti (Representante da comunidade empresarial); 
  Raphael Mandarino Júnior (Representante da comunidade de usuários do serviço 
  Internet); 
  Carlos Alberto Afonso (Representante do terceiro setor); 
  Mário Luís Teza (Representante dos trabalhadores da área de tecnologia da 
  informação); 
  Fernando Otávio de Freitas Peregrino (Representante do Fórum Nacional de 
  Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência e Tecnologia).  
  
    A minuta da nova formação sofreu interferência 
    da sociedade civil, através de um grupo de ONGs que foram convidadas para 
    ajudar a pensar uma nova estrutura para o CGI-BR e para pensar a nova 
    personalidade jurídica do seu “braço operacional”, que será responsável pela 
    administração de nomes de domínios da Internet no Brasil.  
    Atualmente, essa administração está sendo feita pela Fapesp (Fundação de 
    Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo) que já arrecadou, aproximadamente, 
    66 milhões de reais com a cobrança dos serviços de registro de nome de 
    domínio.Porém, o mais preocupante, é 
    que ninguém sabe dizer ao certo o que foi feito com esse dinheiro, pois não 
    existe nenhuma transparência por parte da Fapesp, mesmo sabendo que esse 
    recurso é Federal e não Estadual.  
    Este está sendo apropriado indevidamente por uma entidade que tem por missão 
    o fomento à pesquisa científica e tecnológica do país e não a realização de 
    serviços de governança da Internet. 
     
    Os motivos acima mostram a importância da participação da sociedade civil no 
    processo de regulamentação da Internet, mas seguem abaixo alguns números que 
    irão mostrar a urgência dessa intervenção. 
     
    A Internet mundial tem hoje, mais de 840 milhões de usuários segundo o 
    Telcordia NetSizer.  
    E o Brasil, apesar de ser o 1° na América Latina em número de usuários, está 
    na 7ª posição em relação percentual usuário/população, segundo a ITU (International 
    Telecommunications Union).  
    Estamos atrás do Chile, Uruguai, Peru, Costa Rica, Argentina e Venezuela. 
     
    Segundo o IBOPE eRatings, em julho de 2002, o Brasil atingiu 7,8 milhões de 
    pontos de acesso residenciais à Internet, totalizando 14 milhões de 
    cidadãos.  
    Outras estatísticas também mostram que o número total de usuários pode 
    chegar a 20 milhões, concentrados nas classes A e B, se considerarmos os 
    acessos feitos nas empresas e nas redes de ensino.  
    Ou seja, apenas 11,76% da população nacional tem acesso informação digital e 
    pode se beneficiar dela. 
     
    E por fim, o que nossos governantes chamam de “Governo Eletrônico” é 
    “Administração Eletrônica”, que só beneficia aqueles que têm acesso à 
    Internet, aumentando ainda mais o hiato social existente e que é 
    extremamente lucrativo para o próprio Governo.  
    Porque Governo Eletrônico não é só criar processos de administração 
    eletrônica, mas também a criação de políticas públicas para que as 
    Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) estejam ao alcance de todos e 
    possam ser utilizadas como ferramentas para prover inclusão social e reduzir 
    as desigualdades. 
     
    Se queremos mudar as estruturas de poder que aí estão, torná-las 
    democráticas, temos que ocupar o nosso lugar e cobrar do Governo a criação 
    de políticas públicas que garantam o livre acesso, sem discriminação de raça 
    ou gênero, as novas TICs.  
  Alexandre M. Rangel 
  <arangel@socid.org.br> 
  Coordenador executivo da ONG Sociedade Digital (SOCID) 
  http://www.socid.org.br/ 
  Pós-graduado em Redes Locais. 
  Colaboração Marcelo Sávio 
  Consultor de Tecnologia da OptiGlobe Telecomunicações 
  Conselheiro da Socid 
        
  
    
  
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